Acompanhamento
multidisciplinar faz a diferença no tratamento de controle de peso
No Brasil, dados do Ministério da Saúde revelam que
nos últimos 10 anos, a taxa de obesidade aumentou 60% e a de sobrepeso 26%. Em
pesquisas recentes, também foi possível observar que estar acima do peso pode
aumentar o risco de desenvolver diversos tipos de câncer, além do Diabetes
Mellitus.
“A obesidade é uma das doenças mais estudadas hoje
em dia, pois é um problema mundial que está piorando a cada dia, não somente
por afetar a qualidade de vida de modo geral, mas por contribuir com diversos
outros problemas de saúde, entre eles o Diabetes Mellitus, doença que traz
muitas complicações e de difícil controle medicamentoso”, afirma Ivan Sandoval
de Vasconcellos, cirurgião bariátrico da Rede de Hospitais São Camilo de São
Paulo.
A cirurgia bariátrica é um dos métodos utilizados
para o controle de peso e, consequentemente, de outras doenças relacionadas. A
técnica consiste em realizar um procedimento cirúrgico sobre o estômago ou
intestino, visando restringir a quantidade de alimento ingerido, reduzindo sua
absorção sem comprometer o equilíbrio do organismo e, assim, melhorar o
metabolismo e gerar saciedade precoce (sensação mais rápida de estar satisfeito
com o alimento ingerido).
Existem vários tipos de cirurgia e todas as
técnicas são, atualmente, realizadas por mini-incisões, por onde finas longas
pinças e micro câmera passam. Com o comando do cirurgião (diretamente ou por
meio de um robô), o procedimento é feito na cavidade abdominal sem necessidade
de grandes cortes, método denominado como videolaparoscopia.
Em todos os casos, é realizada a redução do
estômago, por grampeamento (aparelhos modernos que permitem cortar e suturar o
estômago ou intestino com rapidez e precisão). O que pode mudar é a realização
do desvio intestinal, a qual traz vantagens (maior emagrecimento e melhora de
doenças associadas à obesidade) e desvantagens (menor absorção de alguns
nutrientes necessitando reposição vitamínica mais intensa, além de maior
ocorrência de aderências, dumping ou hipoglicemia).
No entanto, para passar pelo procedimento, é
necessário estar dentro de critérios estabelecidos pelas entidades científicas,
gestoras e reguladoras, a nível nacional e mundial (CFM, ANVISA, Sociedades
Médicas Clínicas e Cirúrgicas). Entre os critérios, o paciente precisa estar há
mais de dois anos com obesidade em níveis considerados críticos, que, portanto,
pode trazer riscos para a saúde. Estes níveis correspondem a acima do grau II
(índice de massa corpórea 35 a 40 kg/m2), na presença de outras doenças
associadas à obesidade, ou simplesmente acima de grau III (índice de massa
corpórea superior a 40 kg/m2).
Em todos os casos, o especialista afirma que é
obrigatório já existir tentativa de tratamento clínico antes de se decidir por
cirurgia.
“As pessoas que desejam mudar a qualidade de vida,
podem contar com espaços como o Centro de Obesidade da Rede de Hospitais São
Camilo de São Paulo, que oferece informação e acompanhamento multidisciplinar,
contando também com suporte nutricional e psicológico, para conduzir todo o
processo de emagrecimento. O espaço foi pensado para atender os pacientes e
seus familiares de forma segura e prática em um só lugar, pois possui equipe
treinada e integrada, alinhado com a tendência mundial no tratamento da
obesidade”, diz o especialista.
De modo geral, a cirurgia traz grande melhora, em
alguns casos, até mesmo de resolução de algumas doenças causadas ou agravadas
pela obesidade. No entanto, o cirurgião esclarece que é necessário o controle
da alimentação após o processo. “É fundamental entender que a cirurgia é uma
ajuda, ou seja, não é uma solução definitiva, pois caso o paciente não melhore
a alimentação e pratique atividade física, o tratamento pode falhar e, com o
passar do tempo, ocorre o reganho de peso com retorno da obesidade”, finaliza.
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