Deficiências
de memória, atenção, alterações de humor e psicose estão entre os problemas
detectados
A Covid-19, doença que
já infectou mais de 140 milhões de pessoas por todo o mundo, pode deixar
sequelas físicas em quem já teve a doença, principalmente em quem desenvolveu
quadros mais graves. Cansaço, comprometimento dos pulmões, fraqueza muscular,
perda do olfato e/ou paladar por meses e tosse residual são algumas das marcas
do vírus.
Mas não para por aí,
condições neurológicas e psiquiátricas, decorrentes da doença, também foram
apontadas. Um estudo da Universidade de Oxford mostrou que, nos três meses
seguintes à infecção, um em cada cinco pacientes recebeu um diagnóstico
psiquiátrico. O estudo apontou que os quadros mais comuns foram ansiedade,
estresse pós-traumático, insônia e demência.
Ainda segundo o mesmo
estudo, a probabilidade entre pessoas que estavam com coronavírus de
desenvolverem questões psiquiátricas após o tratamento foi de 5,8%. Enquanto
quem estava tratando outro problema de saúde tinha entre 2,5% e 3,4% de
chances.
Mariete Duarte,
psicóloga da Clínica Maia, conta que das pessoas que se curaram da infecção
muitas apresentam sequelas, umas em graus mais leves e outras em níveis mais
agudos.
Pesquisas da
Organização Pan-Americana da Saúde e da Organização Mundial da Saúde também já
mostram que alguns pacientes ficaram com sequelas neurológicas e psiquiátricas
pós-coronavírus. "Entre elas podemos citar o declínio cognitivo de longo
prazo, deficiências de memória, atenção, velocidade de processamento e
funcionamento cerebral, alterações de humor, psicose, disfunção neuromuscular,
além de sequelas psicológicas relacionadas ao isolamento social".
Para a psicóloga,
entre as sequelas físicas, uma que deve chamar a atenção dos profissionais da
saúde mental é a fadiga. "A fadiga é a dificuldade anormal que o corpo do
indivíduo enfrenta para continuar funcionando no nível normal de sua
capacidade, o que faz com que a pessoa precise de um esforço mental muito
grande para conseguir lidar com as atividades do dia a dia, trazendo sofrimento
intenso e sentimento de incapacidade".
De acordo com Mariete,
mais do que as sequelas já registradas, insegurança, incerteza, o medo do
isolamento ou de ficar longe dos familiares, a angústia pela patologia
recém-descoberta, o sentimento de impotência de não saber como lidar com a
doença, a falta de contato social e a inexistência de um tratamento totalmente
eficaz para combater o vírus são fatores que afetam seriamente a saúde
emocional dos pacientes.
Sendo assim, muitas
vezes, é indispensável que as pessoas que foram diagnosticadas com covid-19,
mesmo que à distância, façam acompanhamento psicológico e psiquiátrico.
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