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Tendência é que o Exame Nacional do Ensino Médio vá, aos poucos, se alinhando com a nova Base Nacional Comum Curricular
Na avaliação geral de especialistas, o Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2020, realizado em janeiro deste ano, trouxe
provas consideradas dentro do esperado, a julgar pelo histórico das edições
anteriores. Entre professores e estudantes, a percepção é que foi uma prova
bastante conceitual, como já é costume nas últimas edições do Enem, mas que
também exigiu do candidato uma capacidade de interpretação maior que o
habitual. De acordo com a coordenadora editorial do Ensino Médio do Sistema
Positivo de Ensino, Milena Lima, a edição de 2020 trouxe uma prova complexa.
"Vimos um grande número de questões em que se conseguia depreender
informações do próprio enunciado ou texto base para auxiliar na resolução da
questão, o que exigiu então um nível muito alto de interpretação por parte dos
estudantes", afirma Milena.
Segundo ela, a explicação para isso pode estar no
Novo Ensino Médio. As mudanças propostas para a reformulação do segmento final
da Educação Básica, que começam a ser implantadas em 2021, vão exigir que o
Enem também mude. "Essa mudança não deve acontecer de uma vez, mas a
edição de 2020 do exame já dá sinais de que as provas deverão, aos poucos, seguir
um novo caminho para se alinhar às propostas da Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) para o Novo Ensino Médio", avalia a educadora.
As mudanças previstas para a última etapa da
Educação Básica foram pensadas para conectar essa fase da aprendizagem dos
jovens ao comportamento da geração Z. A reforma traz, entre as principais
novidades, os Itinerários Formativos, que são caminhos personalizados para
aprofundar conhecimentos da Formação Geral Básica e oferecer maior sintonia com
os interesses e o cotidiano dos estudantes. No novo Ensino Médio, o jovem é
incentivado a desenvolver autonomia, autoconfiança, empatia e responsabilidade
para ser competente na escolha da profissão e na solução de problemas
complexos, por exemplo. "As mudanças vão ajudar o aluno no seu
desenvolvimento, o que é fundamental para que ele crie repertório, tenha senso
crítico e capacidade de análise e argumentação, elementos indispensáveis para
que ele se saia bem em qualquer exame", afirma a coordenadora. Segundo
ela, o Enem sempre cobrou do estudante inúmeras habilidades. "Seja a de
argumentar, analisar ou estabelecer relações entre diferentes informações. Isso
sempre foi cobrado, mas agora deve se acentuar ainda mais", comenta.
A especialista acredita que a tendência é que o
Enem passe a se pautar pela matriz da BNCC que, segundo Milena, é global e
desafiadora. "A matriz atual do Enem não está tão alinhada com as
propostas deste Novo Ensino Médio e a tendência é que a organização do exame
comece a se pautar pela matriz curricular da BNCC. A expectativa é que nos
próximos meses seja lançada uma nova matriz para o Enem, em sintonia com a Base
Curricular. Isso deve trazer inovações para o Enem e um termômetro dessa
mudança será o exame seriado, previsto já para 2021", destaca. O Enem seriado
consiste em um sistema de avaliação da Educação Básica para verificar o nível
de aprendizagem dos alunos e a qualidade da Educação. Dentro desse modelo, os
estudantes poderão fazer uma prova em cada um dos três anos do Ensino Médio.
O prazo limite para que a implantação do novo
Ensino Médio esteja concluída é 2024. Até lá, Milena aponta alguns caminhos
para a mudança no Enem: a implantação da BNCC do Ensino Médio, o Enem seriado e
a mudança de perfil dos estudantes. "O Enem precisa acompanhar essa mudança
que é uma transformação social, de pensamento da própria sociedade. Para que o
exame se alinhe com aquilo que se espera do jovem ao final da Educação Básica,
ele precisa se adaptar, se mostrar cada vez mais vinculado ao cotidiano, cada
vez mais prático e refletir melhor a preparação que o estudante teve ao longo
dos últimos anos e aquilo que ele valoriza na vida. Isso está longe de
significar uma prova mais fácil", adverte.
Para a educadora, o novo Ensino Médio tentou ao
máximo se aproximar do estudante, olhar para o jovem com o interesse e respeito
necessários para que essa fase da aprendizagem faça sentido ao aluno. "O
que a nova BNCC propõe é que se enxergue melhor a realidade do estudante e
ofereça algo que faça sentido para ele, que traga significado. O Enem precisa
seguir esse mesmo caminho, refletir uma aprendizagem que faça sentido. Esse
significado se constrói a partir de um contexto e se esse contexto não
respeitar a condição juvenil, suas particularidades e vivências, não estará
alinhado ao jovem de hoje e do futuro", completa.
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