Informação, respeito e prontidão
para ajudar são fundamentais para a inclusão dos pacientes na sociedade
São diversas as manifestações possíveis quando o
assunto é epilepsia. Por isso, é necessário entender não só quais são elas, mas
como agir ao presenciar uma crise e ajudar o paciente. Muitas vezes, essa
primeira assistência pode ser decisiva para um diagnóstico precoce e/ou auxílio
ao tratamento.
A crise epiléptica é regularmente confundida com
outras enfermidades, uma vez que é comum se associar a fatores como febre alta,
abuso de drogas ou distúrbios metabólicos. A crise, principal sintoma da
epilepsia, deve-se a uma alteração temporária e reversível do funcionamento do
cérebro. "Na realidade, a doença epilepsia tem várias causas como
traumas na cabeça, problemas durante o parto ou
até um tumor", salienta a
Dr. Maria Luiza Manreza, doutora em Neurologia pela Universidade de
São Paulo (USP).
Segundo a Liga Brasileira de
Epilepsia, há, até o momento, cerca de 3 milhões de brasileiros com o
diagnóstico da doença, que é clínico com base na história relatada pelo
paciente, seus familiares ou pessoas que presenciaram as crises epilépticas, o
que mostra como é importante ter conhecimento acerca das características da
doença. Exames complementares como o eletroencefalograma (EEG) e de
neuroimagem, como a tomografia e a ressonância magnética, ajudam na confirmação
do diagnóstico, na caracterização do tipo de crise epiléptica e na definição da
causa da epilepsia.
A manifestação mais conhecida é a
"crise tônico-clônica generalizada ou crise grande mal", em
que o paciente apresenta uma convulsão na qual perde a consciência e contrai os
músculos do corpo podendo cair no chão, salivar excessivamente, morder a
língua, respirar de forma ofegante e até urinar. Já a "crise de
ausência", menos popular e mais recorrente na infância, é
caracterizada por um "desligamento", em que o paciente fica com o
olhar fixo e perde o contato com o meio por alguns segundos, voltando depois
como se nada tivesse ocorrido.
Outro tipo de crise generalizada é
a "crise mioclônica",
em que ocorrem movimentos bruscos, muitas vezes como um choque, e os pacientes
podem derrubar ou mesmo jogar objetos que tenham nas mãos. Essas crises
geralmente ocorrem no período da manhã, após o despertar, facilitadas pela
falta de sono ou excesso de estresse. Muitas vezes passam despercebidas por
quem está por perto, principalmente quando ocorre na adolescência, momento em
que "movimentos desajeitados" são considerados mais frequentes. Todo
esse cenário retarda o diagnóstico e consequentemente o tratamento, o que pode
agravar certos quadros.
As crises epilépticas podem ser
ainda "focais", quando comprometem áreas mais
restritas do cérebro. Elas podem ocorrer com ou sem perda da consciência e as
manifestações clínicas são variáveis dependendo da área do cérebro que foi
acometida. Uma das formas mais comuns são aquelas caracterizadas por dor na
região abdominal seguida de perda de consciência e movimentos automáticos nas
mãos ou mesmo na boca. Certas crises podem ainda ser confundidas com distúrbios
psiquiátricos, visto que os sintomas podem envolver alucinações ou experiências
similares a um sonho.
Algumas medidas que podem ser
tomadas durante as manifestações da epilepsia podem aliviar a tensão do
paciente e até mesmo salvar vidas. "No
caso de crises convulsivas, por exemplo, o procedimento é afastar objetos que
possam machucar o paciente, apoiar sua cabeça virando-o de lado para não deixar
ocorrer o acúmulo de saliva ou que haja a possibilidade de engasgamento e, por
fim, esperar que passe", reforça a neurologista.
O papel de quem presencia uma
crise faz a diferença. A compreensão é o primeiro passo para se tornar capaz de
auxiliar uma pessoa que convive com a doença, além de contribuir para que ela
não seja marginalizada socialmente. Informar-se, respeitar e estar pronto para
ajudar é fundamental para colaborar com a inclusão dos pacientes na sociedade.
Fonte:
UCB Biopharma
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