Dados de morte materna pela COVID somem
das estatísticas oficiais
Todo ano, aos 28 de maio, o Dia Nacional de Redução
da Mortalidade Materna, gineco-obstetras, entidades médicas, organizações
de mulheres e instituições plurais interrelacionadas à saúde destacam esse
antigo drama das brasileiras de todas as classes, em especial das mais
vulneráveis socialmente.
Neste 2020, a data ganha contorno de
relevância ainda maior e de preocupação ímpar. O Brasil, que há anos
distancia-se de cumprir o estabelecido pelos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), vê suas taxas
piorarem ainda mais, em decorrência de um quadro que mescla falhas de gestão e
falta de transparência na divulgação de óbitos provocados pela Covid-19.
A realidade – estarrecedora - é a de
que não há dados oficiais sobre a morte de mulheres grávidas vítimas do Sars-CoV-2.
São poucos os estados que oferecem estes dados, mas não são poucas as notícias
veiculadas pela imprensa.
“Nosso país precisa se estruturar para
o atendimento das gestantes com COVID”, afirma a presidente da Associação de
Obstetrícia e Ginecologia do estado de São Paulo, SOGESP, Rossana Pulcineli
Vieira Francisco.
Antes da pandemia, os índices de
mortalidade materna do País já se encontravam elevados, colocando-o muito acima
da meta da Organização das Nações Unidas para 2015 (isso mesmo, para cinco anos
atrás), que previa a redução de 35 para cada 100 mil nascidos vivos. Estamos
mais longe ainda do patamar tido como aceitável pela Organização Mundial de
Saúde (OMS), de 20 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos.
“É uma situação grave e extremamente
triste, pois um óbito materno acaba mexendo com toda a estrutura familiar”,
destaca Rossana. Além da perda teoricamente evitável de uma vida, há uma
criança que ficará sem uma mãe para cuidar dela e um núcleo de parentes
desestruturado por negligência com a questão. É urgente discutir essas mortes estão ocorrendo e como isso irá
impactar na razão de morte materna do Brasil”.
Na atual conjuntura, é imperativo a
conscientização da sociedade. O pré-natal, assim como todo o protocolo de
assistência à gestante tem que continuar normalmente. É indispensável que as
futuras mães estejam informadas de que prosseguir com o acompanhamento à
gravidez pode salvar sua vida e a do bebê.
Aliás,
não é hora nem de se cogitar em abandonar o pré-natal. As gestantes têm de se
cuidar com mais e mais atenção, vislumbrando a meta de um parto tranquilo,
seguro e humanizado, em uma estrutura organizada e estruturada.
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