Frustração, do latim, frustrari
que significa enganar, fazer errar.
Na psicologia, frustração é uma
sensação de ter se enganado que podia conseguir algo que não conseguiu. Uma dor
em ter recebido um não ao objeto desejado.
Na filosofia, a frustração é um
esforço tido em vão, surgido de um não autoconhecimento.
No mundo corporativo, frustração
é um sentimento que se exposto pode ser interpretado como fraqueza, imaturidade
e não é nada bom para a imagem de um profissional. Mas como lidar com a
frustração?
O professor de MBA da FGV e
especialista em neurociência, Luciano Salamacha, explica que a frustração é um
sentimento decorrente da autocrítica que cobra de si mesmo uma alta
performance, um grau de perfeccionismo muito grande e que, tira da pessoa, o
foco de enxergar as coisas boas que também lhe acontecem.
A pessoa que se frustra é muito
exigente com a vida.
“Tudo que nos
acontece é resultado de variáveis internas e externas, achar que comandamos
todas essas mudanças é nos colocar no papel de Deus, seja ele qual for. A
crença que temos o comando de toda a situação, é o principal combustível pra
nos frustrar.“
Mas não criar expectativas é o
caminho para evitar a frustração?
O professor responde que jamais
devemos de deixar de cultivar a expectativa para coisas boas e que sequências
pequenas de prazer fazem uma pessoa feliz. Quando o ser humano cria uma
expectativa positiva, seu cérebro automaticamente recebe uma descarga de
hormônios ligados ao prazer e bem estar, e contribui para elevar a autoestima e
a sensação de ser capaz e competente. Segundo o professor, otimismo ajuda a
sermos pessoas melhores e aconselha “ Utilize a expectativa para gerar
energia”.
E quando a pessoa não quer se
frustrar, mas esse sentimento é mais forte que ela?
A grande virada de jogo, segundo
Salamacha é quanto tempo uma pessoa vai destinar para cultivar esse sentimento,
já que a frustração não contem princípios racionais. Para o pesquisador em
neurociência, voltado ao mundo corporativo, “o sentimento da frustração até
tenta buscar argumentos racionais pra se alimentar, principalmente quando a
gente busca uma resposta racional para o fato frustrado. Mas para combater um
sentimento ruim, a racionalidade tem pouca ou nenhuma força. O melhor mesmo é
substituir por outra sensação de natureza positiva”.
A grande sacada é parar de
reclamar quando algo não tem solução. A promoção não saiu? Parta para coisas
novas, objetivos e estratégias inéditas para conseguir, ou até um emprego novo,
mas não alimente um sentimento ruim, nem deixe que a frustração limite seus
sonhos e objetivos.
O professor diz que as pessoas
perdem muito tempo nas empresas se lamentando e indica “ Pare de chorar aquilo
que não conseguiu e estimule mais dopamina em sua mente com objetivos novos.
Vire a página.”
E explica utilizando uma
metáfora: imagine que a frustração é uma espécie de incêndio e que você tem
dois baldes ao seu lado para tentar apagá-lo. “Algumas pessoas erram o balde e
em vez de pegar aquele que contem água pra apagar esse fogo, pegam o que está
com gasolina, aumentando o problema e se tornando refém de si mesmo.
Segundo o professor o balde de
água fria na frustração é jogar um outro objetivo na frente que gere esperança
para a busca do que se pretende.
Esse é um fenômeno observado com
intensidade nos jovens profissionais de hoje. Pequenas situações são
transformadas em grandes problemas. É o que se chama atualmente de geração
“mi-mi-mi”.
Muito se fala nessa atual geração
que sabe comandar a tecnologia cada vez mais avançada, mas não sabe lidar com
frustrações. Acreditam que o trabalho é uma extensão de casa e frustram quando
o chefe não age com ele, como o pai ou mãe. Passaram uma vida sem se submeter a
restrições ou ouvir “nãos” e quando isso acontece, frustram profundamente a
ponto de largar tudo, sem insistir, sem planejar uma carreira de altos e baixos
e aceitá-los.
11 DICAS DO PROFESSOR SALAMACHA
PARA DOMAR A FRUSTRAÇÃO :
* Quebre a rotina. A tendência de
perdermos a paixão quando fazemos algo repetidamente. Inove o tempo todo, ainda
que em pequenas coisas, para se sentir bem.
* Não se agarre a coisas ruins. Estará
gastando energia que poderia ser usada para coisas boas, como, novos objetivos.
* Pare de querer tudo certo o
tempo todo. A vida real não é assim. Para todas as pessoas há coisas ruins e
boas, erros e acertos.
* Aprenda a lidar com os erros. A
frustração é produto do seu julgamento, é um processo interno e não externo.
Quanto mais agressivo você for consigo mesmo, maior será a decepção. Seja mais
suave.
* Eleja estimulantes naturais
para o seu cérebro que pode ser desde assistir a um filme, escutar músicas,
caminhar, ler um livro inspirador ou ensaios sobre histórias pessoais de
superação.
* Troque a frase “que pena que
não deu, para no futuro dará”.
* Ocupe o espaço da frustração
com sentimentos melhores como a solidariedade.
* Se estiver deprimindo, não seja
super herói e grite por socorro. A frustração e a depressão são coisas
diferentes. O primeiro é temporário e de natureza psicológica, enquanto a
depressão é uma doença que precisa ser tratada.
* Crie novos
hábitos. O ser humano é feito de hábitos e, as vezes, temos o mau costume de
cultivar a frustração. Se frustrar e se regenerar rapidamente é uma questão de
exercício. Aprenda a desenvolvê-lo.
* Fique com pessoas que te
impulsionam e não que te deixem para baixo .
* Coloque um gatilho mental de agradecimento,
mesmo que algo tenha dado errado. Porque errar é aprender e temos que ser
gratos quando tiramos aprendizagem de qualquer situação.
Apesar de
ser um sentimento decorrente de situações de fracasso, a frustração é
importante para a constituição psicológica dos indivíduos, principalmente no
desenvolvimento infantil. Então, o que nos difere é saber lidar com ela, diz o
professor Luciano Salamacha, afinal a vida é feita de imperfeições e, por isso,
seja tão desafiadora.
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