Dados de
exportação são do comparativo de janeiro a agosto de 2022 com 2021. Atualmente,
a bebida brasileira é exportada para 66 países
No Dia Nacional da Cachaça comemorado nesta
terça-feira (13), o setor celebra o impulsionamento no mercado externo e
interno.
A variação percentual das exportações
de Cachaça realizadas de janeiro a agosto de 2022, no comparativo com 2021,
apresentou crescimento de 62,49 % em valor (US$ 13,10 milhões) e de 26,84% em
volume (5,9 milhões de litros). Em 2021, nesse mesmo período, foram exportados
o equivalente a US$ 8.066.791,00 em valor, e 4.710.930 litros em volume. Os
dados são do Comex Stat (Ministério da Economia), compilados pelo Instituto
Brasileiro da Cachaça (IBRAC), entidade representativa do setor. Atualmente, a
Cachaça é exportada para 66 países, principalmente para os Estados Unidos,
Alemanha, Portugal e Itália.
No mercado interno, o tamanho do
mercado da Cachaça também apresenta evolução. De acordo com relatório anual de
bebidas alcóolicas da Euromonitor International, líder global no fornecimento
de pesquisa de mercado, no comparativo entre 2021 e 2020, o crescimento foi de
30% em valor (atualmente, um mercado de R$ 15,55 bilhões) e 18% em volume
(totalizando 469.725,2 milhões de litros).
“Os números precisam ser comemorados e a perspectiva
do setor – tanto no mercado externo, quanto interno - é fechar o ano com dados
superiores a 2021. Mas é importante alertar que as perdas enfrentadas durante a
pandemia foram significativas, em especial no mercado interno, quando o
fechamento de bares e restaurantes, e outras restrições ao consumo de bebidas
alcoólicas, afetou diretamente o mercado da Cachaça, que tem nesses locais os
seus principais canais de distribuição. Esperamos que o cenário positivo
continue, e que tenhamos mais motivos para comemorar”, enfatiza Carlos
Lima, diretor executivo do IBRAC.
“O momento pós-pandemia pode oferecer grandes
oportunidades para o setor de Cachaça, à medida que os consumidores se sentem
mais confortáveis em voltarem a consumir em bares e restaurantes. Teremos ainda
um verão ímpar, com a Copa do Mundo e a volta do Carnaval, criando um cenário
que, se bem trabalhado, podemos ver a Cachaça ser alavancada como um dos
grandes destilados do mercado nacional”, destaca Rodrigo Mattos,
analista de Alcoholic Drinks da Euromonitor International.
Cachaça – da Colônia à
Independência do Brasil
O Dia Nacional da Cachaça é uma iniciativa do
IBRAC, e já vem sendo comemorado desde 2009 pelo setor produtivo. O projeto de
lei que estabelece o 13 de setembro como Dia Nacional da Cachaça está em
tramitação no Senado Federal.
A escolha da data tem um motivo histórico: em 13 de setembro de 1661 acontecia a famosa rebelião de produtores
brasileiros chamada Revolta da Cachaça.
Em 1635, quando os portugueses notaram que o
mercado da Cachaça crescia e o produto tomava o lugar da bagaceira, produzido
por eles a partir do bagaço da uva, o rei de Portugal proibiu a produção e a
comercialização da Cachaça. Na época, os portugueses chegaram a ameaçar
produtores de deportação, apreensão do produto e destruição dos alambiques. O
cenário culminou no movimento liderado pelos produtores, o que abriu caminho
para a legalização da bebida por Ordem Régia.
“A Cachaça é símbolo da resistência do povo
brasileiro, pois enfrentou preconceitos desde a época do Brasil colônia,
período no qual teve a sua comercialização proibida por várias vezes. Com mais
de 500 anos de história, está ligada aos acontecimentos do Brasil e pode ser
considerada o primeiro destilado das Américas, tendo sido produzida, pela
primeira vez, de forma intencional, em algum engenho de açúcar do litoral
brasileiro, entre os anos de 1516 e 1532, antes mesmo do aparecimento do Pisco,
da Tequila e do Rum”, explica o executivo do IBRAC.
Expansão no mercado externo
Iniciativas como o projeto setorial de Promoção às
Exportações de Cachaça - Cachaça: Taste The New, Taste Brasil, desenvolvido
pelo IBRAC em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos - Apex-Brasil, e o Programa de Qualificação para
Exportação (PEIEX) Agro Cachaça, desenvolvido pela Agência com o
apoio do IBRAC, fazem parte da estratégia para impulsionador a Cachaça no
mercado externo.
Perspectivas para o setor
Apesar dos números favoráveis para o setor, o
executivo do IBRAC destaca que os esforços da categoria estão relacionados às
políticas tributárias nas esferas federal e estadual.
“Um dos principais entraves para a categoria é a
tributação, principalmente nos estados em que há a sistemática da substituição
tributária relacionada ao ICMS. O fim dessa sistemática tem potencial para
impactar positivamente uma parcela considerável da categoria, principalmente de
micro e pequenos produtores. Alguns estados já acabaram com essa sistemática
para algumas bebidas e é importante que o mesmo aconteça para a Cachaça e em
uma escala nacional. Saliento que a Cachaça é uma bebida genuinamente
brasileira, sendo a primeira Indicação Geográfica do país, e que gera cerca de
600 mil empregos diretos e indiretos”, frisa Lima.
“Neste ano, no qual celebramos
os 200 anos da independência, precisamos reforçar a necessidade de um olhar
atento, em reduzir esses entraves para garantir a sustentabilidade do setor
tanto no mercado interno quanto no externo”, completa.
IBRAC - Entidade representativa do segmento
produtivo da Cachaça. Mais informações em Instituto Brasileiro da
Cachaça - IBRAC