Número recorde de
candidatos deve realizar as provas de reaplicação; especialistas orientam como
driblar o cansaço e o stress para garantir um bom desempenhoDivulgação
A edição do Enem 2020 registrou o maior índice de
ausência da história do exame. Dos mais de 5,5 milhões de candidatos inscritos,
51% se ausentaram na prova do primeiro domingo (17 de janeiro) e outros 55,3%
não compareceram para realizar a segunda prova, no dia 24. O Instituto Nacional
de Pesquisas Educacionais (Inep), realizador do Enem, prevê o direito de
reaplicação da prova para aqueles que justificarem a ausência por motivos de
saúde - como o diagnóstico de Covid-19 ou outras doenças contagiosas - e também
para os candidatos que não conseguiram realizar a prova porque tiveram algum
problema de logística - como salas lotadas ou falta de energia elétrica - em um
ou ambos os dias do Enem.
É certo que uma parcela enorme destes estudantes
que se ausentaram para as primeiras provas deverá fazer a reaplicação, a ser
realizada nos dias 23 e 24 de fevereiro. O cenário, bastante atípico por conta
da pandemia, trouxe enormes desafios para os jovens que precisaram se adaptar
para continuar estudando e se preparando para o exame. E para esses estudantes
que não conseguiram realizar as provas do Enem nesta primeira fase de
aplicação, o ano de 2020 parece não ter fim.
Para a coordenadora editorial do Ensino Médio do
Sistema Positivo de Ensino, Milena Lima, o cenário aparentemente desfavorável
não deve servir como fator de desmotivação para o estudante. "Sabemos que
muitos estão exaustos, querem encerrar logo esse ciclo de provas e exames, mas
agora é hora de focar nessa segunda oportunidade que eles ainda têm. A
aprendizagem depende também da disposição para se aproveitar as chances que
temos, então os estudantes precisam continuar firmes e estudando até que essa
etapa esteja de fato encerrada", reforça Milena.
Para a educadora, o importante para este período a
mais de estudo é avaliar com atenção as provas da primeira aplicação. "O
estudante deve olhar com muito cuidado para isso, é claro que a reaplicação vai
trazer questões diferentes, mas as primeiras provas já dão um sinal para o
candidato. Nós tivemos nesta edição do exame uma prova muito mais conceitual e
a reaplicação deve seguir com a mesma proposta. Então, a recomendação é que o
aluno tente resolver em casa todas as questões das provas aplicadas nos últimos
domingos e preste atenção nos temas que caíram porque eles devem
reaparecer", afirma.
Outra estratégia destacada por Milena é a de,
durante essas semanas de estudo, fazer um revezamento dos assuntos e
disciplinas. "Na hora de fazer essa revisão, vá intercalando os conteúdos
para não cansar e não desmotivar. Sugiro revisar uma disciplina que tenha
mais dificuldade ou não domine tanto, aí coloque, na sequência, algum conteúdo
que tenha mais afinidade, assim não fica tão maçante", indica a
especialista.
Encontrar motivação para essa reta final é uma das
principais dificuldades dos estudantes. Para Juliana Landolfi Maia, assessora
pedagógica de Educação Física do Sistema Positivo de Ensino, é preciso olhar
com cuidado para a saúde emocional destes jovens. "Sabemos que os
adolescentes são muito mais vulneráveis com relação a mudanças e acontecimentos
que possam afetar as suas emoções, essa é uma faixa etária que não tem tanta
facilidade para lidar com o estresse", alerta a educadora. Juliana é uma
das pesquisadoras do projeto Fique Bem, que fez um levantamento, durante a
pandemia, com 115 escolas em todo o país e apontou que 74% dos adolescentes
entrevistados apresentavam nível elevado ou moderado de estresse. "Realizado
pelo Sistema Positivo de Ensino, em parceria com a PsiCOVIDa, o projeto foi
importante para entender o impacto da pandemia na cabeça desses jovens e buscar
formas de minimizar isso. Esses estudantes que vão fazer a reaplicação, muito
provavelmente já vêm de um período crítico de estresse e cenário adverso, por
isso a necessidade de se olhar com muita atenção para o estado emocional deles
neste momento", adverte Juliana.
A primeira recomendação da educadora é que o
estudante, mesmo voltando a encarar uma rotina de estudos, procure encontrar
momentos para descansar a mente e o corpo. "Para manter o foco, é
importante que o cérebro também tenha seus períodos de descanso. O estudante
deve cuidar da alimentação neste período, manter-se bem hidratado e com uma boa
rotina de sono", orienta.
A família também tem um papel fundamental, segundo
Juliana. "O estudante deve praticar o autocuidado, mas, neste período, ele
também precisa que a família ofereça o suporte emocional e logístico. É
importante ter sempre um adulto ajudando esse jovem a comer adequadamente,
fazer as pausas necessárias e também dormir nos horários certos",
acrescenta. E para garantir que no dia da prova o candidato esteja bem - física
e emocionalmente -, Juliana ainda sugere que o estudante crie, neste período de
preparação, estratégias para controlar a ansiedade, como exercícios
respiratórios, meditação e outras atividades que produzam relaxamento.
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