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quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

ESCASSEZ DE LACTOBACILOS NO ÚTERO ESTÁ RELACIONADA COM BAIXO RESULTADO REPRODUTIVO



  




  • Segundo estudo, 50% das mulheres inférteis submetidas ao estudo apresentaram baixa abundância de Lactobacillus
  • A taxa de implantação de embriões após tratamento de fertilização in vitro das pacientes com escassez de Lactobacilos foi de 23%, enquanto o grupo abundante em Lactobacilos atingiu 61%.
  • A taxa de aborto das pacientes com baixa presença de Lactobacilos no útero foi de 60%, comparado com 16% no grupo que apresentava um perfil dominante de Lactobacilos


Estudo publicado na revista científica internacional American Journal of Obstetrics and Gynecology confirma a existência de bactérias no endométrio (tecido interno do útero) e associa a baixa presença de Lactobacilos a uma maior dificuldade de engravidar.

A publicação do artigo “Evidence that the endometrial microbiota have an effect on implantation success or failure” foi realizada por cientistas da Igenomix, empresa espanhola de biotecnologia e genética, que identificou dois perfis microbianos de útero através da técnica de sequenciamento massivo: “Dominado por lactobacilos (LD)” e “Não dominado por lactobacilos (NLD)”.

Dra. Inmaculada Moreno, autora principal da pesquisa, explica que após constatar a presença das bactérias, o segundo passo foi questionar se elas influenciavam no prognóstico de gestação das pacientes de tratamentos de reprodução humana assistida. “Para responder essa pergunta precisávamos comparar as pacientes com a flora dominada por lactobacilos com as que tinham escassez do mesmo”, conta Dra. Inmaculada.

Participaram do estudo 35 pacientes de reprodução humana. Os resultados comparativos evidenciaram uma diferença drástica na taxa de implantação, que é a confirmação da gravidez através da fixação do embrião no útero materno. A população de Lactobacilos também mostrou relação com a incidência de abortos espontâneos.
A taxa de implantação dos embriões após tratamento de fertilização in vitro das pacientes com escassez de Lactobacilos foi de 23%, enquanto o grupo abundante em Lactobacilos atingiu 61%. Por outro lado, a taxa de aborto das pacientes com baixa presença de Lactobacilos no útero foi de 60% ao mesmo tempo que o grupo de comparação abundante nessas bactérias foi de 16%.

Ao concluir o estudo, nenhuma das pacientes com escassez de lactobacilos no endométrio deu à luz a um bebê, enquanto no grupo LD tiveram 10 nascimentos. “Estamos trabalhando intensamente nas pesquisas relacionadas ao endométrio, pois está constatado em diferentes âmbitos sua importância já que suas condições são fundamentais para o desenvolvimento de uma gestação”, explica Dra. Marcia Riboldi, diretora do laboratório Igenomix no Brasil.

“Mesmo quando o endométrio é morfologicamente normal e os embriões são saudáveis, o tratamento de Fertilização in Vitro pode fracassar. 25% das vezes isso acontece devido ao momento da transferência do embrião ao útero materno.  Estudando a expressão de 238 genes conseguimos ajudar a encontrar a solução para este problema com o teste ERA. Porém, percebemos que poderiam existir mais aspectos que ajudariam a melhorar os resultados dos tratamentos de infertilidade e por isso passamos a dedicar mais tempo e recursos para entender o endométrio. Esta dedicação nos possibilitou identificar as bactérias e detectar a influência da população de Lactobacilos no prognóstico de gestação”, conclui Dra. Marcia.

As pacientes que participaram do estudo realizaram o teste ERA de receptividade endometrial, confirmando que a elevada taxa de não implantação do grupo NLD estava diretamente relacionada ao microbioma do útero.

Tratamento para o útero com escassez de lactobacilos

Conhecendo o microbioma do útero da paciente é possível tratar sua flora no caso de bactérias NLD antes da transferência embrionária, aumentando consideravelmente as chances de sucesso do tratamento.

Os resultados da pesquisa apontam a necessidade de desenvolver um teste diagnóstico como parte dos exames que analisam a fertilidade do casal. Atualmente cerca de 20% das causas de infertilidade são de origem desconhecida (ESCA – Esterilidade sem causa aparente). A estabilização da flora endometrial, desconsiderada até o momento, poderia explicar e solucionar uma parte desses casos.
Além da Igenomix, participaram da investigação científica a Universidade de Valência e as empresas Biopolis, INCLIVA e Lifesequencing (Parque Científico da Universidade de Valencia).


IGENOMIX



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