Pacientes com doenças crônicas ou graves,
imunodeficiência, idosos e gestantes estão no grupo que deve estar mais atento
e preocupado com o Coronavírus. A Epilepsia, doença neurológica crônica, merece
uma atenção especial em alguns aspectos, conforme esclarece o Dr. Lécio
Figueira, neurologista e vice-presidente da Associação Brasileira de Epilepsia
– ABE.
“Pessoas com epilepsia em geral não têm baixa
imunidade, ocorrência que pode abrir as portas do organismo para o novo
Coronavírus. Entretanto, há casos em que existe um maior risco de infecção pelo
vírus. “Medicamentos que reduzem a imunidade, por exemplo os corticoides, por
vezes são utilizados no tratamento de pessoas com epilepsia”. Nesses casos
existiria um maior risco, explica Dr. Lécio.
Quem faz uso de imunossupressores tem chances ser
infectado pelo vírus simplesmente por reduzirem a imunidade. Porém, os remédios
que fazem parte de um tratamento habitual da Epilepsia e que são acompanhados
de forma adequada pelo médico do paciente, não trazem riscos.
Dr. Lécio esclarece que as pessoas com epilepsia
não devem reduzir ou parar de tomar os medicamentos de rotina, pois isto pode
aumentar a frequência e/ou gravidade das crises epilépticas e, aí sim, a
necessidade de ir ao hospital surge, expondo a pessoa ao vírus de forma mais
concreta, entrando em contato com infectados.
“É importante lembrar que algumas pessoas com
epilepsia têm outras doenças neurológicas, como sequelas de lesões cerebrais,
deficiências físicas e/ou mentais, maior risco de engasgo etc, que aí sim
aumentam as chances de contrair o Coronavírus. Mas, não é o fato de ter
epilepsia que aumenta as chances, mas os outros fatores que caminham junto”,
explica o médico.
Idosos, pacientes com diabetes, problemas
cardíacos, pulmonares e obesidade são condições que aumentam as chances de
infecção, a pessoa tendo epilepsia ou não”, reforça o médico. Os últimos dados
apresentados pelo Ministério da Saúde (Boletim Epidemiológico Especial 7 –
Coronavírus – 06 de abril de 2020) reforçam esses dados. Até o momento dos 39
pacientes com doenças neurológicas que faleceram, apenas um tinha menos de 60
anos, reforçando que os outros fatores de risco parecem ser mais importantes do
que o fato de ter Epilepsia.
O estresse e ansiedade causados pelo isolamento,
somados a avalanche de informações nem sempre verídicas, são fatores que afetam
o emocional. “Sabemos que pessoas que estão com a saúde psicológica abalada
apresentam piora nas crises epilépticas. É preciso ter cuidado com o
sensacionalismo, dosar o que se vê e o que se ouve e, principalmente, cuidar de
si física e emocionalmente. Se alimente e durma adequadamente”, finaliza Dr.
Lécio.
Além de integrar o quadro diretivo da ABE, Dr.
Lécio é neurologista no Hospital Samaritano de São Paulo. No Hospital das
Clínicas, é médico assistente da Divisão de Clínica Neurológica, integrando os
grupos de Emergências Neurológicas e Epilepsia, e também coordena o Ambulatório
de Epilepsia.
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