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quarta-feira, 29 de março de 2017

Pela primeira vez Brasil atinge realização de 100 mil bariátricas em um ano




Estudo de endocrinologista brasileiro defende tratamento clínico não invasivo antes de recorrer a cirurgia. “ O que poucas pessoas sabem é que o tratamento clínico pode ser mais eficaz que a cirurgia”, afirma Flávio Cadegiani


O ano de 2016 foi marcado como o período com maior número de cirurgias bariátricas no país, foram realizados 100.512 procedimentos, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). O Brasil é considerado o segundo país do mundo em número de cirurgias realizadas e as mulheres representam 76% dos pacientes.

Em contrapartida à indústria da bariátrica, o endocrinologista Flávio Cadegiani conduziu um estudo que defende o tratamento clínico da obesidade, priorizando um tratamento menos invasivo que a bariátrica. O protocolo proposto pelo médico foi apresentado em um estudo reconhecido internacionalmente e publicado no último mês na BMC Obesity, referência médica reconhecida mundialmente. “Quando corretamente recomendada a bariátrica ajuda sim, a questão é que ela pode ser evitada e, a maioria das vezes, não deve ser considerada primeira opção para sair do quadro de obesidade", explica Cadegiani.

O método proposto analisou um grupo de 43 pacientes, acompanhados durante dois anos para chegar aos resultados conclusivos. Entre as ações adotadas no método estava a administração de um tratamento com remédios mais agressivos e a exigência de que os pacientes associassem ao menos duas de três outras modalidades à medicação: dieta, personal trainer e psicoterapia.

Apesar da obesidade ser reconhecida como uma doença multi-fatorial, não se aceita tratamento da doença com medicamentos combinados. “Os estudos anteriores nunca avaliaram a combinação de modalidades não farmacológicas, como psicoterapia e dieta rígida, em associação aos medicamentos. Estuda-se ou um, ou outro, mesmo que a combinação seja hoje mandatária”, descreve o endocrinologista.

O trabalho com 32 mulheres e 11 homens resultou na perda média superior a 50% do excesso de peso, prevenção de 93% da cirurgia da obesidade e melhora expressiva de todos os parâmetros metabólicos, desde o colesterol até o nível de glicose. Trinta e oito (88,4%) pacientes atingiram 10% de perda de peso corporal e 32 (74,4%) atingiram 20% de perda de peso corporal. Quarenta (93,0%) pacientes foram capazes de evitar a cirurgia e apenas três não atingiram a meta de peso desejada e foram encaminhados para a bariátrica.

O brasiliense Elias Couto tem 25 anos e já chegou a pesar 150 quilos, mas para chegar nos atuais 108kg preferiu não optar pela bariátrica, e sim pelo tratamento multidisciplinar. "Comecei o acompanhamento em dezembro de 2015, e de gordura mesmo já perdi mais de 45 quilos", afirma. Elias conta que é preciso estar pronto para uma mudança de todos os hábitos e rotina. "Precisamos entender a obesidade como doença e não como um caso apenas de distúrbio alimentar. Ver as pessoas notando que você emagreceu e saber que você está melhor de saúde não tem preço", completa.

Apesar do apresentar uma contra proposta à cirurgia bariátrica, o especialista garante que não é contra o procedimento. “O que não pode acontecer é deixar esta doença e esperar que o pior aconteça – o desenvolvimento de alguma das dezenas de doenças que a obesidade pode trazer", finaliza Flávio Cadegiani.






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