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sexta-feira, 5 de março de 2021

Hipertensão Arterial em Atletas: esclarecendo algumas dúvidas

Como se deve avaliar a pressão sistólica de um atleta em repouso e quando ele estiver praticando atividade física, para evitar consequências perigosas da hipertensão arterial


A hipertensão arterial é uma das doenças mais frequentes, chegando a atingir cerca de 30% da população adulta, e por incrível que pareça, em 3% a 5% de crianças e adolescentes. Devemos lembrar que a hipertensão é uma doença com consequências graves, como derrames e infarto, mas com tratamento disponível. Inclusive pelo SUS.

 

Porém, ainda que o tratamento seja conhecido e acessível, muitos abandonam em poucos meses. Quais os motivos? Os motivos são os mesmos em todo mundo, a doença não provoca sintomas em mais da metade dos seus portadores e, com isso, os pacientes acham que não precisam de medicação. Além da fama negativa de efeitos indesejáveis em homens e os efeitos colaterais numa pequena porcentagem das pessoas que usam esses medicamentos.

 

Mas e os esportistas? Os pacientes esportistas/atletas devem utilizar medicamentos que controlem a pressão arterial em repouso e também durante uma atividade esportiva. Isso é algo que deve ser sempre observado através do teste de esforço (ergométrico) simples ou cardiopulmonar em uso da medicação habitual, para concluir se a curva de pressão arterial está dentro dos parâmetros considerados normais. Funciona assim: a pressão sistólica (máxima) está normal 120 ou 130 mm Hg; e a diastólica (mínima) em 80 mmHg. Durante um exercício a sistólica deve atingir valores considerados normais 220 mm Hg, e a mínima deve BAIXAR de 80 para valores ao redor de 60/70 mmHg. Se durante o teste ergométrico a mínima subir para 90 ou mais, é considerada resposta alterada da pressão arterial mesmo em uso de medicação, sendo necessário que o médico reveja o tratamento para que essa elevação não mais ocorra durante um exercício físico ou esporte.

 

Qual o melhor medicamento para hipertensão arterial para quem é atleta? A Diretriz Brasileira em Cardiologia do Esporte, indica que deve ser um medicamento que consiga controlar a pressão arterial em repouso como durante o exercício físico, sem promover perda de desempenho, sem desidratação (se usar diurético) e sem perda do poder de explosão física, todos tão necessários à prática esportiva. E também outros possíveis efeitos colaterais discretos, mas que atrapalham um atleta, como a tosse seca frequente de alguns medicamentos. 

Sem fugir do assunto, vale um alerta sobre o uso de esteroides anabolizantes (testosterona) por esportistas ou pessoas que querem estar com físico “in shape” sem doença (hipogonadismo): esteroides têm como efeito colateral o desenvolvimento de hipertensão arterial moderada/severa e para o resto da vida (crônica).

Quando procurar um médico para avaliação pré-participação esportiva, recomendamos que procurem quem tem conhecimento na área de cardiologia do esporte/medicina do exercício e do esporte, com registro RQE de especialista no Conselho Regional de Medicina de seu Estado, pois não basta gostar ou praticar esportes para tratar um atleta como fazem alguns coaches e influenciadores digitais.

 


Dr. Nabil Ghorayeb - Cardiologista e Especialista em Medicina do Esporte


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