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terça-feira, 17 de março de 2020

Estresse e transtorno de ansiedade: como as operadoras podem ajudar a vencer o mal do século


A saúde mental se tornou um assunto cada vez mais discutido em nossa sociedade. Com o aumento do número de diagnósticos em praticamente todas as faixas etárias, questões como estresse e transtorno de ansiedade se tornaram preocupações para a maioria das pessoas, sobretudo na comunidade médica. Não é à toa que campanhas como Janeiro Branco ganharam espaço na mídia.

Mas de que forma isso impacta as operadoras de plano de saúde? O que essas organizações, em parceria com as empresas, podem fazer para cooperar com o tratamento e a prevenção desses problemas? Dra. Thaís Sobhie, psicóloga e analista de Qualidade na Sharecare, e a Dra. Ana Claudia Pinto, médica especialista em Gestão de Qualidade de Vida e diretora de Produtos e Soluções Digitais na Sharecare explicam:

O foco na saúde mental cresceu no último século por diferentes motivos. Por um lado, temos o reconhecimento e a popularização da Psicologia e da própria Psicanálise como áreas de estudo, pesquisa e tratamento. Consequentemente, é natural que mais diagnósticos sejam feitos e a sociedade passe a discutir mais abertamente algo que antes não era compreendido como problema médico.

Por outro lado, a forma de viver a vida mudou drasticamente nos últimos séculos, principalmente na era da tecnologia e da informação. A comunicação, o consumo e as relações humanas se tornaram intensas, inclusive no ambiente de trabalho. Logo, as pessoas ficaram ainda mais pressionadas — tanto pelos grupos ao seu redor, quanto por si mesmas.

Quantas vezes ouvimos um colega ou familiar dizer ao final do dia: “hoje estou estressado”? A questão, como bem explica a psicóloga Dra. Thaís Sobhie é “entender de forma conceitual” o que é estresse e ansiedade, assim como outros problemas comuns de saúde mental.

Isso significa entender o que significa, do ponto de vista clínico, sofrer de estresse ou ansiedade — ou seja, fugir do senso comum e do achismo, tratando o assunto com o cuidado e a seriedade que ele merece.



Estresse

No exemplo trazido acima, é provável que a pessoa esteja cansada após um longo dia de trabalho. Porém, “estresse e cansaço não são sinônimos“, explica a Dra. Thaís.

“O estresse é essencial para a sobrevivência, mas a exposição constante ao estímulo estressante acarreta consequências danosas ao organismo”. Segundo ela, alguns sintomas são: urina em excesso, boca seca, sudorese, refluxo, tensão constante, tristeza, esgotamento e desânimo.


Ansiedade

A ansiedade, por sua vez, é um sentimento relacionado a medo e apreensão, podendo ocorrer de forma pontual ou episódica.

Segundo a Dra. Thaís, ela se torna um problema médico quando ultrapassa alguns limites, como a quantidade de ocorrências, a duração da crise, o impacto e se é coerente com o fator causador do evento.


Depressão

A depressão se soma ao grupo de problemas médicos que mais preocupam. Apesar de muitas vezes vir acompanhada de eventos de estresse e ansiedade, além de se apresentar de forma diferente em cada pessoa, ela tem um efeito específico: a perda da vitalidade.

Especialistas no assunto, como o professor e pesquisador norte-americano Andrew Solomon, explicam que ela não pode ser confundida com tristeza. Seu livro sobre o tema, intitulado O demônio do meio dia: uma anatomia da depressão, é referência mundial no assunto por abordar a questão de forma muito rica em diferentes aspectos.

Conforme o autor explica na obra, sofrer é natural, mas a depressão compromete a capacidade de a pessoa de viver. Além disso, gera um sofrimento longo e desproporcional ao evento que a causou.


Os problemas de saúde mental no Brasil e no mundo

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), uma em cada quatro pessoas deve enfrentar algum tipo de problema de saúde mental ao longo da vida. Atualmente, são cerca de 450 milhões de pessoas sofrendo de algum tipo de condição — dado que coloca as doenças mentais entre as principais causas de problemas de saúde em todo o mundo.

No Brasil, o cenário é ainda mais alarmante. Conforme mostra uma pesquisa da Isma-BR, representante da International Stress Management Association no Brasil, em torno de 90% dos brasileiros mostram sinais de ansiedade. Além disso, outro relatório da instituição revela que cerca de 70% da população economicamente ativa apresenta excesso de estresse.

A Dra. Thaís Sobhie aponta que, segundo o Atlas de Saúde Mental 2017 da OMS, baixos níveis de reconhecimento e acesso a cuidados resultam em uma perda econômica global de um trilhão de dólares todos os anos.


Os impactos nos planos de saúde

“É sabido que as pessoas que têm alterações emocionais estão mais suscetíveis a desenvolverem outras doenças, aumentando ainda mais a utilização dos recursos em saúde”, explica a Dra. Thaís.

Isso, ainda segundo a especialista, leva a situações como:
  • aumento do número de consultas e internações psiquiátricas;
  • necessidade de sessões de terapia;
  • passagens pelo Pronto-Socorro.
A Dra. Ana Claudia Pinto, especialista em Gestão de Qualidade de Vida, pontua que, se uma pessoa com diabetes vive um transtorno mental, o custo se torna muito maior, pois nesse caso o tratamento passa a ser mais complexo.

E não são apenas as operadoras de saúde que passam a observar gastos expressivos, o transtorno mental “por si só”, ela conclui, “é ruim também para as empresas contratantes por conta de absenteísmo, afastamento, perda de produtividade e seguro acidente de trabalho”.


Como os planos de saúde podem melhorar esse cenário

Se a saúde mental no ambiente corporativo vem sendo discutida mais abertamente, é nos planos de saúde que as pessoas ainda procuram por uma solução para esse tipo de problema. Por isso, as operadoras podem colaborar por meio do oferecimento de programas clínicos que beneficiem os usuários e, consequentemente, reduzam custos com serviços médicos.

Entretanto, é interessante ter em mente que as ações devem ser completas e alinhadas. Isso significa que o trabalho deve incluir os cuidados com a saúde como um todo, além de fomentar a prevenção, para reduzir o desenvolvimento de problemas mais sérios. Em outras palavras, o plano de saúde deve ser mais que um simples conjunto de serviços médicos — ele precisa gerenciar as demandas dos usuários.

A Dra. Ana Claudia explica, por exemplo, que “os casos leves são aqueles em que só com mudança de hábito já se consegue gerenciar o estresse”. Para isso, é necessário fazer um acompanhamento individual e confidencial, por meio do qual a pessoa é orientada. Ela ressalta que, se o caso não é resolvido no automonitoramento, devem ser feitos contatos telefônicos e o encaminhamento para um médico.

Para a Dra. Thaís Sobhie, “os programas de saúde mental devem oferecer orientações de acordo com a jornada da pessoa.” Ela ainda completa: “em primeiro lugar, é preciso ter a cultura de olhar o ser humano como um ser integral. Depois podem ser geradas ações que contribuam para o equilíbrio da saúde emocional”.

Nesse sentido, é fundamental que as operadoras “conheçam sua população, identifiquem as suas necessidades e dificuldades”, ressalta Thaís. “É preciso fazer o mapeamento de acordo com o que se quer saber.”

Adotar soluções de saúde é uma forma de transformar esse olhar apurado em práticas mais efetivas de cuidado com a população. No entanto, sabemos que nem toda operadora conta com a expertise necessária para o desenvolvimento dessa estratégia. A boa notícia é que existem empresas especializadas, como a Sharecare, que podem atuar ao seu lado para criar este tipo de programa.

Confira a seguir alguns dos caminhos possíveis.


Soluções clínicas como foco em saúde mental

Um programa voltado à saúde mental é uma ótima estratégia para lidar com eventuais transtornos mentais na sua população. A Sharecare, por exemplo, ajuda a reconhecer pessoas com Condições Mentais Comuns (CMC) e oferecer o devido suporte para cada uma delas, de forma personalizada e de acordo com as necessidades específicas do indivíduo.

Essa é uma forma eficaz de oferecer apoio em duas frentes: no cuidado de beneficiários que já enfrentam problemas dessa natureza e na prevenção de outros casos em toda a população. O resultado é uma redução dos custos médicos e a melhora da qualidade de vida das pessoas.

Outras soluções podem ser integradas para promover resultados ainda melhores. Como exemplo, podemos citar o coaching preventivo, que ajuda cada indivíduo a desenvolver hábitos mais saudáveis e identificar as causas dos seus problemas, e programas voltados a doenças crônicas. É sempre válido ressaltar que questões de saúde mental, apesar das suas particularidades, estão correlacionadas à saúde física como um todo.

Somos seres biopsicossociais, o que significa que questões biológicas, psicológicas e sociais estão interligadas, influenciando umas nas outras. Assim, o autocuidado deve abranger todos os níveis, já que a qualidade de vida depende do equilíbrio entre todos os fatores.


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