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sexta-feira, 2 de abril de 2021

Encefalite: o perigo está mais perto do que se imagina

Infecciosa ou autoimune, a encefalite pode ser causada por vírus, bactérias, parasitas ou por inflamação do próprio organismo. Em sua forma mais comum, a doença está associada a ação viral, especialmente a da Herpes tipo 1 – cujo agente é o mesmo que provoca feridas na boca em situações de baixa imunidade.

 

“É importante ressaltar que quem tem herpes labial não tem um risco maior de desenvolver encefalite. O vírus da dengue, chikungunya, febre amarela, gripe, sarampo e até da Covid-19 também são possíveis causadores da inflamação no cérebro”, esclarece dr. Marcus Tulius, o coordenador do Departamento Científico de Neuro-infecção da Academia Brasileira de Neurologia (ABN). Em algumas regiões do país, até insetos e carrapatos podem transmitir a doença.

 

 

SINTOMAS

 

Os mais suscetíveis são aqueles com sistema imunológico mais fraco, como crianças, idosos e pacientes imunodeprimidos. Uma vez infectado, os principais sintomas são dor de cabeça, alterações de consciência (indo da sonolência ao coma), crises convulsivas e alterações de comportamento (como agitação e até alucinações). As queixas, no entanto, variam de caso para caso.

 

 

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

 

“A encefalite pode deixar sequelas permanentes e até matar. Por isso, é muito importante que o diagnóstico seja feito de forma rápida”, ressalta dr. Marcus. Nessa fase, o exame do liquor – isto é, a extração de parcela do líquido cefalorraquidiano pela coluna lombar - e a ressonância de crânio são as melhores alternativas para definir os próximos passos.

 

Segundo o neurologista, o tratamento da doença varia de acordo com a causa. Inicialmente, o foco é o combate ao vírus herpético com antivirais, já que esse é o tipo mais comum. Depois do diagnóstico, outras alternativas são utilizadas, como corticoides, por exemplo.

 

“Encefalite tem cura, se percebida e tratada rapidamente. E uma vez curada, não há recorrência do quadro”, explica o especialista.

 

Nos piores cenários, a doença pode deixar sequelas de ordem cognitiva, como problemas de neurônio e alterações da fala; e de ordem motora, como paralisia e hemiplegia. Nesses casos, o tratamento é feito em cima das próprias sequelas.

 

 

PREVENÇÃO

 

Para não correr o risco, o melhor a fazer é evitar a proliferação dos mosquitos transmissores de vírus. Os cuidados são os mesmos necessários contra a dengue: eliminar água armazenada em vasos, galões de água, pneus e até recipientes pequenos; usar repelentes e inseticidas; e proteger-se com mosquiteiros. No caso de carrapatos, o ideal é procurá-los na pele para retirada imediata.

 

 

ENCEFALITE E COVID-19

 

“Já se sabe que o Sars-Cov-2 pode causar encefalite. Inclusive, há descrições de recuperação do material genético do vírus no líquor, isto é, detecção de PCR positivo no próprio líquido cefalorraquidiano. Isso mostra a relação de causa e efeito entre as duas enfermidades”, conta dr. Marcus Tulius. Ele ressalta, porém, que do ponto de vista clínico, não há diferença entre a doença associada à Covid-19 e aquela relacionada a outros tipos de vírus.

 

A encefalite pode ainda se apresentar como uma condição rara após a vacinação. O neurologista explica que o estímulo imunológico desencadeado reconhece estruturas do sistema nervoso como “estranhas” ao organismo através de uma reação inflamatória, o que configura a chamada “síndrome disseminada aguda pós-vacinal”.

 

“As manifestações são variadas, podendo incluir déficit de força, de sensibilidade e visual, crises convulsivas e alterações da consciência. O tratamento nesses casos é feito por pulsoterapia com corticóide em altas doses”, explica.


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