Não misturar as contas e ter uma divisão clara entre a vida pessoal e o trabalho parece óbvio, mas no início de uma empresa, momento em que são feitos investimentos e desembolsos, muitos se perdem. É aí que é hora de parar e avaliar. Isso porque separar as contas pessoais e da empresa ou escritório é o primeiro passo para quem está começando um novo negócio e almeja estruturar o financeiro. Caso contrário, os problemas podem surgir e, sem dúvida, começar certo custa menos tempo e dinheiro do que corrigir o erro depois.
O financeiro é o “coração” de qualquer negócio, e
se ele não estiver estruturado vêm as perdas, inadimplências, prejuízos e a
receita passa a sofrer consequências. Se você tem a sensação de que os anos
passam e o trabalho aumenta, mas o lucro não cresce na mesma proporção, algum
gargalo existe e, geralmente, está nesse setor.
Por isso, todo negócio necessita organizar o fluxo
de caixa, com o objetivo de avaliar tudo o que entra e sai no mês. Além disso,
é imprescindível ter um capital de giro para pagar as despesas. A partir daí,
com esse caixa, é possível fazer uma avaliação financeira.
É válido reforçar: o que sustenta o negócio não é o
faturamento, mas sim o lucro, que é o valor faturado, menos os custos e as
despesas empenhadas para gerar a receita. Imagine, porém, misturar as finanças
pessoais e do negócio. Não resta dúvida de que o problema virá, seja no curto,
médio ou longo prazo.
O fato é que, geralmente, a maneira como a pessoa
lida com as finanças pessoais é a forma com que também vai lidar com as
finanças do negócio. Por exemplo, em um contexto de escritórios de advocacia,
muitas vezes, a visão dos sócios sobre o pró-labore e retirada de honorários é
diferente. Porém, o que todos precisam ter em mente é que, quanto melhor
estiver a banca, melhor estarão os sócios.
Quando não há uma boa gestão financeira, os sócios
podem tirar do escritório um valor que prejudica ou sufoca a estrutura ou,
então, eles podem acabar deixando quantias muito altas na reserva e sem
necessidade. Não é à toa que muitos negócios declinam por conta da indisciplina
dos sócios com a gestão das finanças. O fato é que a maneira como cada um lida
com os números na vida pessoal impacta diretamente no negócio.
Não tem segredo: separar as finanças é determinante
para uma análise financeira precisa e também para saber se os resultados estão
crescendo e se o fluxo de caixa está saudável. Para isso, o ideal é que todos
os sócios tenham uma retirada fixa mensal.
E para quem está no início e ainda não tem um
departamento financeiro estruturado, a dica é simples: liste suas despesas em
uma planilha (pode ser no Excel), assim como os parcelamentos, contas de cartão
de crédito, despesas fixas e variáveis, e só depois valide se é possível ou não
fazer a retirada mínima esperada. Cabe aqui o velho ditado: “a questão não é o
quanto você ganha, é o quanto você gasta”.
Beatriz Machnick - contadora, especialista em Controladoria e Finanças, mestre em Governança e Sustentabilidade. É pioneira da metodologia de Formação de Preços na Advocacia e palestrante na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). É sócia-fundadora da BM Consultoria em Precificação e Finanças. Autora dos livros Gestão Financeira na Advocacia - Teoria e Prática (2020), Valorização dos Honorários Advocatícios – O Fortalecimento da Advocacia através da Gestão (2016) e Honorários Advocatícios – Diretrizes e Estratégias na Formação de Preços para Consultivo e Contencioso (2014).
Nenhum comentário:
Postar um comentário