Dieta
equilibrada e alimentos ricos em fibras são fortes aliados na luta contra a
disbiose
Aquele nó repentino no estômago seguido da
urgência de ir ao banheiro – quem já passou por essa situação sabe como a
diarreia pode atrapalhar a rotina. Da mesma forma, quando o intestino fica
preguiçoso, os sintomas são bastante incômodos: constipação, flatulências,
irritabilidade... E ainda que pareçam corriqueiros, é preciso ficar alerta:
quando persistentes, esses sinais podem indicar que algo não vai bem na flora
intestinal. Por auxiliar no processo digestivo e, até mesmo na imunidade,
o equilíbrio desse delicado sistema é de extrema importância para a saúde.
Neste momento, a dieta tem um papel fundamental, pois exerce grande influência
sob essa microbiota, podendo ajudar a prevenir e combater anormalidades do
habito intestinal. Quer saber no que apostar para afastar a má digestão e
garantir uma flora intestinal equilibrada? Saiba mais agora.
Bactérias do bem
É quase imperceptível: neste exato momento,
milhares de bactérias trabalham no seu trato gastrointestinal para garantir o
bom funcionamento desse sistema. Ao mesmo tempo, esses mesmos agentes
microscópicos monitoram e participam da resposta imunológica local,
permanecendo alerta para possíveis ataques externos. Num primeiro momento pode
parecer estranho que bactérias, microrganismos comumente associados a doenças,
sejam essenciais para a boa saúde. Porém, essas, especificamente, compõem o que
chamamos de microflora intestinal, um complexo sistema que exerce, entre outras
funções, o papel de barreira contra agentes patogênicos, ou seja, capazes de
causar doenças.
Para que este cenário permaneça harmonioso, é
preciso que as bactérias boas sejam mais numerosas que as nocivas, estado
conhecido como “equilíbrio” da flora intestinal. Por outro lado, quando alguma
anormalidade perturba esse balanço e os microrganismos benéficos ficam em
desvantagem, o indivíduo pode apresentar alterações do habito intestinal,
situação conhecida como disbiose. Resultado: sintomas como diarreia, prisão de
ventre, dores estomacais, inchaço e, até mesmo, baixa na imunidade.
Alimentação em cheque
Não é a toa que a maioria das pessoas costuma
associar o desconforto ocasional a um exagero na dieta ou a uma refeição pouco
usual. De acordo com a nutricionista Joana Carollo, embora a disbiose possa
estar ligada a diversos fatores, a alimentação é uma das questões mais
relevantes, pois “pode propiciar tanto um cenário contrário quanto favorável à
proliferação desses microrganismos”. E mesmo quando essa anormalidade não está
diretamente ligada aos hábitos alimentares, a dieta tem um papel determinante
no reestabelecimento da saúde.
A questão não está ligada somente a regularização
do intestino: “como a disbiose pode afetar a mucosa intestinal, existe também a
preocupação em relação ao estado nutricional do indivíduo, uma vez que o
problema pode impactar a absorção de vitaminas e sais minerais. Soma-se ainda o
risco maior de desidratação (no caso de diarreia crônica), cenário que pode
fragilizar ainda mais a saúde”. Sendo assim, é preciso atentar para as escolhas
do cardápio e investir em alimentos que fortaleçam a flora, tanto para prevenir
quanto para enfrentar estes problemas.
Dieta pró-flora intestinal
Já dizia a sabedoria popular que é melhor
prevenir um problema do que remediá-lo. Nesse sentido, uma das principais
formas de se evitar a disbiose é investir numa alimentação equilibrada, rica em
fibras. Isso porque alimentos fibrosos tem a capacidade de propiciar um
“habitat” mais favorável à proliferação dos microrganismos benéficos. Conforme
explica a Joanna “Por terem uma estrutura complexa, de difícil digestão, esses
elementos permanecem praticamente inalterados ao longo do processo digestivo.
Isso beneficia a flora, pois, além contribuir para a eliminação de agentes
nocivos, as fibras fermentam no intestino e servem de alimento para as
bactérias boas”. Justamente por isso é essencial consumir regularmente
alimentos integrais e vegetais com cascas, talos e folhas – é justamente aí que
estão as fibras.
Prebióticos
E apesar de todos os tipos serem benéficos à
digestão, algumas fibras, especificamente, possuem maior capacidade de
fermentação no intestino, proporcionando, justamente, um este ambiente mais
favorável às bactérias do bem. Essa classe de fibras, também conhecidas como
prebióticos, pode estimular microrganismos específicos, auxiliando a recompor a
flora. A nutricionista cita alguns exemplos “A pectina presente na maçã, a
inulina, presente no alho e a goma acácia, presente, principalmente, em suplementos
alimentares, entram nessa categoria. Por chegarem praticamente intactas no
cólon, induzem alterações positivas nessa microbiota”.
Probióticos
Ao contrário dos prebióticos, que apenas
influenciam sob o ambiente das bactérias, os probióticos agem efetivamente sob
a biota. Isso porque esses compostos alimentares contam com uma quantidade
especifica de microrganismos vivos, auxiliando a elevar seletivamente o número
de agentes que compõem a flora. “Usando uma analogia, é como se para um
exército em batalha recebesse mais soldados. E quando este batalhão encontra-se
em desvantagem, o envio de um contingente extra pode fazer toda a diferença. Os
probióticos são, justamente, este reforço para a flora e podem ser muito
eficazes na hora de tratar uma microbiota deficiente.” – exemplifica a Joanna.
Algumas bebidas e iogurtes fermentados são
conhecidos por essa característica, bem como suplementos próprios para o
tratamento da disbiose. Porém, a nutricionista alerta que é preciso atentar
para a embalagem do produto, pois para ser classificado como probiótico o
alimento/suplemento deve conter algum microrganismo (benéfico) vivo, cuja
especificação deve constar no rótulo.
Restaurando o equilíbrio
E o que fazer quando o problema já existe? Ao
tratar uma alteração severa do habito intestinal é preciso muita cautela.
Fazer mudanças deliberadas na dieta, incluindo fibras e probióticos sem
qualquer equilíbrio, certamente não irá reverter o problema. Não é por menos
que os termos prebióticos e probióticos se diferenciam justamente nos prefixos
pré (anterior) e pró (posterior): ambos compostos são igualmente necessários
para a boa manutenção da flora e no enfrentamento da disbiose. Porém, como esse
sistema depende de um delicado equilíbrio, quando existe um problema
estabelecido é preciso analisar as necessidades individuais do paciente e,
somente então, inserir estrategicamente estes compostos na dieta, considerando,
sobretudo que a composição da flora varia de pessoa para pessoa.
Neste momento, o uso de simbióticos
pode ser de grande valia, pois esses suplementos combinam, de maneira
balanceada, tanto fibras prebióticas, quanto microrganismos específicos.
Grandes aliados no tratamento de diarreias e constipações, esses suplementos
podem, até mesmo, ser usados para melhorar a resposta imune do indivíduo,
auxiliando no tratamento de infecções. Ainda assim, é fundamental buscar
orientação médica para sua ingestão, visto que somente um profissional de saúde
saberá determinar a quantidade e tipo de fibra necessária para reverter o
quadro, bem como quais microrganismos precisam de reforço.
Diante disso, a nutricionista conclui “As
atitudes do dia a dia, sobretudo uma alimentação balanceada, são os fatores que
mais contribuem para a manutenção de uma flora intestinal saudável. Porém, como
este equilíbrio é muito tênue, a própria rotina pode fazer com que este
equilíbrio se perca. Sendo assim, quando alguma coisa sai do normal, é
fundamental buscar auxilio médico para cuidar do problema com segurança”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário