Imagine que você é uma mãe com uma criança de colo
e precisa pagar uma fatura do banco. Assim que abre o aplicativo pelo celular,
a ferramenta exige que você vire o aparelho na diagonal. Difícil, não? Agora,
pense que seu smartphone está com a tela rachada e você precisa clicar em um
botão bem onde está a falha. Podemos ir além: e se você perdesse a visão de um
dia para o outro e precisasse de um leitor de telas para utilizar o computador?
Falar em acessibilidade significa ter empatia,
colocar-se no lugar do outro - não como um gesto de bondade, mas reconhecendo
no outro alguém como você, que precisa se comunicar, estar conectado com o
mundo e ter as mesmas oportunidades. E mesmo sabendo que, uma em cada sete
pessoas no mundo possui algum grau de deficiência, acessibilidade digital não é
só para esse grupo de pessoas, como você já deve ter percebido.
O artigo 63 da Lei Brasileira de Inclusão,
instituída em julho de 2015, diz que os sites devem ser acessíveis para todos.
Entretanto, um levantamento realizado pela BigData Corp, empresa especializada
em Big
Data, e o Movimento Web Para Todos (MWPT), apenas 1% dos domínios
que estão ativos no Brasil são compreensíveis para grupos com deficiência.
Mesmo com essa obrigatoriedade, boa parte das
empresas ainda é resistente à implementação de projetos de acessibilidade. Os
motivos são variados, mas, de modo geral, existe um consenso de que essa tarefa
é mais difícil (e cara!) do que é realmente. Na verdade, se apenas seguirmos os
princípios básicos da programação, já estaremos bem adiantados, mas há algumas
diretrizes em que podemos nos basear, como é o caso das WCAG (Web Content
Accessibility Guidelines).
Quer um bom exemplo de tecnologia inclusiva e que
pode inspirar muitos projetos? O YouTube Kids. Com interfaces conversacionais,
imagens de fácil identificação e mecanismos de busca intuitivos, até uma
criança que ainda não aprendeu a ler sabe procurar e encontrar o que quer na
plataforma.
É importante lembrar que o conceito de
acessibilidade deve fazer parte de todo o planejamento de conteúdo e
programação em todos os canais de comunicação que a companhia irá
disponibilizar. Não adianta pensar no assunto somente na fase final, exigindo
uma reformulação de diversos setores.
Outra medida simples é elaboração das heading
titles, que hierarquizam as informações. Mesmo para quem não possui
nenhuma deficiência, a hierarquização da informação permite compreender o
conteúdo de uma maneira mais fácil. Para deficientes visuais, por outro lado,
isso ajuda os leitores de tela. Com uma simples alteração na programação, é
possível incluir a descrição do link no próprio link, como por exemplo “clique
aqui para fazer o download do e-book”. Pense no quanto você estará facilitando
a vida de quem navega pelo seu site. Além de, claro, isso ser ótimo para dar
mais relevância para o seu site nas ferramentas de busca.
Não se esqueça de que há potenciais consumidores
atrás das telas que esperam ter a melhor experiência no seu site. Torná-lo mais
acessível é fundamental para transmitir segurança, confiança e estabelecer uma
relação mais próxima com o cliente. Assim, acessibilidade digital tem tudo a
ver com um futuro mais próspero e inclusivo!
Marcelo
Pires - sócio-diretor
da Neotix Transformação Digital. Designer de formação, escultor nas horas
vagas, trabalha com Design aliado à Tecnologia há mais de 20 anos. Especialista
em usabilidade, é o responsável pela direção de criação de projetos interativos
na Neotix, caminhando pelas áreas de tecnologia, inovação, design, UX e
transformação digital.
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