Por segurança,
entrada de visitantes está proibida em muitos hospitais; para reduzir a
distância e a ansiedade comum ao internamento, equipes de saúde promovem
visitas virtuais por vídeo-chamada
Com a pandemia de coronavírus, o acesso de
visitantes às Unidades de Terapia Intensiva está cada dia mais restrito. Na UTI
Geral do Hospital Santa Cruz, por exemplo, a entrada de familiares e amigos foi
interrompida no início de abril. A mudança foi necessária para reforçar a
segurança assistencial e reduzir as chances de contágio pela Covid-19. Diante
deste cenário, a atuação da psicologia ganhou importância ainda maior no apoio
tanto ao paciente, quanto à família, para ajudar a reduzir a ansiedade criada
pelo distanciamento.
“Antes, tínhamos três horários de visita, sendo
permitida a entrada de duas pessoas por período, além da possibilidade de
visita estendida em alguns casos. Era o momento que tínhamos para conhecer a
família, entender como eles estavam vivenciando o momento e passar a informação
médica na beira do leito. A interrupção completa das visitas nos fez adequar
esses processos para reforçar também a assistência psicológica. Hoje, estamos
realizando visitas virtuais por meio de vídeo-chamada”, explica a psicóloga da
UTI Geral do Hospital Santa Cruz, Jenima Vilches.
Até o início da visita por vídeo, no entanto, há um
protocolo minucioso. Primeiro, o paciente precisa estar disposto e tranquilo
para o contato com a família. Depois, a psicóloga orienta os familiares sobre
como se comportar durante a vídeo-chamada para não gerar ainda mais preocupação
ou desconforto. “Muitas vezes, o paciente não quer falar ou prefere fazer
contato apenas por voz. Temos que avaliar tudo isso para que o momento não
cause mais uma ansiedade para o paciente ou para os visitantes”, destaca Jenima.
A iniciativa tem se mostrado bastante eficiente. A
paciente Aline Guedes dos Santos precisou de cuidados intensivos após o
nascimento de sua filha. Dentro da UTI Geral, ela ficou sem contato com a bebê,
que permaneceu na maternidade, e com o marido, que foi orientado a aguardar a
alta em casa. “Reunimos na mesma vídeo-chamada a mãe e o esposo da Aline, mas
incluímos também a equipe do berçário para que todos pudessem ver a bebê. Foi
uma experiência muito gratificante”, completa a psicóloga.
As visitas virtuais também estão ajudando os
pacientes hospitalizados que enfrentam a Covid-19. Nesse caso, o contato físico
com familiares e amigos é suspenso por completo para garantir o isolamento
durante o período de transmissão do vírus e evitar o contágio de outras
pessoas. “Para amenizar essa distância e acolher as ansiedades, implementamos
as vídeo-chamadas na UTI Respiratória e na unidade de internação onde ficam os
pacientes suspeitos ou confirmados com coronavírus”, indica Jenima.
Informação médica
Além das visitas virtuais, a tecnologia tem sido
uma grande aliada no fortalecimento da confiança entre o hospital e os
familiares. Pelo menos uma vez ao dia, o médico conversa por telefone com o
acompanhante responsável pelo paciente para informar sobre o estado geral de
saúde, as mudanças no tratamento e a evolução do quadro clínico. “Como
psicóloga, acompanho tudo para fazer o trabalho de vínculo, explicar como é o
ambiente da UTI e como atua a equipe multidisciplinar”, indica Jenima.
Quando as informações são mais difíceis ou demandam
decisões mais complexas, médico e psicóloga fazem contato com a família por
vídeo-conferência. “Quando uma pessoa fica doente, a família entrega ela para
uma equipe médica desconhecida, formada por diferentes profissionais com atuações
distintas. Por isso, é importante que a comunicação seja efetiva não só para
aquele que recebe os cuidados, como também para aqueles que estão ao lado do
aguardando a recuperação”, pontua a psicóloga.
Hospital Santa Cruz
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