Muitas
vezes nós temos dificuldade de acompanhar a quantidade de novos termos que são
criados. Ouvimos, mas não entendemos do que se trata. Um termo que está na moda
é o da economia circular. A Nutrientes para a Vida irá abordar sobre esse tema
e explicar de que forma pode ser importante em nosso dia-a-dia.
A economia
circular é um conceito surgido na década de 1970. É baseado na criação de novos
ciclos de valor positivo cada vez que o material ou produto é usado ou
reutilizado antes da destruição final. Em outras palavras, enfatiza estender a
vida útil dos produtos, reutilizando e reciclando componentes, permitindo
aumentar a eficiência no uso dos recursos e diminuir o impacto no meio
ambiente.
Face aos
novos desafios ambientais, ao emprego e ao aumento da população mundial, o
consumo de nossa sociedade atinge seu limite. As nossas retiradas de recursos
naturais já ultrapassam largamente a biocapacidade da Terra, ou seja, sua
capacidade de regenerar recursos renováveis, fornecer recursos não renováveis e absorver resíduos.
A
conscientização coletiva tem permitido dar passos para reduzir os impactos
ambientais, que são um primeiro passo essencial. No entanto, reduzir o impacto
do modelo de desenvolvimento atual apenas atrasa o prazo. É necessária uma
abordagem mais ambiciosa. A economia circular concretiza o objetivo de passar
de um modelo de redução de impactos para um modelo de criação de valor positivo
a nível social, econômico e ambiental.
Como nos
ecossistemas naturais, este sistema de produção requer o mínimo de recursos
possível, e material e energia não são perdidos nem desperdiçados. O que pode
ser considerado resíduo na economia linear, cuja única saída é ser enterrado ou
incinerado, pode - na economia circular - ter várias outras vidas.
Por
exemplo, é a possibilidade de um fabricante de tapetes disponibilizá-los aos
seus clientes (para venda ou aluguel) sob condição de devolução após x anos e
substituição por um novo! O material assim recuperado é reintegrado no processo
de fabricação. Graças à crise econômica e ao surgimento das redes virtuais, a
lógica de reutilização e agrupamento de recursos (revender ou dar em vez de
jogar fora) está se desenvolvendo entre os consumidores, como evidenciado pelo
boom na economia colaborativa. Fonte de valor econômico, de acesso generalizado
do consumidor à satisfação das suas necessidades e criadora de laços sociais,
faz parte do “ciclo” da economia circular.
Outro bom
exemplo pode ser a nossa urina de cada dia. Quem nunca ouviu falar da urina
como “o melhor fertilizante”? Quem nunca foi aconselhado por um jardineiro a
regar parte de suas plantações? Se é muito cedo para falar em "novo ouro
verde", a urina ainda está em vias de adquirir um novo estatuto. Passar do
desperdício ao do recurso para encontrar-se no centro da transição ecológica. A
urina que cada um de nós produz, à taxa de litro e meio por dia, contém
nitrogênio, fósforo e potássio, três nutrientes essenciais para a agricultura.
Foi esquecido, mas no século 19, foram os efluentes dos parisienses que, graças
a um sistema de coleta, fertilizaram os campos da coroa parisiense. Essa
economia circular desapareceu no século seguinte com a generalização do esgoto
e o advento da química e dos fertilizantes sintéticos.
Ambientes
com uma quantidade limitada de recursos são os mais propícios à inovação na
economia circular. Foi assim que Ellen MacArthur começou a se interessar por
este tema, sendo uma grande velejadora e tendo que otimizar o uso e a escolha
dos recursos para levar em suas longas travessias. Agora, não é surpresa que a
NASA também tenha interesse em desenvolver a economia circular, com o estudo de
uma tecnologia que permita a criação de fertilizantes em nossos banheiros.
Pesquisadores da NASA planejam usar uma máquina construída na Universidade do
Sul da Flórida que extrai nutrientes de dejetos humanos e testa sua eficácia em
uma simulação no espaço.
Empresas de
diversos setores, inclusive de fertilizantes, já se mobilizam para desenvolver
novos modelos circulares de agricultura, reciclando nutrientes - de resíduos
urbanos, agrícolas e industriais - em fertilizantes de alta qualidade por meio
de processos de produção existentes e localmente por meio de recuperação,
transformação e a distribuição.
O objetivo
é criar uma cadeia de valor “da alimentação à agricultura”, recolhendo os
excedentes alimentares nas cidades para os transformar em fertilizantes.
Limitar o esgotamento dos recursos globais e a perda de nutrientes, promovendo
a reciclagem de nitrogênio e fósforo, entre outros, é uma questão importante.
Desta forma, o setor de fertilizantes estará contribuindo para a nossa ambição
de alimentar o mundo de forma responsável e proteger o planeta.
Com
objetivo de melhorar a percepção da população em relação às funções e os
benefícios dos fertilizantes, foi estabelecida no Brasil, em 2016, a iniciativa
Nutrientes Para a Vida (NPV). A NPV possui visão, missão e valores análogos aos
da coirmã americana, a Nutrients For Life. Sua principal missão é destacar e informar
a respeito da relevância dos fertilizantes para o aumento da qualidade e
segurança da produção alimentar, colaborando com melhores quantidades de
nutrientes nos alimentos e, consequentemente, com uma melhor nutrição e saúde
humana.
Valter Casarin - engenheiro agrônomo e coordenador científico da
iniciativa Nutrientes para a Vida (NPV)
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