A estratégia tem como
foco os estados que são vizinhos ou limítrofes e que estão com circulação do
vírus. São eles: Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Rio Grande
do Sul e Pará
O Ministério da Saúde
realiza, até o dia 31 de março, a Campanha de Vacinação contra a febre amarela
em seis estados vizinhos ou limítrofes onde há circulação do vírus: Mato Grosso
do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Pará. A vacina é
a forma mais segura e eficaz de evitar a doença e é indicada para pessoas entre
9 meses e 59 anos de idade. Contudo, grávidas ou pessoas com 60 anos ou mais
devem procurar orientações no serviço de saúde para avaliar a pertinência da
vacinação. A estimativa de pessoas não vacinadas nesses estados é de
aproximadamente 4,7 milhões de pessoas.
“A febre amarela
apresenta alta letalidade, por isso é importante que a população atenda aos
alertas dos serviços de saúde para vacinação, e desta formar prevenir a
ocorrência de casos, óbitos e surtos de maior magnitude. A vacina é segura e
altamente eficaz (acima de 95%)”, afirma o coordenador-geral de
vigilância em arbovirose do Ministério da Saúde, Rodrigo
Said. Para prevenir a doença, basta que o público-alvo da vacina busque um dos
43 mil postos de saúde existentes em todo o país.
Atualmente, 33
municípios estão afetados pela circulação do vírus e estão distribuídos nos
estados do Paraná (24), São Paulo (3), Santa Catarina (5) e Pará (1), e 119
municípios ampliados (circunvizinhos àqueles afetados), localizados nos estados
do Paraná (55), São Paulo (27), Santa Catarina (27) e Pará (10). Além desses
estados, o Ministério da Saúde decidiu incluir os estados da Região Sul por
causa da dispersão do vírus para esses locais, por meio dos chamados
‘corredores ecológicos’, faixas de vegetação interligadas que possibilitam o
deslocamento da fauna e flora.
A estimativa de não
vacinados contra a febre amarela em todo o país é de 118,2 milhões de pessoas e
a meta de cobertura vacinal é de alcançar pelo menos 95% desse total. De acordo
com dados preliminares do Programa Nacional de Imunização (PNI), o Brasil, no
acumulado de doses da vacina febre amarela entre 2008 e 2019, registrou apenas
40,5% de cobertura vacinal. O Ministério da Saúde alerta que a febre amarela
apresenta alta letalidade e é importante que a população atenda aos alertas dos
serviços de saúde para vacinação, e desta formar prevenir a ocorrência de
casos, óbitos e surtos de maior magnitude.
Para atender os
serviços de vacinação de rotina nos postos de saúde, ao longo do ano, e
implementar as ações de intensificação vacinal nas áreas com circulação do
vírus, o Ministério da Saúde distribuiu aos estados 3,8 milhões de doses, 100%
das doses solicitadas. Entre janeiro e dezembro de 2019, cerca de 16,5 milhões
de doses da vacina febre amarela foram enviadas para as 27 Unidades da
Federação.
VIGILÂNCIA
PARTICIPATIVA
Para fortalecer o
sistema de vigilância com informações precisas e rápidas, o Ministério da Saúde
implantou, em 2019, o aplicativo móvel do Sistema de Informação em Saúde
Silvestre (SISS-Geo). Ele já está disponível nas lojas Google Play e Apple
Store e permite que trabalhadores dos parques ecológicos, profissionais de
saúde e a população em geral relatem quando verem uma epizootia, ou seja, um
macaco morto. Assim, ao ver o animal, o cidadão pode fazer uma foto e enviar
pelo próprio aplicativo. Neste caso, pode ser um alerta da circulação do vírus
da febre amarela naquela área.
De acordo com o
coordenador Rodrigo Said, a confirmação do aumento da frequência de epizootias
em primatas não humanos (PNH) colocou em alerta o sistema de vigilância do
país, em função do elevado risco de ocorrência de casos humanos nas áreas com
registro de transmissão. “A implantação do SISS-Geo possibilitou definir áreas
prioritárias para ações de vigilância e imunização. A partir dessa análise foi
verificada a possibilidade de dispersão do vírus nas áreas incluídas na
campanha, afetando populações sem registro da doença há anos ou décadas”,
explicou Said.
O celular captura a
área geográfica que o macaco foi encontrado e permite mapear as regiões de
abrangência a partir da base de vegetação do IBGE. Assim, avaliando os
corredores ecológicos, consegue-se prever as próximas áreas de infecção pela
febre amarela. Os macacos são importantes indicadores da presença do vírus.
No ano passado, a
região Sul participou do projeto-piloto e a ideia é expandir para todo o
Brasil, em 2020. No estado do Paraná, o aplicativo começou a ser utilizado
gradativamente pelos municípios no ano passado e cerca de 95% dos gestores de
saúde já fazem uso do aplicativo.
O Ministério da Saúde
vai promover oficinas para preparar profissionais da Vigilância em Saúde para o
monitoramento dos períodos sazonais da febre amarela. Neste ano, as oficinas
terão início pela Região Nordeste (30/3 a 4/4), depois terão continuidade no
Sudeste (13/4 a 17/5) e Centro-Oeste (11/5 a 15/6).
Com esta iniciativa,
o Ministério da Saúde espera otimizar os processos de análise de dados para a
tomada de decisão. Além disso, pretende estimular a participação da comunidade
na rotina de vigilância de epizootias e a formação de profissionais multiplicadores
dos conhecimentos apresentados nos treinamentos. Dessa forma, a pasta espera
que a agilidade das informações resulte em análises mais precisas.
A implantação do
SiSS-Geo já possibilitou, por exemplo, definir as áreas prioritárias para ações
de vigilância e imunização. A partir disso, o Ministério da Saúde elaborou o
Plano de Ação para monitoramento do período sazonal da febre amarela e decidiu
incluir a região Sul entre as áreas prioritárias para a Campanha de Vacinação.
“Foi uma revolução para a vigilância, porque a gente tinha dificuldade de
conseguir as notificações, mesmo elas sendo compulsórias, obrigatórias. Com o
aplicativo, os canais de comunicação se concentraram em um só e as informações
chegam muito rápido, ressalta a médica veterinária do Centro de Informações
Estratégicas e Resposta de Vigilância em Saúde (CIEVS) do Paraná, Paula Linder.
O Sistema de
Informação em Saúde Silvestre (SISS-Geo) foi criado em 2014, pela Plataforma
Institucional Biodiversidade e Saúde Silvestre (PIBSS) da Fiocruz para auxiliar
o monitoramento de animais silvestres no Brasil. O objetivo é auxiliar a
vigilância de arboviroses e outras zoonoses em todo o Brasil. Foi no ano de
2014 que o vírus da febre começou a avançar pelo Brasil, a partir da
reemergência na região Centro-Oeste.
Vanessa Aquino
Agência Saúde
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