As questões
ambientais, sociais e de governança estarão mais presentes na pauta dos
conselhos de administração das empresas, especialmente após a
pandemia de Covid-19Freepik
A sigla ESG, que vem do inglês Environmental,
Social and Governance, ou seja, Ambiental, Social e Governança (ASG, em
português), é aplicada pelo universo dos negócios há alguns anos e é apontada
pelo mercado como uma das principais tendências para 2021. Estas três palavras
fazem referência aos principais fatores que medem o índice de sustentabilidade
e impacto social de uma empresa. E, mais do que nunca, o conceito precisa ser
aprendido e empregado nas organizações que pretendem manter competitividade e
alinhamento com seu público.
Um indicativo para este movimento foi constatado na
pesquisa 2020-2021 Survey Report – Board governance during the Covid-19
crisis, da Global Network of Directors Institutes (GNDI), sobre os reflexos da
pandemia do coronavírus nos conselhos de administração e tendências
globais. O GNDI congrega institutos de governança ao redor do mundo e tem o
Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) como representante no
Brasil. Participaram do levantamento 1.964 conselheiros de 17 institutos em
todo o mundo.
No estudo, o ESG se destacou em primeiro lugar
entre as questões de maior impacto, seguido de reposicionamento dos negócios e
maior competição por talentos. Quando questionados sobre as principais
tendências de governança global, 85% dos participantes responderam que
acreditam, no longo prazo, em um maior foco em questões ESG, de
sustentabilidade e de geração de valor para as partes interessadas.
É um caminho sem volta, na avaliação de Eduardo
Valério, CEO da GoNext Governança & Sucessão, especializada em implantar
sistemas de governança corporativa. “As empresas têm a função de promover a
melhoria da sociedade e, com a pandemia, essa tendência observada há alguns
anos ficou ainda mais evidente”, afirma o executivo. Mas, afinal, qual a
importância do ESG e como funciona na prática?
Valor real
O ESG é como um selo de qualidade para a empresa.
Segundo Valério, por meio do resultado da análise ambiental, social e de
governança, é possível determinar como ela se posiciona em relação à sociedade
e ao planeta, inclusive oferecendo mais transparência ao investidor. Porém, o
conceito precisa evoluir.
É o que indica um estudo da Associação Brasileira
de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), que mostra que apenas entre 10 e
15% entenderam a relevância de todo o processo e aderiram às boas práticas nos
três eixos, enquanto o índice passa de 50% na Europa e países como Nova
Zelândia e Austrália.
A maioria das empresas brasileiras que investem em
sustentabilidade – 59,4% – estão apenas pensando em obter uma imagem
institucional melhor, aponta um levantamento recente do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em julho de 2020. Para o CEO da
GoNext, manter uma operação ambiental e socialmente responsável deixou de ser
diferencial. “É obrigação. Não basta a empresa ser lucrativa, ela precisa
incorporar essas três práticas, para gerar real valor de mercado e garantir
vida longa ao negócio”, diz Valério.
Prioridade e mercado
Situações de crise, como a queda da barragem de
Brumadinho, em Minas Gerais, que completou dois anos em 25 de janeiro de 2021,
trouxe à tona a importância de temas como o ESG entre as prioridades dentro dos
conselhos administrativos. A Vale, apontada como responsável pela tragédia, é
um exemplo emblemático de empresa que perdeu valor de mercado na ocasião. O
triste episódio foi catalisador para fazer das iniciativas ambientais, sociais
e governança a principal agenda da empresa atualmente.
Assim como na Vale, uma das principais prioridades,
tanto no Brasil como globalmente, é o aumento da frequência de discussões sobre
questões ESG na sua pauta. Foi o que 54,4% dos participantes da pesquisa GNDI
apontaram como ações a serem adotadas pelos conselhos das empresas daqui em
diante. “Uma boa oportunidade é rever o planejamento estratégico da empresa sob
a ótica deste tripé. A partir do planejamento estratégico, são desdobradas as
ações e projetos voltados a atender as boas práticas do ESG.”
E o mercado está de olho nisso, destaca Valério.
“Para os investidores, o uso dos critérios ESG pode funcionar como um mitigador
de risco. Há um movimento forte de fundos de investimentos que somente fazem
aportes em empresas certificadas nas boas práticas de ESG.”
Fórum discute ESG
O impacto do ESG para as organizações é tema do
primeiro fórum GoNext Presidentes de Conselhos, que acontece no dia 25 de
fevereiro, a partir das 9h. O palestrante será o especialista em gestão de
negócios Alexandre Sanches Garcia, pró-reitor da Pós-Graduação da Fundação
Álvares Penteado (Fecap) e conselheiro do Conselho Regional de Contabilidade de
São Paulo (CRC-SP).
Os fóruns da GoNext acontecem mensalmente e são voltados
a CEOs, presidentes de conselhos, conselheiros, herdeiros e sucessores de
empresas familiares. É um espaço exclusivo, no qual os participantes podem
trocar ideias e experiências, assim como aprofundar e atualizar os
conhecimentos em governança corporativa com convidados e outros presidentes de
conselhos de empresas familiares.
Nenhum comentário:
Postar um comentário