Psicóloga do
trabalho elenca 5 posicionamentos da empresa que podem ajudar a retomar a
energia nesse começo de ano atípico.
A mudança organizacional em 2020 trouxe um começo
de ano um pouco diferente em 2021. Nesse momento delicado, a gerente técnica da
MAPA e psicóloga do trabalho, Nayara Teixeira, elenca dicas para ajudar as
empresas a trabalharem a saúde mental dos colaboradores.
“Houve muitas mudanças bruscas em um curto espaço
de tempo ano passado. Mesmo os mais resilientes sentiram os efeitos da pandemia
a longo prazo, e é importante saber como abordar essa temática de maneira
prática e saudável”, avalia a especialista.
A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) já
advertia, em artigo internacional publicado no 'Brazilian Journal of
Psychiatry', que a pandemia traria uma quarta onda relativa às doenças mentais.
“Quando temos muitas dificuldades sem solução em um curto espaço de tempo,
nosso cérebro não consegue processar tudo. Precisamos então criar uma cultura
organizacional para lidar com esses problemas. Quando a pandemia começou, não
sabíamos como seria o desenvolvimento e quanto tempo duraria. Essa angústia
alimenta a ansiedade. Agora, mesmo com as boas notícias da vacina, ainda
precisa de um tempinho para o colaborador se adaptar”, alerta Nayara.
Em dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o
Brasil é o segundo país das Américas com maior número de pessoas depressivas,
equivalentes a 5,8% da população, atrás dos Estados Unidos, com 5,9%. A
depressão é uma doença que afeta 4,4% da população mundial. E ainda, o Brasil é
o país com maior prevalência de ansiedade no mundo, com um índice de 9,3%.
“Ao longo do meu tempo na MAPA, sempre participei
do desenvolvimento de testes com o propósito de entender a mente do colaborador
e como ele se encaixa melhor na empresa. Essa experiência ajuda a entender um
pouco quais são os passos necessários para fortalecer as relações entre
trabalho e saúde mental”, explica a psicóloga.
Para ela, existem 5 passos interessantes a serem
abordados pelas empresas nesse momento:
- Cultura
de organização e pensamento horizontal.
Muitas empresas deixam o colaborador responsável
por organizar sua rotina e dar sequenciamento nas suas atividades, porém, quando
essas situações são planejadas em conjunto com os líderes e colocadas de forma
clara, alivia-se a preocupação do funcionário. “Um ambiente onde líderes
interagem de maneira efetiva com suas equipes e as tarefas são planejadas e
debatidas por todos, tende a possibilitar menos ansiedade e preocupação nos
membros da hierarquia”, ressalta.
- Separar
vida pessoal e profissional.
Ajustar-se ao home office foi necessário em
diferentes setores, porém, nem todos os membros das companhias disponibilizavam
de espaço adequado em casa, além da mistura entre afazeres domésticos e
momentos de trabalho. “Perdemos boa parte da noção de rotina, não acordamos
para nos arrumar e sair para o trabalho. Acordamos no trabalho, comemos no
trabalho e fazemos lazer no trabalho”. Separar um espaço adequado para
trabalhar, além de contar os horários de trabalho e evitar se estender depois
que eles acabem, é importante para aliviar a carga no cérebro.
- Voz
e feedback.
Quando um funcionário apresenta um quadro anormal
dentro do ambiente de trabalho, seja desmotivação ou sintomas de ansiedade, é
necessário que ele se sinta parte da equipe e acolhido. Nesse momento, deixar
que ele fale e dar um feedback adequado e em tom pacífico auxilia na melhora do
quadro.
- Oportunidade
de desenvolvimento.
O desenvolvimento pessoal é o objetivo de grande
parte das pessoas no mercado de trabalho. É importante que as companhias
favoreçam um ambiente onde o colaborador, além de agregar com seu valor
técnico, possa se aperfeiçoar. “Existem diversos caminhos para esse fim: propor
cursos ou pesquisas como parte do benefício ou ainda um momento de estudo com
as lideranças da empresa focado no aperfeiçoamento da equipe”.
- Rápida
identificação de problemas.
Assim como em outras áreas do ambiente corporativo,
problemas com saúde mental no escritório podem a longo prazo diminuir a
produtividade e desencadear dificuldades em outros setores. “É necessário uma
boa gestão, aliada a ferramentas que possibilitem o entendimento rápido de como
agir diante das dificuldades do colaborador. Todo profissional é essencialmente
um ser humano e está suscetível a estresse, ansiedade, dentre outros fatores.
Zelar pela saúde da equipe, é zelar pelo desenvolvimento da empresa”, conclui
Nayara.
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