Após
mais de um mês do início do isolamento social devido à pandemia, palavras como
homeschooling, educação online, e-learning, e-cafe e e-meeting já se tornaram
parte do vocabulário cotidiano. Quem diria que a transformação digital iria
chegar para todos de uma maneira tão abrupta! E se muitas pessoas já estavam
acostumadas a fazer reuniões via videoconferência, o mesmo não se pode dizer da
educação digital.
Acabamos
conhecendo, pela dor, seu funcionamento e benefícios. Principalmente quem tem
filhos em idade escolar sabe do que estou falando. Segundo o Banco Mundial, são
mais de 1,6 bilhão de crianças e jovens que estão fora da escola em 161 países.
Isso é quase 80% dos estudantes matriculados no mundo!
Com
o que devemos nos preocupar, sendo um impacto imediato para crianças e jovens?
Alguns fatores importantes são as perdas na aprendizagem e o aumento das taxas
de abandono escolar, por exemplo. Nosso país tem um sistema de ensino muito
desigual, e esses impactos negativos serão sentidos principalmente pelos mais
pobres.
E
os métodos de ensino são os mais diversos. Desde a escola que colocou todos
online e encheu os estudantes de lição de casa digital com algumas poucas
interações, até os profissionais que conheceram e aprenderam “na marra” a
utilizar Plataformas de Aprendizagem Massiva (MOOCs). Inclusive algumas delas
aumentaram em até 10x o número de usuários online. Isso sem dizer também as
empresas que faziam suas formações presenciais e agora têm obrigatoriamente que
fazê-las a distância.
Como
profissional de educação digital tenho algumas preocupações quanto ao uso
incorreto de metodologias e tecnologias sem técnica ou preparação. Até porque
famosa máxima de “one size fits all” não funciona bem neste segmento.
O
simples fato de ligar uma câmera e começar a falar, ou realizar uma live no
Instagram não vai fazer com que as pessoas aprendam. O mesmo com quem tem a
genial ideia de apenas pegar os slides de um treinamento presencial e enviá-los
para a turma. O conteúdo não será magicamente absorvido.
A
interrupção do ano letivo atrapalha completamente a vida de alunos, pais e
professores. E medidas podem ser tomadas para reduzir o impacto. O aprendizado
baseado em neurociência tem fases e existem excelentes ferramentas digitais
para cada uma delas.
O
primeiro passo é despertar a atenção e interesse das pessoas para a importância
do conteúdo. E, para isso, é sim possível usar um vídeo curto que mostre qual o
benefício do que é aprendido ou onde e quando será possível utilizar este
aprendizado.
Depois
é necessário que o aluno consuma o conteúdo em si. Agora que o contexto já é
conhecido, é possível compartilhar um texto ou mesmo um curso digital.
Na
sequência é necessário que se façam testes ou simulações em ambientes
controlados onde o erro é permitido. Somente assim, ao avaliar a absorção dos
conhecimentos, que se terá o feedback necessário para aparar as arestas e
percorrer o caminho do aprendizado da maneira certa.
Após
estas três etapas é hora da prática. Será necessário ter um canal aberto com
outras pessoas para tirar dúvidas, além de disponibilizar uma FAQ e até guias
de ajuda para o dia a dia. Este último recurso pode ser desde uma simples
anotação até o suporte de robôs com inteligência artificial. Aqui vai da
necessidade e a criticidade do conteúdo.
Com
estes momentos superados, a “mágica” da aprendizagem tem maior chance de
sucesso.
A
dica aqui é bem simples: use e abuse das maravilhas da tecnologia para a
educação. Mas, por favor, se atente à importância de adotar um método e ter
organização. Somente assim haverá a garantia de que o processo seja eficaz, não
apenas uma alternativa de entretenimento durante a pandemia.
Luiz Alexandre
Castanha - especialista em Gestão de Conhecimento e Tecnologias Educacionais.
Mais informações em https://alexandrecastanha.wordpress.com/
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