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segunda-feira, 28 de maio de 2018

Brasileiro desconhece maior parte dos tumores relacionados ao consumo de cigarros, revela pesquisa da SBOC


 Cânceres de boca, laringe, esôfago, estômago e bexiga são desconhecidos por pelo menos dois em cada dez brasileiros e a tendência é ainda pior entre os fumantes


Quando se fala da relação direta entre câncer e cigarro, grande parte da população automaticamente se lembra do tumor no pulmão. De acordo com pesquisa da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), essa é uma das variedades da doença mais lembradas pelos brasileiros, sendo citada por nove em cada dez pessoas. Entretanto, o tabagismo está relacionado a meia dúzia de outros tumores que não recebem a mesma atenção. Na semana em que se celebra o Dia Mundial sem Tabaco (31), a SBOC ressalta a importância de conscientizar a população sobre os diversos outros tumores que possuem relação direta com a substância.

O tabagismo é um dos hábitos que mais causam danos ao organismo, sendo responsável por cerca de um terço de todas as mortes por câncer, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Entre os tumores cuja incidência está diretamente relacionada ao tabaco estão o da cavidade oral, laringe, esôfago, estômago, bexiga e colo do útero. Pelo menos cinco dessas formas de câncer são desconhecidas por uma parcela preocupante da população: laringe e estômago não são lembrados por dois em cada dez brasileiros (19%); o tumor de boca não é conhecido por um quarto deles (24%); esôfago não é lembrado por um terço (33%); e quase metade dos brasileiros não reconhece o câncer de bexiga (44%). O câncer de colo de útero é o sexto tumor mais lembrado de todos, sendo desconhecido por 14% da população.

“O fato de as campanhas de conscientização contra o tabagismo terem criado o alto reconhecimento do câncer de pulmão é uma ótima notícia – afinal, o tumor de pulmão, brônquio e traqueia é o que mais mata no Brasil. Entretanto, é muito preocupante que uma parcela tão significativa da população desconheça os cânceres da cavidade oral, laringe, estômago, esôfago e bexiga, que, juntos, representam mais de 20% de todos os casos de tumor diagnosticados no país. Se considerarmos também o colo de útero, a incidência chega a ser de quase 30% de todos os casos de câncer do Brasil. Isso significa que pelo menos 13% da população desconhece as formas de câncer responsáveis por um terço de todos os diagnósticos. É um número assustadoramente alto”, afirma a Dra. Clarissa Baldotto, diretora da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica.

Outro dado alarmante do estudo da SBOC é que, por mais que os níveis de desconhecimento já sejam altos entre a população como um todo, os fumantes são ainda menos propensos a conhecerem todas as formas de câncer com relação direta com seu hábito: colo de útero (20%) e estômago (21%) são desconhecidos por dois em cada dez fumantes; laringe (23%) e boca (27%) por cerca de um quarto; esôfago por quatro em cada dez fumantes (39%); e bexiga por metade deles (50%). No que refere ao câncer de pulmão, o nível de conhecimento, apesar de mais baixo do que entre os brasileiros como um todo, é o tumor mais lembrado por aqueles que fumam (89%).

“Um número importante de brasileiros ainda mantém o hábito do tabagismo – 14%, segundo a pesquisa da SBOC. Eles são 20 vezes mais propensos a ter câncer de pulmão, dez vezes mais a ter câncer de laringe e têm de duas a cinco vezes mais chances de desenvolver câncer de esôfago. Essa é a parcela da população a quem mais interessa saber os riscos do tabagismo, porém, de maneira contraditória, é a que menos sabe. Por mais que o acesso à informação e à saúde seja precário no Brasil, precisamos nos esforçar ao máximo para alcançar essas pessoas e conscientizá-las sobre o risco que elas correm por prosseguir fumando”, diz a Dra. Clarissa Mathias, diretora da SBOC.


Ex-fumantes conhecem mais o câncer

A informação parece ser um fator-chave para a decisão de deixar o tabagismo. De acordo com o levantamento da SBOC, ex-fumantes tendem a conhecer mais os diversos fatores relacionados ao câncer do que aqueles que ainda fumam. Em alguns dos tumores, a diferença percentual é bem relevante – no caso do câncer de esôfago, por exemplo, a discrepância é de mais de 10 pontos percentuais (28% dos ex-fumantes não conhece a doença contra 39% entre os fumantes). Nos demais subtipos da doença, os percentuais de desconhecimento entre aqueles que largaram o cigarro são: 12% não conhecem o tumor colo de útero; 15% o de laringe; 17% o de estômago; 19% o de boca; e 43% o de bexiga.

“Por mais que os números ainda sejam baixos e haja muito espaço para avanços, o fato de ex-fumantes conhecerem mais os diferentes tipos de câncer do que aqueles que ainda fumam é motivo para muita esperança, por ter como uma das explicações possíveis a possibilidade de que quanto mais informação sobre os diferentes tipos de câncer a população tem, menos as pessoas tendem a fumar. Nosso papel no combate ao câncer, como Sociedade, é lutar ao máximo para melhorar o acesso que todos têm à informação e defender o aprimoramento, além das condições de tratamento dos pacientes oncológicos, da disposição de todos a adotarem hábitos preventivos essenciais – como parar de fumar”, conclui Baldotto.




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