Carreira e vida familiar são, quase sempre, um embate para brasileiros. Com jornadas de trabalho longas e que, muitas vezes, envolvem mais de uma ocupação, cuidar da casa e da família são planos que ficam somente para as poucas horas vagas do dia. No Brasil, trabalhar somente meio período e melhorar a qualidade de vida são ideais que parecem não combinar com a realidade. Mas outras culturas e países mostram que isso é possível Na Holanda, por exemplo, muitos profissionais buscam viver dessa maneira. O país é reconhecido pela ONU como um dos dez lugares mais felizes do mundo.
Dados do Gabinete de Estatísticas da União Europeia
mostram que a Holanda tem uma das maiores taxas de pessoas trabalhando meio
período. Números de 2017 revelaram que quase metade da população está empregada
dessa maneira, trabalhando cerca de 30,3 horas semanais, sendo que a média da
União Europeia é de 19,7% dos europeus atuando dessa forma, com uma jornada
média de 37,7 horas por semana. E se as realidades de Brasil e Holanda são tão
diferentes nesse ponto, como é a rotina dos imigrantes que optaram por levar a
vida em terras brasileiras?
Para quem veio ao Brasil, a rotina foi diferente do
que vemos na Europa. Para começar a vida do zero, foi necessário trabalhar em
jornadas intermináveis. Além disso, em muitos casos, os holandeses que vieram
para a América buscaram trabalhar no seu próprio negócio, principalmente com
agricultura e pecuária, o que fez com que a carga de trabalho e de compromisso
fossem ainda maiores para garantir renda e sucesso.
Outro fator que deve ser levado em conta quando
comparamos culturas e suas formas de exercer atividades é como são feitos os
compromissos pessoais, como a própria limpeza da casa. No Brasil, a
terceirização é comum, muitos lares contam com diaristas ou empregadas
domésticas, que auxiliam nas tarefas e também no cuidado com as crianças,
muitas vezes. Na Holanda, por outro lado, esse não é um hábito comum e, por
isso, as responsabilidades domésticas ficam exclusivamente com a família, que
acaba reservando momentos para isso.
Além disso, a cultura holandesa preza pelos rituais
que unem os familiares, por isso, estar presente na criação dos filhos, no dia
a dia dos pais e avós e na rotina da casa é um pilar fundamental, que não pode
ficar de lado. Na Holanda, o normal é trabalhar para viver. No Brasil, vemos
que o modo é viver para trabalhar. E nada melhor que as trocas entre as
culturas para mostrar que outras formas de construir a rotina são possíveis!
Tineke Voorsluys - conselheira da Associação
Cultural Brasil Holanda
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