Importante imunizante combate o Papilomavírus Humano. Dia 04 de março é dia Internacional de Conscientização do HPV
Implementada
pelo calendário nacional de imunização do Ministério da Saúde em 2014, a vacina
contra o HPV é um importante imunizante contra as infecções causadas pelo
Papilomavírus Humano. O dia 04 de março é lembrado como o Dia Internacional de
Conscientização do HPV, que reitera a importância da vacina e também dos exames
preventivos.
Indicada,
preferencialmente, para meninas entre 9 e 14 anos, meninos de 11 a 14 anos, ou
adultos até 26, ela é aplicada em duas doses, com intervalo de seis meses. Uma
das consequências das infecções causadas pelo HPV é o câncer de útero e seus
possíveis efeitos, como a infertilidade.
Segundo o
Instituto Nacional do Câncer, o câncer de útero é a terceira neoplasia mais
frequente entre as mulheres no Brasil, acometendo mais de 16 mil por ano.
O HPV
A família do
Papilomavírus Humano conta com mais de 150 diferentes subtipos. “Nem todos são
capazes de causar infecções que levarão a tumores invasivos, mas os ditos
oncogênicos estão relacionados a diversos tipos de cânceres, como o de pênis,
vulva, vagina, canal anal, orofaringe e um dos mais prevalentes de todos, o
câncer de colo de útero”, explica o radio-oncologista e presidente do Instituto
de Radioterapia São Francisco, Miguel Torres.
O contágio
pelo vírus, segundo o médico, está associado à prática sexual desprotegida,
incluindo contato físico com alguma área afetada pelo vírus, como contato
manual-genital. “O uso de preservativo durante as relações sexuais é também uma
das principais formas de prevenir o contágio pelo HPV e, consequentemente, o
surgimento do câncer”, comenta Miguel.
Câncer de
útero
Segundo o INCA, a doença tem
desenvolvimento lento e pode não apresentar sintomas na fase inicial. Nos
casos mais avançados, pode evoluir para sangramento vaginal intermitente (que
vai e volta) ou após a relação sexual, secreção vaginal anormal e dor abdominal
associada a queixas urinárias ou intestinais.
O exame
citopatológico Papanicolau, ou exame preventivo, complementa o arsenal na
prevenção do câncer relacionado ao HPV. “Ele detecta especificamente o câncer
de colo de útero, devendo ser realizado por mulheres entre 25 e 64 anos que têm
ou já tiveram atividade sexual”, orienta o médico. “Vale lembrar que a
vacinação não exime as mulheres da realização do Papanicolau”, ressalta.
Câncer e
infertilidade
Uma das
consequências do câncer de útero é a infertilidade. De acordo com a
especialista em Reprodução Assistida e diretora clínica da Life Search, Cláudia
Navarro, ela pode acontecer por motivos diferentes, dependendo do tipo de
tratamento indicado.
“A primeira
questão é a radioterapia, tratamento mais comum nesse tipo de câncer. Como o
tratamento será diretamente no órgão, ele pode ser afetado anatomicamente e
causar alguma dificuldade para engravidar no futuro”, diz.
“A segunda é
a cirurgia que, dependendo da forma e indicação, pode também causar lesões no
órgão, dificultando a gravidez. Há casos, inclusive, de necessidade da retirada
total do órgão”, continua. “A terceira, a quimioterapia, embora não seja a
rotina, quando indicada, pode comprometer os óvulos da mulher”,
finaliza.
Gravidez
possível
Cláudia
considera que é papel fundamental do médico aconselhar a paciente e orientá-la
sobre o congelamento de gametas antes do início do tratamento. “É uma
alternativa viável. O procedimento é feito por meio da indução da ovulação, com
medicamentos seguros, que possibilita a coleta dos óvulos”, explica a especialista.
Após o tratamento para o câncer, e com plenas
condições de saúde, esses óvulos congelados podem ser utilizados de formas
distintas. “Primeiro, ela deve recorrer ao parceiro ou doador anônimo para
realizar a fertilização in vitro (FIV)”, diz a médica.
“Se o útero foi preservado durante o
tratamento para o câncer, ela mesma poderá engravidar. Caso o órgão tenha sido
retirado, a paciente pode ainda optar pela barriga solidária”, conclui.
Miguel Torres Teixeira Leite - médico
graduado pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG (CRM: 9377-MG) e
especialista em Radioterapia (RQE Nº: 2910). Atualmente é Presidente do
Instituto de Radioterapia São Francisco e membro do Corpo Clínico do Centro de
Radioterapia do Hospital Felício Rocho.
Cláudia
Navarro -
especialista em reprodução assistida, diretora clínica da Life Search e membro
das Sociedades Americana de Medicina Reprodutiva - ASRM e Europeia de
Reprodução Humana e Embriologia – ESHRE. Graduada em Medicina pela UFMG em
1988, titulou-se mestre e doutora em medicina (obstetrícia e ginecologia) pela
mesma instituição federal e hoje é membro do Corpo Clínico do Laboratório de
Reprodução Humana do Hospital das Clínicas, vinculado à mesma instituição.
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