Veja com a educação pode evitar o crescimento da
violência
No Brasil, homens jovens morrem onze vezes mais que
mulheres em situações ligadas à violência na rua, por outro lado, é crescente o
número de mortes por violência contra a mulher dentro de casa, esses são
números do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Dados do Ministério da Saúde registra, que a cada 4
minutos uma mulher é agredida. Em 2018, foram registrados mais de 145 mil casos
de violência física, sexual e psicológica. Só na Região Metropolitana do Vale
do Paraíba, são registrados nas DDMs (Delegacia da Mulher) 20 boletins
diariamente.
Essa informação é um convite para os pais
refletirem. O que está acontecendo com a estrutura familiar dos brasileiros?
Como estão educando seus filhos?
Analisando esses dados a Educadora em Sexualidade
Lilian Macri diz que é muito comum, pais de forma inconsciente, educarem seus
filhos meninos para serem violentos levando a vivência do que chamamos de
masculinidade tóxica. “Esse comportamento vem da crença que homem que é homem
não chora, não leva desaforo para casa, homem tem que pegar todas, arruma briga
no trânsito, etc. De forma crônica vamos retirando dos nossos meninos a
possibilidade de vivenciar características do ser humano como todo. Trabalhar
sentimentos, conversar sobre eles, faz parte do desenvolvimento saudável de
qualquer criança. Isto ajuda inclusive, no cuidado que eles terão com eles
mesmos no que diz à atenção à saúde na vida adulta. Não só as meninas precisam
ter este direito”, explica a especialista.
Falar sobre sentimentos não é coisa de mulher ou de
gente “fraca”. É coisa de ser humano que tem a possibilidade de crescer bem
resolvido e feliz. Mas, infelizmente nem todas as famílias e escolas conseguem
colocar isto em prática.
As grandes desigualdades de gênero que afetam
meninas e meninos começam a ser construídas pela educação que as famílias dão a
eles desde pequenos. O mesmo caminho que leva à violência doméstica também leva
às estatísticas que homens morrem mais em situação de violência nas ruas.
De acordo com a educadora tudo começa dentro de
casa, com os exemplos dos próprios pais. “É dentro de casa que devemos ensinar
que as meninas devem ter as mesmas possibilidades que os meninos. Entre irmãos,
vamos exercitando que o menino não pode decidir a roupa da menina ou outras
coisas dela. Também deve ser ensinado que meninos podem sim expressar
sentimentos e, que podem não revidar uma provocação numa situação de violência
e que isto não irá torná-lo “menos homem”, e assim, retirá-lo da situação de
risco. Ao pensar em tudo isso, vamos entendendo que respeito por si e pelo
outro se ensina sim, desde pequenininhos! As crianças vão crescendo mais fortes
como seres humanos”, explica.
Uma forma de educar os filhos é ensiná-los o que é
consentimento. A palavra Consentimento significa permissão, mas a questão é:
como educar uma criança para que ela entenda que o que ela pode ou não
permitir, que os outros façam a ela? Falar sobre consentimento é ensinar
limite, respeito, compreensão e autoconhecimento para o indivíduo.
“Desde bem pequena, ao brincar com a criança,
ensiná-la que ela deve pedir para parar quando ela não quiser mais. Explicar
mesmo! Dizer isto: filha, se não gostar da brincadeira e quiser parar é só
falar. Das brincadeiras em grupo até “o fazer cócegas”, e também em situações
onde, por exemplo, vá fazer uma troca de roupa ou da fralda. Converse com a
criança desde bebê e explique o que está fazendo. Ao crescer ela vai aprender
que o corpo é dela e que ela pode e deve escolher quem vai tocá-la, com quem
vai brincar, seus limites e os dos outros.
Entendendo que não precisa se
submeter às situações que sejam desconfortáveis e desnecessárias simplesmente
para agradar alguém, chegando até as de violência, sejam elas quais forem,
tanto para meninos quanto para as meninas. Lembrar sempre que crianças não
vivem para servir ou agradar adultos. São seres humanos em desenvolvimento.
Quando uma criança, menino ou menina, tem uma educação em sexualidade conduzida
de forma séria e ética pela família e a escola, muitos problemas são evitados,
entre eles, a violência”, conclui Lilian.
Gênero e consentimento são alguns dos temas
que Lilian Macri aborda no seu livro “Mamãe, o que é sexo? Vem que eu te ajudo
com a resposta!”, da Editora Êxito e em suas palestras.
O livro tem a proposta de sanar dúvidas, esclarecer
o papel da família e da escola, alertar sobre a prevenção de abuso sexual
infantil e ajudar famílias e educadores, por meio de metodologia, a desenvolver
uma educação em sexualidade sadia e eficiente.
Lilian Macri - Mãe, médica (CRM 99193), pós-graduada em
sexualidade pela Universidade de São Paulo, em educação em sexualidade pela
UNISAL e especialista em terapia sexual pela SBRASH. Atua como colaboradora do
Projeto Afrodite da UNIFESP, no ambulatório de disfunções sexuais femininas.
Atende em seu consultório e ministra palestras sobre sexualidade pelo país, com
foco em orientação de famílias e educadores sobre a sexualidade infantil. É
idealizadora do Método Educando para a Vida, que visa à inclusão da família e
da escola na construção de valores éticos com os filhos/alunos, priorizando a
humanização das relações e pessoas envolvidas. A ideia é trabalhar os três
pilares: família, escola e filhos/aluno.
Instagram:
@lilianmacrioficial
Facebook :lilianmacritransforme-se
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