Se o home office foi a realidade do trabalho em 2020 para muitas pessoas, em 2021, com a chegada da vacina contra a Covid-19 e a possibilidade de leve flexibilização do distanciamento social, cada vez mais colaboradores de empresas de todo o mundo devem experimentar o que chamamos de anywhere office. Trata-se de uma versão ampliada e flexibilizada do trabalho remoto, na qual é possível, como o próprio nome diz, trabalhar não apenas de casa, mas de qualquer lugar – como coworkings, cafés e até espaços públicos.
A alternativa passa a ser uma possibilidade
atraente para empresas e funcionários que viram os benefícios do trabalho sem
deslocamentos, mas que ainda encontram pontos frágeis no trabalho em casa, como
problemas com a internet e falta de interação com outros profissionais ou
ambientes.
O maior desafio desse movimento é, numa primeira
análise, das empresas. Elas precisarão redobrar os esforços para garantir que a
gestão, o acesso e a segurança de informações não sejam prejudicados pela
distância. De acordo com dados da pesquisa TIC Empresas, o uso de serviços em
nuvem vem crescendo em empresas brasileiras de todos os portes. O armazenamento
de arquivos ou banco de dados, por exemplo, subiu de 25% das empresas em 2017
para 38% delas em 2019. Ainda segundo a pesquisa, a proporção de utilização da
nuvem é maior conforme o tamanho da empresa cresce. Mesmo assim, a tendência é
que essa tecnologia acabe se disseminando com as necessidades do trabalho
remoto. Em 2019, o e-mail em nuvem já estava em 63% das grandes empresas, 54%
das médias e também já era realidade para 36% das pequenas.
Outra pesquisa, feita pela Oxford Economics e pela
Society of Human Resources Management (SHRM), a pedido da SAP SuccessFacors, já
durante a pandemia, mostrou que mais da metade dos líderes de RH do Brasil e do
mundo esperavam que a Covid-19 aumentasse ainda mais a flexibilidade do
trabalho remoto ao longo deste ano.
E, se a ideia é trabalhar de qualquer lugar, as
boas iniciativas de empresas privadas e gestores públicos fazem toda a
diferença nesse novo formato. A maneira como a cidade é pensada é diretamente
impactada pela forma como as pessoas trabalham. Com a força de trabalho
distribuída nos mais variados pontos da cidade – e não mais concentrada em
algumas regiões – a mobilidade, o transporte público e a infraestrutura
tecnológica precisam ser pensados com esse enfoque também. As cidades
devem dar o suporte que empresas e colaboradores irão demandar. Redes de wi-fi
gratuitas podem ser um grande trunfo para permitir que as pessoas tirem
proveito dos ambientes públicos e realmente ocupem seus espaços.
Uma cidade inteligente é aquela também que se
adapta à flexibilidade imposta pelo dia a dia – e ainda mais por uma
pandemia. Se as redes públicas podem ser de grande ajuda para acessos
pontuais, espaços com estrutura mais robusta podem ser a solução para os
escritórios flexíveis. Coworkings hoje oferecem qualidade de internet muito
superior que as redes domésticas e semelhante a que os colaboradores acessavam
nas empresas.
Além disso, permitem espaços para reuniões e dinâmicas,
que devem passar a dividir espaço com as videoconferências. Mas nem só de
tecnologia é feito o sucesso do anywhere office. Manter a equipe
motivada e a comunicação sem ruídos é essencial. Para os colaboradores, os
desafios passam pela organização, capacidade de driblar as distrações e, talvez
o mais importante, continuar se sentindo parte de um mesmo time.
Carla Carolina Vieira -
supervisora de Recursos Humanos no Instituto das Cidades Inteligentes (ICI).
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