Dados do Ministério da Saúde
mostram que o índice de suicídios cresceu entre 2011 e 2015 no Brasil. Segundo
a pasta, esta é a quarta maior causa de mortes entre jovens de 15 e 29 anos no
país.
Ainda, segundo informações
da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OMS), mais
de 800 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo; 75% dos suicídios
ocorrem em países de baixa e média renda.
No Brasil,
entre 1980 e 2012, as taxas de suicídio cresceram 62,5% na população em geral.
Na faixa etária dos 15 aos 29 anos, a média aumenta em
ritmo mais rápido do que em outros segmentos. São 5,6 mortes a cada 100 mil
jovens (20% acima da média nacional).
Mesmo com os números de
suicídios cada vez mais alarmantes, o assunto ainda é considerado um tabu para
muitas pessoas.
Compreendendo que atentar
contra a própria vida é uma decisão extrema para fugir do que é considerado por
quem sofre, um problema sem solução, a melhor forma de evitá-lo é detectar
quando a possibilidade existe e agir a tempo.
Lidar com essa questão não é
simples. O assunto é temido em vários ambientes, desde escolas, família, trabalho,
e além disso, grande parte das pessoas que vivem esse problema mergulham no
isolamento e com isso turbinam a sua dor. Um exemplo recente é a série da
plataforma de streaming Netflix, “13 Reasons Why”, cuja segunda temporada teve
início nas últimas semanas. A série trata de forma bastante objetiva sobre o
sofrimento de adolescentes diante das dificuldades de relacionamento em uma
escola de ensino médio e foca na complexidade do tema suicídio entre
adolescentes na sociedade americana.
As pessoas que sofrem dessa
angústia precisam aprender a usar o desejo de viver para superar essa dor, e
desenvolver meios de enfrentar seus próprios medos, suas dificuldades, os
desafios, afinal, todo ser humano é falível e passível de crises
Em muitos casos, os sinais são
silenciosos e, por isso, a atuação da família ou mesmo de um profissional, é
mais difícil.
A cartilha anual de
recomendação para a prevenção do suicídio da Organização Mundial da Saúde (OMS)
aponta que a maior parte dos casos está relacionada a pessoas com depressão e
poderia ser evitada.
Nesse ponto, diálogo e
educação socioemocional surgem como aspectos fundamentais para combater esse
problema. Falar sobre a dor, o conflito que essa pessoa está vivenciando é o
primeiro passo para conseguir tratamento adequado.
A conversa pode abrir
caminhos que passam longe de “indicar uma possibilidade”, que seria o suicídio,
para a pessoa que está passando por uma crise. Essa comunicação pode abrir
novas perspectivas e até alertar a outra pessoa para tomar medidas mais
drásticas para solucionar a situação.
Por isso, é tão importante
que a sociedade como um todo - família, amigos, escola e grupos de trabalho -
esteja atenta aos menores sinais, disposta e preparada para discutir o tema e
encaminhar a pessoa para um tratamento que a trará um novo olhar sobre a vida e
a vontade de prosseguir.
Ao desenvolvermos o
autoconhecimento e a autoconfiança, nossa autoestima é nutrida. É fundamental
reconhecer que somos únicos, especiais, perfeitos e belos. Isso nos carrega de
alegria e permite que nossa coragem de viver dê um drible nos estímulos
estressantes. Estimular a autoestima contribui para pensarmos de forma clara e
leve e desenvolver um olhar multifocal sobre nossas angústias, nossa
desesperança.
Quando fortalecemos o nosso
ser, o nutrimos com nossa autoestima e o protegemos com a autoconfiança. Com
isso, conseguimos desenvolver a resiliência, a capacidade de lidar com as
adversidades do cotidiano e de nos renovarmos, mesmo sofrendo frustrações.
A resiliência é o poder de
ser forte diante dos percalços da vida, frente às desesperanças e mesmo assim
continuar a caminhada.
Camila
Cury - Psicóloga e Diretora Geral da Escola da Inteligência, Programa Educacional idealizado pelo renomado
psiquiatra, escritor e pesquisador, Augusto Cury, que tem como objetivo
desenvolver a educação socioemocional no ambiente escolar.
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