Como se deve avaliar a pressão sistólica de um atleta em repouso e quando ele estiver praticando atividade física, para evitar consequências perigosas da hipertensão arterial
A
hipertensão arterial é uma das doenças mais frequentes, chegando a atingir
cerca de 30% da população adulta, e por incrível que pareça, em 3% a 5% de
crianças e adolescentes. Devemos lembrar que a hipertensão é uma doença com
consequências graves, como derrames e infarto, mas com tratamento disponível.
Inclusive pelo SUS.
Porém,
ainda que o tratamento seja conhecido e acessível, muitos abandonam em poucos
meses. Quais os motivos? Os motivos são os mesmos em todo
mundo, a doença não provoca sintomas em mais da metade dos seus portadores e,
com isso, os pacientes acham que não precisam de medicação. Além da fama
negativa de efeitos indesejáveis em homens e os efeitos colaterais numa pequena
porcentagem das pessoas que usam esses medicamentos.
Mas
e os esportistas? Os pacientes esportistas/atletas
devem utilizar medicamentos que controlem a pressão arterial em repouso e
também durante uma atividade esportiva. Isso é algo que deve ser sempre
observado através do teste de esforço (ergométrico) simples ou cardiopulmonar
em uso da medicação habitual, para concluir se a curva de pressão arterial está
dentro dos parâmetros considerados normais. Funciona assim: a pressão sistólica
(máxima) está normal 120 ou 130 mm Hg; e a diastólica (mínima) em 80 mmHg.
Durante um exercício a sistólica deve atingir valores considerados normais 220
mm Hg, e a mínima deve BAIXAR de 80 para valores ao redor
de 60/70 mmHg. Se durante o teste ergométrico a mínima subir para 90 ou mais, é
considerada resposta alterada da pressão arterial mesmo em uso de medicação,
sendo necessário que o médico reveja o tratamento para que essa elevação não
mais ocorra durante um exercício físico ou esporte.
Qual
o melhor medicamento para hipertensão arterial para quem é atleta?
A Diretriz Brasileira em Cardiologia do Esporte, indica que deve ser um
medicamento que consiga controlar a pressão arterial em repouso como durante o
exercício físico, sem promover perda de desempenho, sem desidratação (se usar
diurético) e sem perda do poder de explosão física, todos tão necessários à
prática esportiva. E também outros possíveis efeitos colaterais discretos, mas
que atrapalham um atleta, como a tosse seca frequente de alguns
medicamentos.
Sem
fugir do assunto, vale um alerta sobre o uso de esteroides anabolizantes
(testosterona) por esportistas ou pessoas que querem estar com físico “in shape”
sem doença (hipogonadismo): esteroides têm como efeito colateral o
desenvolvimento de hipertensão arterial moderada/severa e para o resto da vida
(crônica).
Quando procurar um médico para
avaliação pré-participação esportiva, recomendamos que procurem quem tem
conhecimento na área de cardiologia do esporte/medicina do exercício e do
esporte, com registro RQE de especialista no Conselho Regional de Medicina de
seu Estado, pois não basta gostar ou praticar esportes para tratar um atleta
como fazem alguns coaches e influenciadores digitais.
Dr. Nabil Ghorayeb - Cardiologista e
Especialista em Medicina do Esporte
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