A saúde mental se tornou um assunto cada
vez mais discutido em nossa sociedade. Com o aumento do número de diagnósticos
em praticamente todas as faixas etárias, questões como estresse e transtorno de
ansiedade se tornaram preocupações para a maioria das pessoas, sobretudo
na comunidade médica. Não é à toa que campanhas
como Janeiro Branco ganharam espaço na mídia.
Mas de que forma isso impacta as operadoras de
plano de saúde? O que essas organizações, em parceria com as empresas, podem
fazer para cooperar com o tratamento e a prevenção desses
problemas? Dra. Thaís Sobhie, psicóloga e analista de Qualidade na Sharecare,
e a Dra. Ana Claudia Pinto, médica especialista em Gestão de Qualidade de
Vida e diretora de Produtos e Soluções Digitais na Sharecare explicam:
O foco na saúde mental cresceu no último século por
diferentes motivos. Por um lado, temos o reconhecimento e a popularização
da Psicologia e da própria Psicanálise como
áreas de estudo, pesquisa e tratamento. Consequentemente, é natural que mais
diagnósticos sejam feitos e a sociedade passe a discutir mais abertamente algo
que antes não era compreendido como problema médico.
Por outro lado, a forma de
viver a vida mudou drasticamente nos últimos séculos,
principalmente na era da tecnologia e da informação. A comunicação, o consumo e
as relações humanas se tornaram intensas, inclusive no ambiente de trabalho.
Logo, as pessoas ficaram ainda mais pressionadas — tanto pelos grupos ao seu
redor, quanto por si mesmas.
Quantas vezes ouvimos um colega ou familiar dizer
ao final do dia: “hoje estou estressado”? A questão, como bem explica a
psicóloga Dra. Thaís Sobhie é “entender de forma conceitual” o que é estresse e
ansiedade, assim como outros problemas comuns de saúde mental.
Isso significa entender o que significa, do ponto
de vista clínico, sofrer de estresse ou ansiedade — ou seja, fugir do senso
comum e do achismo, tratando o assunto com o cuidado e a seriedade que ele
merece.
Estresse
No exemplo trazido acima, é provável que a pessoa
esteja cansada após um longo dia de trabalho. Porém, “estresse e
cansaço não são sinônimos“, explica a Dra. Thaís.
“O estresse é essencial para a sobrevivência, mas a
exposição constante ao estímulo estressante acarreta consequências danosas ao
organismo”. Segundo ela, alguns sintomas são: urina em excesso, boca seca,
sudorese, refluxo, tensão constante, tristeza, esgotamento e desânimo.
Ansiedade
A ansiedade, por sua vez, é um sentimento
relacionado a medo e apreensão, podendo ocorrer
de forma pontual ou episódica.
Segundo a Dra. Thaís, ela se torna um problema
médico quando ultrapassa alguns limites, como a quantidade de
ocorrências, a duração da crise, o impacto e se é
coerente com o fator causador do evento.
Depressão
A depressão se soma ao grupo de problemas médicos
que mais preocupam. Apesar de muitas vezes vir acompanhada de eventos de
estresse e ansiedade, além de se apresentar de forma diferente em cada pessoa,
ela tem um efeito específico: a perda da vitalidade.
Especialistas no assunto, como o professor e
pesquisador norte-americano Andrew Solomon, explicam que ela não pode ser
confundida com tristeza. Seu livro sobre o tema, intitulado O demônio
do meio dia: uma anatomia da depressão, é referência mundial no
assunto por abordar a questão de forma muito rica em diferentes aspectos.
Conforme o autor explica na obra, sofrer é natural,
mas a depressão compromete a capacidade de a pessoa de viver. Além disso, gera
um sofrimento longo e desproporcional ao evento que a causou.
Os problemas de saúde mental
no Brasil e no mundo
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde
(OMS), uma em cada quatro pessoas deve enfrentar algum tipo de problema de
saúde mental ao longo da vida. Atualmente, são cerca de 450 milhões
de pessoas sofrendo de algum tipo de condição — dado que
coloca as doenças mentais entre as principais causas de problemas de saúde em
todo o mundo.
No Brasil, o cenário é ainda mais alarmante.
Conforme mostra uma pesquisa da Isma-BR, representante da International
Stress Management Association no Brasil, em torno de 90% dos
brasileiros mostram sinais de ansiedade. Além disso,
outro relatório da instituição revela que cerca de 70%
da população economicamente ativa apresenta excesso de estresse.
A Dra. Thaís Sobhie aponta que, segundo
o Atlas de Saúde Mental 2017 da OMS, baixos níveis de reconhecimento e
acesso a cuidados resultam em uma perda econômica global de um trilhão de dólares
todos os anos.
Os impactos nos planos de
saúde
“É sabido que as pessoas que têm alterações
emocionais estão mais suscetíveis a desenvolverem outras doenças, aumentando
ainda mais a utilização dos recursos em saúde”, explica a Dra. Thaís.
Isso, ainda segundo a especialista, leva a
situações como:
- aumento do número de consultas e internações psiquiátricas;
- necessidade de sessões de terapia;
- passagens pelo Pronto-Socorro.
A Dra. Ana Claudia Pinto, especialista
em Gestão de Qualidade de Vida, pontua que, se uma pessoa com
diabetes vive um transtorno mental, o custo se torna muito maior, pois nesse
caso o tratamento passa a ser mais complexo.
E não são apenas as operadoras de saúde que passam
a observar gastos expressivos, o transtorno mental “por si só”, ela conclui, “é
ruim também para as empresas contratantes por conta de absenteísmo,
afastamento, perda de produtividade e seguro acidente de trabalho”.
Como os planos de saúde podem
melhorar esse cenário
Se a saúde mental no ambiente
corporativo vem sendo discutida mais abertamente, é nos planos de saúde
que as pessoas ainda procuram por uma solução para esse tipo de problema. Por
isso, as operadoras podem colaborar por meio do oferecimento de programas clínicos
que beneficiem os usuários e, consequentemente, reduzam
custos com serviços médicos.
Entretanto, é interessante ter em mente que as ações
devem ser completas e alinhadas. Isso significa que o
trabalho deve incluir os cuidados com a saúde como um todo, além de fomentar a
prevenção, para reduzir o desenvolvimento de problemas
mais sérios. Em outras palavras, o plano de saúde deve ser mais que um simples
conjunto de serviços médicos — ele precisa gerenciar as
demandas dos usuários.
A Dra. Ana Claudia explica, por exemplo, que “os
casos leves são aqueles em que só com mudança de hábito já se consegue
gerenciar o estresse”. Para isso, é necessário fazer um acompanhamento
individual e confidencial, por meio do qual a pessoa é
orientada. Ela ressalta que, se o caso não é resolvido no automonitoramento,
devem ser feitos contatos telefônicos e o encaminhamento para um médico.
Para a Dra. Thaís Sobhie, “os programas de saúde
mental devem oferecer orientações de acordo com a jornada da
pessoa.” Ela ainda completa: “em primeiro lugar, é preciso ter
a cultura de olhar o ser humano como um ser integral.
Depois podem ser geradas ações que contribuam para o equilíbrio da saúde
emocional”.
Nesse sentido, é fundamental que as operadoras “conheçam
sua população, identifiquem as suas necessidades e
dificuldades”, ressalta Thaís. “É preciso fazer o mapeamento de acordo com o
que se quer saber.”
Adotar soluções de saúde é uma forma de transformar
esse olhar apurado em práticas mais efetivas de cuidado com a população.
No entanto, sabemos que nem toda operadora conta com a expertise necessária
para o desenvolvimento dessa estratégia. A boa notícia é que existem empresas
especializadas, como a Sharecare, que podem atuar ao seu lado para criar este
tipo de programa.
Confira a seguir alguns dos caminhos possíveis.
Soluções clínicas como foco em
saúde mental
Um programa voltado à saúde mental é uma
ótima estratégia para lidar com eventuais transtornos mentais na sua população.
A Sharecare, por exemplo, ajuda a reconhecer pessoas com Condições
Mentais Comuns (CMC) e oferecer o devido suporte para cada
uma delas, de forma personalizada e de acordo com as necessidades específicas
do indivíduo.
Essa é uma forma eficaz de oferecer apoio em duas
frentes: no cuidado de beneficiários que já enfrentam problemas dessa natureza
e na prevenção de outros casos em toda a população. O resultado é uma redução dos
custos médicos e a melhora da qualidade
de vida das pessoas.
Outras soluções podem ser integradas para promover
resultados ainda melhores. Como exemplo, podemos citar o coaching
preventivo, que ajuda cada indivíduo a desenvolver hábitos mais saudáveis e
identificar as causas dos seus problemas, e programas voltados a doenças
crônicas. É sempre válido ressaltar que questões de saúde
mental, apesar das suas particularidades, estão correlacionadas à saúde física
como um todo.
Somos seres biopsicossociais,
o que significa que questões biológicas, psicológicas e sociais estão
interligadas, influenciando umas nas outras. Assim, o autocuidado deve abranger
todos os níveis, já que a qualidade de vida depende do equilíbrio entre todos
os fatores.
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