O levantamento
feito pela Forum Hub, cruzou o número de pedidos de divórcio em cartório com
mais de duas mil solicitações recebidas na base da empresa durante o
período
Um estudo feito pela Legaltech Forum Hub,
plataforma que conecta clientes a profissionais do direito, mostra que os meses
de novembro, dezembro e janeiro, são desafiadores para os casais. No período, segundo
dados levantados pela startup, o número de pedidos de divórcios chegam a
crescer 20%. O levantamento comparou dados dos últimos três anos fornecidos
pelos cartórios brasileiros com a busca de pedidos de aconselhamento legal
ligados ao tema na própria plataforma.
Entre os fatores que apontam para principais causas
dos meses de novembro, dezembro e janeiro representarem a época do ano em que
mais pessoas se divorciam está o aumento do número de horas que as família
passam juntas, por serem meses de férias - esse cenário também foi
potencializado nos anos em que as restrições sociais da pandemia eram mais
severas - e as resoluções para início do novo, período de maior reflexão
para metas, promessas e mudanças.
Para Patrícia Carvalho, CEO e cofundadora da Fórum
Hub, o movimento só pode ser percebido com o cruzamento de informações e
construção de banco de dados "Geralmente, dados assim ficam pulverizados e
não conseguimos identificar o que de fato está acontecendo. Quando juntamos
essas informações é possível perceber o movimento dos casais nessa época e como
a busca por pedidos de divórcio são potencializadas", afirma.
Quando o desejo de separação fica evidente entre o
casal, entra em cena as medidas judiciais que dão sequência ao divórcio, nesse
sentido, Carvalho orienta buscar suporte de um advogado especializado para o
casal - nada de colocar advogados para representar cada parte, tornando um
processo tão sensível ainda mais complicado - um advogado ou até mesmo
conciliador pode ancorar os desejos individuais e encontrar um ponto comum para
essa dissolução.
Como a comunicação entre o casal pode ajudar a
evitar o divórcio?
Quando um relacionamento começa é natural que a
comunicação flua naturalmente e sem desgastes, sendo repleta de muito carinho,
amor e respeito. No entanto, às vezes, isso pode se perder com o passar do
tempo e a rotina, os problemas conjugais, as contas e até a chegada dos filhos,
podem se tornar motivos para que o divórcio comece a ser enxergado como o único
caminho entre um casal.
No entanto, especialistas afirmam que existem
ferramentas que podem ser fundamentais para colaborar com a aproximação do
casal. É o caso da Comunicação Não-Violenta, uma prática que ajuda pessoas a se
conectarem, a se entenderem melhor e, por consequência, a terem relações mais
leves e duradouras.
Quando pensamos em comunicação violenta, logo nos
vem à cabeça atritos e discussões, mas, a especialista no tema, sócia e
facilitadora do Instituto CNV Brasil, Flávia Amorim, explicou que em um
relacionamento, as discussões não são a única maneira de tornar a comunicação
agressiva.
“Muitas pessoas pensam que somente nas DRs, como
são popularmente conhecidas as discussões entre casais é que acontecem
conversas agressivas, no entanto, nem sempre é assim. Temos um padrão de
comunicação violenta tanto quando escolhemos não responder a algo quanto quando
entramos em modo reativo. Nestes momentos as emoções ficam mais intensas
e tanto o que dizemos quanto a forma como dizemos chegam para o outro como
mensagens diferentes da que gostaríamos de enviar. Uma comunicação violenta
pode acontecer também de maneira bem mais sutil e aparecer em momentos comuns
da rotina do casal”, ressalta Flávia Amorim.
Segundo a especialista, a CNV é capaz de auxiliar
na melhora dos conflitos, pois, fazendo uso da prática e aplicando no dia a
dia, o casal consegue ter uma mudança não apenas na forma que falam sobre o que
precisam, mas na forma como escutam. Dessa forma se torna possível compreender
o que de fato o outro está dizendo e podem chegar juntas a soluções eficazes
para a resolução de seus conflitos.
Flávia destaca que a CNV consegue ajudar na
comunicação dos casais por meio de quatro focos de atenção que auxiliam na hora
das conversas difíceis.
- Foco
de atenção nos fatos:
Pergunte-se: o que de fato aconteceu? Quando
falamos sobre fatos, em vez de histórias que nós contamos e julgamos sobre o
outro, fica mais fácil reconhecermos uma realidade que todos enxergam igual.
Isso diminui as chances da outra pessoa ficar reativa. É diferente dizer “nas
últimas três noites você não desceu para passear com o cachorro” e dizer “você
é um irresponsável, você nunca desce com o cachorro e eu que tenho que fazer
tudo nessa casa”.
- Foco
de atenção nas nossas necessidades: é mais fácil fazer com que a
outra pessoa me compreenda quando eu falo do que é mais importante para
mim em uma situação. Por exemplo: "Contribuição e apoio são
importantes para mim”.
- Foco
de atenção nos nossos sentimentos: os sentimentos são mensageiros das
nossas necessidades que estão ou não atendidas. Então, se percebo que
estou impaciente e ansiosa, é porque tem algo que é importante para mim
que não está sendo cuidado. Escutar a mensagem dos sentimentos pode ser
muito útil para evitar que incômodos se acumulem e para que possamos
conversar sobre o que precisamos antes disso virar uma grande briga.
- Foco
de atenção nos pedidos: a ideia é fazer pedidos para que a outra pessoa
saiba como ela pode contribuir com o que é importante para você. Então, no
caso do cachorro, um pedido possível seria:
“Podemos combinar os dias da semana em que você
fica responsável por descer com o cachorro?”. Quanto mais específico o pedido,
maior é a possibilidade de termos nosso pedido atendido na relação.
“No momento de resolver a discussão de relacionamento,
usar os focos de atenção da Comunicação Não-Violenta pode ser muito estratégico
tanto para ser compreendido, quanto para compreender a outra pessoa. Então, na
hora de contar a sua perspectiva, fale sobre o que de fato aconteceu, conte do
que é mais importante para você e que você quer preservar naquela situação e
faça pedidos específicos. Se você está em uma situação recorrente, por exemplo,
você pode dizer "Quando cheguei em casa e notei que você não havia descido
com o cachorro, fiquei preocupada e ansiosa, pois valorizo que nossos
combinados sejam cumpridos e conto com isso para ter previsibilidade no meu
dia. Você estaria disposto a conversar sobre nossos combinados?”, destaca a
especialista.
Flávia também explica que a hora de escutar também
é importante para evitar conflitos em uma relação.
“Quando for escutar a perspectiva do outro, escute
com curiosidade se perguntando: o que será que é mais importante para a outra
pessoa? O que ela gostaria que você fizesse que contribuísse para isso que ela
precisa? Lembrando que queremos um diálogo e não dois monólogos, então, é
necessário que as duas pessoas falem e tragam para a conversa o que é
importante para cada uma delas”, finaliza a sócia e facilitadora do Instituto
CNV Brasil.