Comprometimento
do bem-estar, humor disfórico, fadiga sem causa aparente e alteração do peso
são alguns dos sintomas da Síndrome da Insuficiência Androgênica (SIA), na
mulher. Caracterizada pela diminuição da produção de hormônios como a
testosterona, a discussão sobre o tema foi negligenciada durante muito tempo,
porém, com a quebra de muitos tabus, hoje o debate sobre a síndrome passou a
ser natural e extremamente importante.
Apesar de
ser mais comum em mulheres que já chegaram na menopausa, as jovens também podem
ser acometidas pela SIA, principalmente por conta do uso de medicamentos como
os anticoncepcionais - considerados os vilões. Algumas composições químicas
estão relacionadas à diminuição da produção dos esteroides adrenais, que são
hormônios da glândula adrenal. No entanto existem outras causas, como a
retirada de ovários (oforectomia), anorexia nervosa, artrite reumatoide, lúpus
eritematosos sistêmicos e síndrome de imunodeficiência adquirida.
Os
principais andrógenos produzidos pela mulher são a testosterona,
androstenediona, sulfato de desidroepiandrosterona e di-hidrotestosterona. A
queda da produção desses hormônios acarreta a insuficiência androgênica,
reduzindo assim o desejo sexual, elemento essencial para a saúde reprodutiva.
Dessa forma, diferentes alterações surgem no corpo da mulher, como os sintomas
já citados e outros, tais como a perda da massa magra e óssea, alteração na
memória e cognição, persistência dos sintomas vasomotores e da lubrificação
vaginal.
Além dos
elementos externos, fatores naturais do próprio corpo também podem causar
insuficiência androgênica. É o caso da menopausa. Diversos estudos concluem que
ocorre queda significativa das dosagens de testosterona em função da idade. A
partir dos 40 anos, o organismo feminino passa a produzir metade da quantidade
de testosterona que produzia aos 20.
Assim, o
diagnóstico de SIA é basicamente clínico, porém pode-se realizar dosagens
hormonais para verificar se existem outras doenças e para o acompanhamento do
tratamento clínico, que será realizado com a reposição de hormônios em forma de
gel, comprimidos, injeções ou implantes - método mais recomendável.
Hoje temos no mercado, os Implantes Isomoleculares
que são compostos de origem vegetal formulados para ter uma estrutura idêntica
aos hormônios humanos. Nas doses atualmente preconizadas, os benefícios sobre
massa óssea, sexualidade e qualidade de vida são alcançados sem importantes
efeitos colaterais.
As
contraindicações da reposição androgênica na mulher podem ser divididas em
absolutas (nos casos de gravidez, lactação, policitemia, acne grave,
hiperplasia ou câncer endometrial, câncer de mama, cardiopatias, insuficiência
renal e hepatopatias) e relativas (quando há hirsutismo e acne moderada,
alopecia androgênica, hiperlipidemia e síndrome metabólica).
Com o
avanço do tempo e da medicina, finalmente, muitos paradigmas do universo
feminino estão sendo quebrados e temas essenciais para a saúde da mulher já
podem ser debatidos. Assuntos que há algum tempo causavam certos
constrangimentos, agora podem ser tratados abertamente, sem que haja nenhum
tipo de falso moralismo disfarçado de pudor.
Dra. Raquel Martins Soares - médica ginecologista na Clínica Femminile
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