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segunda-feira, 4 de abril de 2022

Ensino técnico no Brasil ainda foge da realidade do mercado

Oportunidades de qualificação profissional pública e privada ultrapassam os 30 milhões, mas focam em setores com pouca empregabilidade

 

O ensino técnico, que já foi discriminado frente à graduação, se tornou a salvação para muitas empresas, que têm dado cada vez mais valor a profissionais com essa formação. O estudo “Inclusão produtiva de jovens com Ensino Médio e Técnico: experiências de quem contrata” mostra que mais de 60% das companhias possuem ao menos um gestor que foi contratado, inicialmente, com esse grau de escolaridade. Esse avanço, porém, ainda esbarra na dificuldade em encontrar mão de obra capacitada para as reais demandas de mercado.

A avaliação é do professor Francisco Borges, mestre em Políticas Públicas do Ensino e consultor da Fundação FAT. “Alinhar essas expectativas é crucial para reduzir o desemprego, que hoje atinge cerca de 12 milhões de brasileiros. O desafio hoje é a busca pela excelência da capacitação, aquém do necessário na maior parte dos casos”, diz.

De acordo com ele, atualmente, existem mais de 19 milhões de vagas de cursos de graduação técnica presenciais e mais de 13 milhões de vagas para cursos EaD. Ou seja, não se trata de um problema de quantidade de vagas e sim para quais setores elas são ofertadas. “Às vezes, as políticas educacionais priorizam cursos descolados da realidade do mercado”, afirma.

Ele destaca que existem nas Instituições de Ensino Superior públicas cursos que sequer conseguem ocupar suas vagas por serem de baixa capacidade de empregabilidade. Não é diferente nas instituições privadas, que também precisam conhecer mais o mercado, entender as demandas dos setores produtivos e se preparar para garantir aos alunos um acesso a posições de aproveitamento real do saber e do fazer.

Sem profissionais com formação adequada às demandas da economia, as empresas têm se encarregado de educar a mão de obra. Isso porque a profissionalização técnica se tornou um diferencial até mesmo em setores que, historicamente, não exigiam formação, caso da hospedagem. Hoje, prestadores de serviços criam os próprios cursos para preparar e auxiliar os profissionais a serem contratados, seja para empregos fixos ou trabalhos freelancer.

Exemplo dessa movimentação pode ser observado na Closeer, plataforma que conecta profissionais e empresas com vagas em aberto, especialmente nas áreas de hotelaria e foodservice. Por demanda das empresas parceiras, a startup criou um espaço chamado EduCloseer, onde os profissionais cadastrados são treinados para as funções em alta.

Para Walter Vieira, CEO da Closeer, o método conhecido como microlearning democratiza as oportunidades. “A ideia é que esses profissionais possam se capacitar para acompanhar as áreas com maiores demandas. Todo esse ecossistema vem, de fato, favorecer o profissional e o mercado”, afirma.

Desta forma, todos saem ganhando. Porque diferentemente do que o preconceito faz supor, curso técnico também promove competências socioemocionais. Estudo da Escola de Economia da FGV-SP mostra que o ensino profissionalizante pode, embora não seja seu sentido primordial, desenvolver habilidades não vinculadas a ocupações específicas, caso da empatia, tolerância ao estresse e criatividade. Todos atributos indispensáveis para carreiras futuras, em um mercado em constante transformação.


Primeiro emprego: Como se destacar entre outros candidatos e conquistar a vaga

Uma das principais forças é o candidato valer-se de seus relacionamentos e de suas redes sociais, como por exemplo o Linkedln 

 

O primeiro emprego é um passo muito importante na vida profissional dos jovens que estão à procura de uma oportunidade. Com a iniciativa, alguns cuidados devem ser tomados, a fim de não perder a vaga para outro candidato mais qualificado. O currículo é o pontapé inicial para aqueles que buscam o primeiro emprego. Destacar as habilidades e conhecimentos pode ser um diferencial, pois nem sempre os jovens possuem experiência desejada no mercado.  

Segundo Gustavo Oliveira, coordenador do curso de Administração de Empresas da Faculdade Santa Marcelina, para que se tenha êxito no desenvolvimento das ações diante do recrutador, as informações do currículo devem ser sucintas e algumas são essenciais e indispensáveis, como o fornecimento de dados pessoais, os objetivos que se buscam com a oportunidade profissional, a formação acadêmica, os cursos e a experiência profissional, ou em atividades de engajamentos. “Além disso, outras recomendações como a compatibilidade das informações de acordo com o perfil da vaga e evitar erros e gafes comuns são desejáveis, pois desmotivam e desviam a atenção dos responsáveis pelos processos. É bom lembrar que com o advento da Lei Geral de Proteção de Dados, as informações pessoais devem ser preservadas”, explica.  

O especialista, faz algumas recomendações para quem está em busca do tão sonhado primeiro emprego.


Sites de colocação profissional 

Hoje em dia, um dos canais que mais oferecem alternativas é a internet, porém os candidatos não estão impedidos de serem apresentados por meio de site pessoal para divulgar seus conhecimentos, vivências pessoais e profissionais, além do portfólio, mesmo que breve e recentemente construído. Uma das principais forças é o candidato valer-se de seus relacionamentos e de suas redes sociais, como por exemplo o Linkedln, a rede mais adequada para os profissionais que querem ampliar o networking e gerar valor com vistas ao mercado e nicho em que deseja atuar, porém, outras iniciativas são apreciadas, como projetos, trabalhos voluntários e até mesmo estágios. No entanto, as vagas não estão disponíveis apenas nos portais de anúncio, sites de emprego e demandas oriundas de relacionamentos privados, pois quem está em busca de oportunidade para o primeiro emprego, pode contar com as políticas públicas de emprego, sendo o Programa Jovem Cidadão e o Programa Nacional do Primeiro Emprego, os mais conhecidos.  


Na hora da entrevista 

Além de redigir uma carta de apresentação, outra dica importante é se preparar bem para a primeira entrevista, pois as atitudes do candidato devem ser sempre condizentes com a cultura institucional, valendo-se de vestimentas adequadas, exercendo seu compromisso e apresentando-se de maneira pontual. Além disso, o atitudinal deve ser algo presente no processo de seleção, daí recomenda-se adotar uma postura que possa atender aos interesses como investir em qualificação, demonstrar a participação em outros projetos, chegar preparado para o momento da entrevista e controlar a ansiedade de forma que se possa demonstrar cortesia e educação, além de equilíbrio e inteligência emocional. 

 

Dicas de como se sair bem nas entrevistas de emprego 

Como dicas para se dar bem na entrevista de emprego, ainda mais se tratando da primeira oportunidade, recomendo conhecer bem a área em que se quer atuar, inclusive quanto aos nichos, demandas técnicas, requisitos essenciais e possibilidades de crescimento e desenvolvimento, inclusive na instituição de interesse. Em segundo lugar, que esta demanda, possa estar alinhada aos seus propósitos, pois há necessidade de identificação das oportunidades, aliadas aos seus interesses e reais condições de aproveitamento. Neste quesito, o aconselhamento por pessoas mais experientes e a mentoria ajudam.  Por último, fazer do estudo e da capacitação um hábito para conseguir evoluir e progredir com conhecimento técnico, dando ênfase a língua estrangeira, em especial o idioma inglês, como ferramenta usual do trabalho, assim como a tecnologia, já que muitos processos seletivos se utilizam de fases virtuais eliminatórias e, com a ajuda da inteligência artificial, buscar o melhor perfil ao cargo e função ofertados. Recomenda-se que o candidato esteja frequentemente atualizado dos últimos assuntos da área escolhida, participar de eventos e realizar atividades propostas pelas instituições de ensino, no sentido de fortalecer a aprendizagem, pois estes são também meios efetivos para a conquista da vaga.    

 

Faculdade Santa Marcelina

 

Dia do Serralheiro: como tornar o trabalho mais seguro e eficiente

Celebrado em 23 de abril, o Dia do Serralheiro homenageia uma das profissões mais antigas do mundo, já que o metal é utilizado na sociedade há mais de 10 mil anos. Foi ao longo das últimas décadas, porém, que esse especialista passou a ter melhores condições de trabalho, principalmente no que diz respeito às ferramentas de seu dia a dia.  

Responsável por serviços na arquitetura, indústria, no setor automotivo e até mesmo em obras de arte, o serralheiro necessita de segurança e conforto para executar um trabalho com excelência. Afinal, é preciso mais que habilidade para lidar com peças em chapas de metal, como zinco, latão, alumínio, cobre, aço, ferro galvanizado e estanho. 

Para que esses profissionais atuem com excelência, a ferramenta certa deve se tornar a aliada número um do talento. Investir constantemente em capacitação e atualização é de extrema importância. Afinal, novas tecnologias surgem a todo o momento e podem aumentar a produtividade e a segurança do serviço.

 

Um bom marcador de nível magnético, por exemplo, garante leveza e precisão às medições – os modelos de alumínio são os mais versáteis, adequados para diversas aplicações, desde trabalhos com estruturas metálicas até instalações de móveis. Outro instrumento de medição que precisa ser bem escolhido é o esquadro, já que, se corroído pelo tempo, pode influenciar diretamente no desfecho obtido.  

Todo serralheiro sabe bem da importância de se utilizar um bom disco de corte. Quando possui a qualidade necessária, esse acessório é capaz de otimizar o tempo e de garantir o melhor resultado a todo o serviço.  

E, por último, vale destacar a tesoura de aviação. Quando não recebe a atenção necessária em sua escolha, a ferramenta tão utilizada pelo serralheiro pode não apenas prejudicar o seu desempenho como também provocar lesões. Para que isso não ocorra, é fundamental que possua dispositivo de segurança para garantir que as lâminas permaneçam fechadas quando não estiverem em uso. Além disso, existem diversas opções no mercado com cabos anatômicos, lâminas serrilhadas e tratadas termicamente, mais resistentes ao desgaste e responsáveis por proporcionar cortes mais limpos e sem rebarba e a IRWIN tem todas essas opções em seu portfólio. 

 

Joana Kfuri - Gerente Sênior de Brand Activation da IRWIN, marca que conta com ferramentas manuais e acessórios para os mais tipos de profissionais.


EUA acabam com regra que suspendia pedidos de asilos no país

Fim do chamado “Título 42” vai beneficiar imigrantes de várias nacionalidades, mas terá pouco impacto sobre brasileiros que tentam entrar nos EUA

 

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) anunciou o fim de uma regra criada pelo próprio órgão que suspendia o direito de imigrantes de entrar nos EUA e solicitar asilo.

 

“Em consulta com o Departamento de Segurança Interna (DHS), este término será implementado em 23 de maio de 2022, para permitir que o DHS tenha tempo para implementar protocolos adequados de mitigação da Covid-19, tais como a ampliação de um programa para fornecer vacinas para migrantes e preparar para o reinício da migração regular”, afirmou o órgão em comunicado.

 

Colocado em prática em março de 2020 como uma medida de saúde pública, o Título 42 – como foi chamada a regra do CDC – obrigava que oficiais da fronteira expulsassem imigrantes que tentassem entrar no país antes que eles solicitassem asilo. O objetivo era evitar que esses estrangeiros carregassem alguma variante do coronavírus para dentro do território americano e, assim, prejudicassem os esforços sanitários do governo federal.

 

Com isso, nos últimos dois anos, os imigrantes (a maior parte deles do México e de países da América Central) tinham de aguardar em abrigos no lado mexicano da fronteira, geralmente em cidades com altíssimos índices de violência. Esse cenário vinha sendo criticado por organizações de direitos humanos, de defesa dos imigrantes e por membros do Partido Democrata, do qual o presidente Joe Biden faz parte.

 

De acordo com dados do Serviço de Controle e Proteção das Fronteiras (CBP), mais de 1,7 milhões de imigrantes foram expulsos dos Estados Unidos sob o argumento do Título 42.

 

“Após considerar as atuais condições de saúde pública e a maior disponibilidade de ferramentas para combater a Covid-19 (como vacinas altamente eficazes e outras medidas terapêuticas), o diretor do CDC determinou que a ordem suspendendo o direito de introduzir migrantes nos Estados Unidos não seja mais necessária”, continuou o CDC em seu comunicado.

 

Dois dias antes, durante uma coletiva de imprensa na Casa Branca, a diretora de comunicação da administração Biden, Kate Bedingfield, havia afirmado que o governo estava se preparando para uma possível revogação do Título 42 e que, caso a medida se concretizasse, “haveria um influxo de pessoas na fronteira”. “E por isso estamos nos planejando bastante para criar contingências”, disse.

 

Para o advogado de imigração Felipe Alexandre, a decisão do CDC é benéfica para os imigrantes e deve gerar um aumento rápido nos pedidos de asilo. “Com certeza agora as pessoas vão correr para pedir asilo aos Estados Unidos, e por isso é importante que o governo se prepare para esse aumento repentino que irá acontecer a partir de maio. Além disso, o fim do Título 42 reforça a tradição dos Estados Unidos de oferecer ajuda humanitária a quem precisa”, diz Alexandre, que é sócio-fundador da AG Immigration, escritório de advocacia especializado em imigração para os EUA.

 


Asilo para brasileiros

A decisão do CDC de acabar com o Título 42 irá ajudar imigrantes que buscam ajuda humanitária nos Estados Unidos, mas terá pouco impacto sobre os brasileiros, de acordo com Alexandre.

 

Em geral, imigrantes do Brasil não conseguem mostrar para as autoridades americanas um temor crível de que, se voltarem a seu país de origem, poderão ser mortos, presos ou torturados – critério que embasa a análise do pedido de asilo.

 

Em 2019, por exemplo, 185 brasileiros tiveram seus pedidos de asilo aprovados pelos EUA – uma fração das 27.643 concessões totais daquele ano. Em 2018, foram 110 e, em 2017, apenas 29. Os dados são do Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS).

 

Em geral, brasileiros que requisitam asilo nos Estados Unidos alegam perseguição política, homofobia ou risco de violência por parte de gangues e do crime organizado.

 

Dr. Felipe Alexandre - fundador da AG Immigration é referência internacional em assuntos ligados a imigração, vistos e green cards. Figura há 5 anos como um dos 10 melhores advogados de imigração do Estado de Nova York, prêmio concedido pelo “American Institute of Legal Counsel”. Considerado, em 2021, um dos 10 principais advogados da Califórnia, em votação da revista jurídica “Attorney & Practice Magazine”, e reconhecido pela “Super Lawyers (Thomas Reuters)” como referência no campo das leis imigratórias dos EUA. Nascido no Brasil, mudou-se para os Estados Unidos ainda criança. Tem dedicado sua carreira à comunidade estrangeira que busca viver legalmente no país. 

 

AG Immigration 

 www.agimmigration.law 



Cultura Maker: conheça nova abordagem de ensino que vem revolucionando o aprendizado nas escolas

O empresário Lucas Briquez fala sobre a cultura maker na educação e sobre os benefícios da prática dentro das escolas.



A cultura maker tem se popularizado e cada vez mais tem feito parte, como uma grande aliada, da educação. Para quem está curioso sobre o seu significado, é literalmente "pôr a mão na massa" e encontrar soluções criativas para os seus problemas.

Existem três grandes vantagens que a cultura maker oferece, e que tornam essa abordagem tão positiva para o cenário educacional. E quem explica isso, é o empresário Lucas Briquez, diretor executivo do Asas Educação e Diretor Administrativo e sócio da Teia Multicultural, escola inovadora reconhecida pelo MEC como instituição de referência para a Inovação e a Criatividade em educação básica do Brasil.

Para Lucas, as principais vantagens são: a colaboração, os fatores “aprender fazendo” e o “faça você mesmo''. Estes, quando juntos, se tornam pontos fundamentais para que se tenha uma rede de ensino integrada, dinâmica e versátil.

Atualmente, o que ainda causa dificuldade para que mais redes de ensino adotem a prática da Cultura Maker, é o fato de se ter pré estabelecido que para a introdução da abordagem em salas de aula, seja necessário possuir alguns recursos tecnológicos como impressoras 3D, Arduino, máquina de corte, entre outros.

Porém, engana-se quem acha que para começar é preciso fazer tais investimentos, a instituição de ensino pode iniciar as práticas das atividades com recursos simples de adquirir, como por exemplo, a sucata, a cola líquida, a massinha, os brinquedos de montar, tintas, etc.

“O aprender fazendo pode, de fato, transformar vidas e transformar a sociedade. É importante que antes de comprar um equipamento mais sofisticado, o professor ou gestor saiba primeiro como trabalhar com recursos mais simples, pois o importante disso tudo é a transformação cultural que proporciona com que se aprenda na prática, sendo este o real propósito do paradigma Maker”, explica o empresário. “Afinal, não é apenas sobre usar tecnologia, pois podemos utilizar até mesmo a sucata como material, mas sim passar por processos que colocam o aluno como protagonista de sua própria jornada de aprendizagem, coisa que só desenvolvemos colocando a mão na massa", finaliza Lucas.

 

 Lucas Piacentini - diretor executivo do Asas Educação e Diretor Administrativo e sócio da Teia Multicultural, escola inovadora reconhecida pelo MEC como instituição de referência para a Inovação e a Criatividade em educação básica do Brasil, e pela seleção mundial de escolas inovadoras Education Cities no desafio Edumission, onde recebeu título honorário de "Inovação em Interdisciplinaridade". Lucas tem MBA em Marketing e Negócios Digitais pela Be.Academy, é professor de empreendedorismo, design thinker, designer instrucional e copywriter. Hoje, seu maior objetivo é levar a metodologia da Teia Multicultural para crianças e adolescentes de todo país, através da Edutech Asas Educação.


Eleição, queda econômica e problema estrutural: quais são as perspectivas do Brasil nos próximos tempos?

Em 2022, infelizmente, não teremos grandes novidades. O cenário econômico permanece igual ao que vivenciamos nos últimos meses, com baixo crescimento, inflação nas alturas e juros na casa dos dois dígitos. Segundo análises do Fundo Monetário Internacional (FMI) e de consultorias do Brasil, a economia do país deve crescer entre 0,8% e 1,9% em 2022. A média para os países emergentes é 5,1%. 

Além disso, o relatório Focus, do Banco Central (BC), previu um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5%, mas que já passou para 0,42% em 2022. Independentemente dos números, é necessário continuar observando as nuances do mercado e os sinais que ele vem nos dando. Quem ainda não trabalha com previsibilidade, deve contratá-la já. 

 

Um desses sinais tem relação direta com a logística e a expansão dos custos para todos os grupos, seja um embarcador ou uma empresa de transporte. Nesses custos estão incluídos valor do combustível e o gasto com pneus, por exemplo. Esse cenário só mostra o que não é segredo para ninguém, todas as partes da operação, principalmente a indústria, estão sofrendo. O que é agravado pela escassez de navios.

 

O ano eleitoral, a partir de julho, dará as caras, o que vai deixar o ritmo da logística cada vez mais tenso. Será necessário pensar em planos de contingência e estratégias para driblar esses eventos. O resumo é que estamos vivendo um pré-caos em um ambiente já muito hostil e que tende a piorar. 

 

A pergunta de todo empresário é: Como não explodir?

 

Não há escapatória. Essa é a resposta. Mas temos como mitigar.

 O primeiro passo é apostar na digitalização para ajudar na questão da previsibilidade.

O segundo passo é realizar um benchmarking horizontal, olhar para os concorrentes e trazer o que for de melhor para o seu ambiente.  

O terceiro passo é fazer, em conjunto, um benchmarking vertical. O que os grandes nomes do mercado estão realizando nacional e internacionalmente?  

Nesses tempos em que vivemos, é preciso parar e pensar. A situação, que já era gravíssima com a pandemia da Covid-19, é agora acompanhada de uma disrupção logística no mundo.

 

Reitero: neste ano, a economia continuará muito fraca, aliada ao fato de que vivemos em um país que possui uma deficiência crônica de estrutura, sem estratégia e com uma logística sem rumos.

 

Em 2023, ainda teremos um crescimento pífio, mas será um ano de conscientização. Mas, finalmente, em 2024, talvez possamos voltar a crescer. 

 

Aproveitando o ano eleitoral, o que o nosso futuro presidente precisa ter é um novo olhar, essencialmente para a questão da infraestrutura, saúde e educação. Precisamos investir em um crescimento sustentável, olhar com atenção para o desmatamento, nomeando quatro ou cinco prioridades que sejam urgentes e com planos sociais que atendam as pessoas mais carentes.

 

Se não nos olharmos mais nem tivermos planos estratégicos e de ação, viveremos em uma constante crise. Crises cíclicas e cada vez mais graves.

Pare e pense. 

 

Antonio Wrobleski - engenheiro, com MBA na NYU (New York University), participa do Conselho da BBM Logística e é sócio da Awro Logística e Participações. Foi presidente da Ryder no Brasil de 1996 até 2008, em 2009 montou a AWRO Logística e Participações, com foco em M&A e consolidação de plataformas no Brasil. Foi country manager na DHL e diretor-executivo na Hertz. Tem exposição muito grande junto ao mercado Internacional, com trabalhos em mais de 15 países tanto no trade de importação como de exportação. Além disso, ele é faixa preta em Jiu-jítsu, há 13 anos, e pratica o esporte há 30 anos.

 

Como transformar o hobby em um bom negócio


Dedicar o tempo com atividades prazerosas, como ter um hobby, pode ser uma alternativa para manter a saúde mental equilibrada. Praticar atividades esportivas, cuidar de plantas, dançar, escrever, ler ou ouvir música ajudam a diminuir o estresse e a conquistar o bem-estar no dia a dia.

Além disso, o hobby pode ser encarado como alternativa para a mudança de carreira ou a abertura de um novo negócio. “Transformar o hobby em uma profissão é possível, mas demanda uma análise consciente do profissional acerca das suas habilidades, clareza do mercado, público-alvo e se a atividade realmente é rentável”, diz Wellington Alves Rodrigues, coordenador de negócios educacionais do Senac São Paulo, que indica algumas ações para quem deseja transformar o hobby de fim de semana, por exemplo, em bom negócio: 


Aqui é trabalho! 

  • Para transformar a paixão em ofício é preciso assumir a carreira de empreendedor. Invista em uma análise de mercado e práticas de gestão para identificar o público-alvo e o potencial do produto. Também é necessário negociar preços com fornecedores e criar estratégias de marketing para encantar o cliente. 
  • Mesmo com o domínio do hobby, uma nova profissão exige capacitação, desenvolvimento contínuo e a adoção de habilidades comportamentais e técnicas. Cursos, práticas vivenciais, mentoria e networking são fontes de desenvolvimento a aprendizado. 
  • Analise se a prazerosa atividade de fim de semana é rentável. Antes de converter o lazer em profissão é preciso ter certeza que a atividade tem mercado sustentável e lucrativo. Faça pesquisas, networking e converse com outras pessoas.

 

Para relaxar ou transformar em carreira

Listamos cinco cursos livres ofertados pelo Senac São Paulo para quem deseja aliviar o estresse ou iniciar uma nova jornada.


Aromaterapia

Aqui você vai conhecer a história e os conceitos da Aromaterapia. Além disso, vai aprender a usar os óleos essenciais e conhecer os benefícios e efeitos energéticos para a saúde, o bem-estar e a aplicação do marketing olfativo.


Jardinagem: Formação Básica

O contato com a terra é uma agradável iniciativa para o bem-estar. Neste curso, você vai aprender a fazer a manutenção do jardim, escolher as espécies de plantas mais adequadas a cada ambiente e a identificar, preparar e corrigir os tipos de solo de acordo com as necessidades das plantas.


DJ

Quer ativar o DJ que existe dentro de você? Aprenda a tocar, mixar e produzir sets de músicas, comandando uma cabine de som com foco no entretenimento do público. O curso também ensina a planejar sua carreira, identificando oportunidades de inserção no mercado de trabalho.

Porém, se a vida de DJ não vingar, o repertório e os sets musicais das festas de família serão muito mais animados.


Formação Básica em Fotografia

Desenvolver visão estética para identificar cenas e ambientes fotográficos, captar e produzir imagens de qualidade usando câmeras fotográficas profissionais pode se revelar como uma grata alternativa para aliviar o estresse diário.


Oficina de canto

Música é um grande instrumento para equilibrar a saúde mental. Aqui você vai soltar a voz e aplicar técnica de respiração para cantar diferentes estilos de música como: erudito, pop, soul, belting, MPB, entre outros.

As inscrições para os realities musicais estão chegando, fica a dica!

 

IPCC divulga hoje relatório com foco na mitigação dos efeitos da crise climática

E alerta: “Pare de procrastinar, existem soluções para um futuro mais seguro”

Crise climáticas causando enchentes em Minas Gerais | Foto: Isis Medeiros | Greenpeace 

Foi divulgada hoje a terceira parte do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Com foco na mitigação das mudanças climáticas, o documento declara que existem soluções práticas que poderiam ser implementadas para garantir o cumprimento do Acordo de Paris (1,5°C até 2030). No entanto, as soluções não se concretizarão com as políticas atuais dos governos, que estão nos conduzindo para o fracasso. Vivemos anos decisivos para reduzir pela metade as emissões globais e definir o rumo para zero. 

“O relatório de mitigação do IPCC mostra que já temos os caminhos para o combate à crise climática e que eles passam, para além de soluções tecnológicas, por soluções políticas. Ainda, aponta que a descarbonização do sistema de produção e consumo global depende de um conceito fundamental: Justiça Climática. Sem o enfrentamento e correção das desigualdades históricas, tanto entre países quanto entre povos, classes, raças, gêneros, territórios, entre outras, não haverá saída efetiva para essa crise”, declara Marcelo Laterman, porta-voz de Clima e Justiça do Greenpeace Brasil. 

Os dois primeiros relatórios divulgados examinaram as causas e os impactos das mudanças climáticas. No primeiro, os cientistas trouxeram informações sobre a base física das mudanças climáticas passadas, presentes e futuras, e afirmaram ser inequívoca a influência das emissões humanas sobre o clima do planeta. Já na segunda parte do relatório, divulgada em fevereiro, o IPCC confirmou o que já estamos testemunhando e vivenciando: os eventos extremos climáticos estão aparecendo mais rapidamente e se agravarão mais cedo do que previa a ciência e, inclusive, alguns impactos já são irreversíveis. Portanto, precisamos ser mais rápidos e mais ambiciosos nas ações e soluções também.

A crise climática já é realidade e está destruindo vidas, meios de subsistência, biodiversidade, comunidades e culturas no Brasil e no mundo. Os recentes eventos extremos são de natureza sem precedentes no contexto de toda a história humana, os riscos estão aparecendo mais rapidamente e se tornarão cada vez mais graves. De ondas de calor e incêndios florestais a inundações, secas e furacões, ninguém deixará de sentir as consequências. 

De acordo com o IPCC, existem soluções para pelo menos reduzir pela metade as emissões globais de gases de efeito estufa até 2030 e cumprir a meta do Acordo de Paris de frear o aquecimento global a 1,5°C, o que limitaria substancialmente os danos, riscos e perdas futuras. 

O relatório de hoje confirma que os planos e políticas climáticas dos países não estão alinhados com o limite de aquecimento e segue aumentando a desigualdade e impactando principalmente comunidades já historicamente vulnerabilizadas pelo Estado. No Brasil, apenas sete estados (PE, MG, SP, AC, TO, RS e GO) possuem planos de adaptação ao clima e, mesmo nesses casos, faltam ações efetivas, com orçamento garantido para medidas de adaptação e perdas e danos às populações impactadas. Além disso, o planejamento conta com pouca presença de representantes de áreas mais vulneráveis ​​a eventos extremos e da sociedade civil, o que revela a falta de diálogo por parte do poder público.


Quem viver verá!

Combustíveis alternativos e futuro do transporte rumo ao zero emissões 

 

Há várias bifurcações possíveis para se chegar a um destino mais limpo e renovável. O mercado de combustível alternativo já é uma realidade e a Simone Cotrufo França da Carcon Automotive listou alguns deles que valem a pena acompanhar de perto. Confira:

Biodiesel

Combustível já consagrado no mercado. Ele pode ser utilizado na sua forma pura ou misturada para alimentar os veículos que utilizam o diesel como combustível. A mistura do Biodiesel no Diesel atualmente é de 10%. É produzido a partir do processo químico de transesterificação de gorduras vegetais OU animais. Por ser isento de enxofre ajuda a reduzir a emissão de poluentes. O biodiesel, quando comparado ao óleo diesel mineral, é capaz de reduzir a emissão de Carbono (CO), além de reduzir a emissão de outros gases poluentes e agressivos à saúde.


Biometano

Semelhante ao GNV (gás natural veicular) o biometano é obtido através do tratamento do biogás, onde são retirados compostos que não contribuem para a combustão. É um combustível que pode ser misturado ou substituir o GNV em motores ciclo Otto a gás. Biogás é um gás originário a partir da digestão anaeróbia (sem oxigênio) de matéria orgânica (resíduos sólidos urbanos, material orgânico e esgoto doméstico). Reduz a emissão de CO2 e o seu processo de fabricação tem baixo custo. A Carcon tem um artigo sobre o tema no link https://lnkd.in/djbutNqY


Bioetanol

Diferentemente do etanol que é produzido através de composições fósseis, o bioetanol é produzido a partir de matéria prima vegetal. No caso, no Brasil o uso da cana de açúcar é a principal fonte de obtenção desse combustível. Atualmente, o bioetanol é o único combustível líquido prontamente disponível para ser utilizado na substituição parcial da gasolina e vem sendo testado e utilizado para abastecer baterias de carros elétricos.


Gás Natural (GNV)

Apesar de sua origem ser fóssil, ele polui menos que o diesel. Atualmente é possível ver tanto veículos de passeio como veículos de carga movidos à GNV. É considerado um combustível mais limpo e econômico.


Energia elétrica/Baterias

Uma das mais badaladas alternativas aos veículos movidos a combustíveis fósseis, os veículos elétricos são a grande opção que vem sendo utilizada pelas montadoras. Veículos leves podem ser encontrados nas concessionárias do país, e infraestruturas estão sendo instaladas para otimizar o uso dessa tecnologia. Já, quanto a veículos pesados, é possível acompanhar o crescimento de caminhões tipo VUC que utilizam bateria, além dos ônibus (como os trólebus) e os retrofitados (veículos a combustão transformados em elétricos). Para caminhões estradeiros, os estudos já estão avançados, e na Europa ou EUA algumas empresas já fazem uso dos caminhões elétricos. Esses veículos são emissão zero e ainda resultam em uma redução significativa de manutenção.


HVO - Óleo Vegetal Hidrogenado ou Diesel Verde

O HVO (Hydrotreated Vegetable Oil) trata-se de um combustível Drop-in, ou seja, é totalmente compatível ao Diesel, podendo substitui-lo sem adaptações de motores ou infraestrutura de abastecimento. Ele é obtido a partir da hidrogenação de óleos (como soja, mamona, girassol etc) ou gordura animal (esses insumos podem ser usados separadamente ou misturados). Este produto é um combustível livre de enxofre e aromáticos e tem um valor elevado de índice de cetano. A CARCON detalhou o tema em outro artigo. Click no link e aprofunde-se no assunto: https://lnkd.in/daCgx6iJ


Hidrogênio

O hidrogênio é um dos grandes candidatos a protagonista para um futuro neutro em carbono. Ele pode ser produzido diretamente a partir da água por eletrólise (a eletrólise é um processo químico não espontâneo que ocorre pelo fornecimento de energia elétrica por meio de uma fonte geradora), mas quase todo o hidrogênio atualmente em uso é gerado a partir da reforma a vapor do metano ou da gaseificação do carvão o que demanda muita energia, gerando emissões de carbono. Entretanto, para que o hidrogênio se torne o protagonista ainda precisará superar grandes problemas técnicos em torno de sua produção, distribuição e armazenamento.

 

Sua Majestade, o Caixa

 

Um dos chavões mais difundidos no mercado financeiro é a expressão “Cash is King”. Quem a usa com frequência como eu, quer chamar a atenção dos administradores para a importância de se manter um robusto colchão de caixa na empresa, que possa fazer frente às despesas inesperadas numa emergência. Tal afirmação é sobretudo importante para empresas intensivas em capital, ou seja, que precisam de um grande volume de dinheiro para produzir, estocar e vender seus produtos. Não precisa ser um especialista para concluir que, dada a sazonalidade, organizações do agronegócio, em sua maioria, se enquadram nesta definição.

Apesar de tudo, não é fácil os administradores se convencerem disso. O principal questionamento a essa prática é quanto ao custo do carrego, que nada mais é que a diferença entre o que a empresa paga de juros em seus empréstimos e o que ela recebe de juros em suas aplicações. Carregar caixa custa caro!

Sim, carregar caixa realmente custa caro, mas como tudo em economia e finanças temos que olhar a relação custo/benefício. Acompanho as finanças de empresas e empreendimentos do agro há mais de 20 anos. Nesse período, presenciei várias crises, seja por excesso de oferta, jogando os preços das commodities abaixo do custo de produção, seja por frustração de safra, ou até mesmo devido aos chamados “Cisnes Negros” (acontecimento de impacto desproporcionado ou evento raro aparentemente inverossímil, para lá das expectativas normais históricas, científicas, financeiras ou tecnológicas).  Em relação aos cisnes, vale notar que em um intervalo de menos de 12 anos tivemos dois: a crise do subprime em 2008 e a pandemia do coronavírus, ambos atingindo todos os setores da economia,  isso sem considerar ainda a recente invasão da Ucrânia pela Rússia. Não é menos importante lembrar que o Brasil, por ser um país com fragilidades macroeconômicas estruturais, está sempre mais sujeito a crises econômicas que os países desenvolvidos. 

Por experiência própria, posso afirmar categoricamente que, via de regra, as empresas que possuíam caixa robusto, passaram incólumes por todas as crises que presenciei, fossem elas setoriais, nacionais ou globais, enquanto as demais sempre sofreram em alguma medida, algumas tendo sido forçadas a pedir recuperação judicial ou chegando até a ter sua falência decretada. Assim, costumo dizer que o custo de carrego tem que ser encarado como um prêmio de seguro.

Adicionalmente, além de servir como um seguro contra situações desafiadoras de mercado, quem carrega caixa consegue gerenciar melhor sua cadeia de suprimentos, carregar estoque para entressafra, consegue janelas de fixação e limites maiores nas tradings, além de taxas e prazos mais competitivos em empréstimos e financiamentos. Sim! Bancos também adoram clientes com caixa! Não à toa, empresas de primeiríssima linha não veem qualquer incômodo em carregar um caixa expressivo. Veja alguns exemplos de companhias abertas em 31 de dezembro no ano passado: Brasilagro, caixa de R$ 563 milhões, equivalente a 1,13 vezes sua dívida financeira de curto prazo; São Martinho, caixa de R$ 1,5 bilhões, 2,23 vezes; Suzano, caixa de R$ 5,2 bilhões, 2,79 vezes.

Sim, carregar caixa realmente custa caro, mas como tudo em economia e finanças temos que olhar a relação custo e benefício. Ter um caixa bem dimensionado diminui o risco, aumenta o poder de barganha e torna a empresa mais fácil de administrar.

Vida longa ao Rei!

 

 

Manoel Pereira de Queiroz - Superintendente de Agronegócio do Banco Alfa, membro do Conselho Superior do Agronegócio da FIESP e conselheiro da ADEALQ.

 

Saúde, educação e violência: os impactos da gestão da pandemia nos direitos de crianças e adolescentes no Brasil

Instituto Alana e CEPEDISA lançam dossiê mostrando as implicações da má gestão da pandemia da Covid-19 na vida dessa população e convidam diversas esferas da sociedade para debater soluções e reverter os impactos negativos da violação de direitos

 

A pandemia começou em 2020 e, desde então, tem impactado todo o mundo em várias escalas. Não foi diferente com as crianças e os adolescentes, que tiveram seus direitos básicos violados, especialmente pela gestão feita durante o período. Exemplo do descaso é que, entre as normas criadas pelo governo federal durante a crise sanitária, apenas uma pequena parcela traçava planos de enfrentamento exclusivos para o público infantojuvenil. Isso é o que mostra o “Dossiê Infâncias e Covid-19: os impactos da gestão da pandemia sobre crianças e adolescentes”, elaborado pelo Instituto Alana e o Centro de Estudos e Pesquisas de Direito Sanitário (CEPEDISA). 

O documento será lançado hoje durante o VIII Seminário Internacional do Marco Legal da Primeira Infância, promovido pela Frente Parlamentar Mista da Primeira Infância, na Câmara dos Deputados. A pesquisa analisou 142 atos normativos, editados pelo Executivo federal, que mencionaram termos ligados à infância e à juventude, tais como “criança”, “adolescente”, “jovem” e “infantil”. Entre eles, poucos continham políticas públicas voltadas a este público. Nesse contexto, caberia à União a destinação orçamentária e a formulação de normas gerais entre todos os entes da federação. 

Essa ineficiência de ações está revertida em números: dados da Fiocruz indicam que, até o dia 4 de dezembro de 2021, 1.422 crianças e adolescentes morreram em razão da Covid-19 - sendo 418 óbitos de crianças com até 1 ano; 208 de 1 a 5 anos e 796 de 6 a 19 anos -, tornando o Brasil o segundo país com mais mortes nesta faixa etária. Além disso, quase 20 mil crianças e adolescentes abaixo de 19 anos foram hospitalizados por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), confirmados por Covid-19. 

Vale destacar que crianças em situação de vulnerabilidade, cujas famílias se encontram em situação de pobreza, especialmente crianças e adolescentes negros, residentes em comunidades periféricas, quilombolas e indígenas - estas últimas, segundo estudo da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, têm o dobro de risco de morrer de Covid-19 em relação às demais crianças - foram mais expostos à doença, em compasso com as profundas desigualdades sociais e raciais do país. 

Soma-se a isso o estresse gerado pela falta de apoio durante a pandemia, além do aumento da pobreza e da fome, da quebra da convivência familiar e social, da interrupção de atividades presenciais e da perda de amigos e familiares que comprometeram a saúde mental das crianças e dos adolescentes, contribuindo para o sofrimento psicológico e o agravamento de questões de saúde já existentes. Um exemplo é que, segundo a Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, uma a cada quatro crianças de até 3 anos regrediram em algumas questões comportamentais, indicando o aumento do estresse com o isolamento social. 

As pesquisas que constam no dossiê são de março de 2020 até setembro de 2021, com exceção do tópico ''Vacinação de crianças e adolescentes'' que, em razão da atualidade do debate, foi atualizado até fevereiro de 2022.
 

Vacinação 

A vacinação de crianças e adolescentes contra a Covid-19 é um poderoso meio para auxiliar na proteção e no desenvolvimento integral deste público, que sofre tão intensamente os impactos da má gestão da pandemia. A Fiocruz já alertou que as pessoas que ainda não foram imunizadas são as mais suscetíveis às novas variantes. Mesmo assim, o governo federal impediu a celeridade da campanha de vacinação e iniciou a imunização de crianças menores de 12 anos quase um mês após o aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). 

O direito à vacinação infantil está previsto em lei, pois a imunização integra o direito à saúde com absoluta prioridade, conforme o artigo 227 da Constituição Federal. Ainda, o artigo 14 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) prevê a vacinação obrigatória em “casos recomendados pelas autoridades sanitárias”. 

“O governo federal deixou ações de enfrentamento à pandemia voltadas para as crianças por último. Elas tiveram seu direito à saúde negado, quando deveriam ser a prioridade. Ainda, elas possuem o direito de ser protegidas contra uma doença que pode levar à morte e deixar sequelas. A saúde individual e coletiva é uma condição para que elas tenham acesso a outros direitos, como à educação e à convivência em sociedade”, destaca Ana Claudia Cifali, coordenadora jurídica do Instituto Alana.
 

Educação 

Estudo do Unicef (Fundo das Nações Unidas para Infância) revela que o Brasil corre o risco de regredir duas décadas no acesso de meninos e meninas à educação, já que pelo menos 5 milhões de crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos estavam sem acesso à educação em novembro de 2020. Destes, 40% tinham de 6 a 10 anos, faixa etária em que a educação estava praticamente universalizada antes da pandemia. 

Relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico indica que o Brasil foi o país onde as escolas ficaram fechadas por mais tempo durante a crise do coronavírus. Redução do aprendizado, ampliação das desigualdades e aumento da evasão escolar são os principais impactos da demora na retomada das atividades presenciais. Atualmente, 28% dos jovens consideram não retomar os estudos, segundo pesquisa "Juventudes e a Pandemia do Coronavírus", realizada pelo Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE) e organizações parceiras. 

Mais um impacto da falta de atividades presenciais, especialmente nas escolas, importante local de proteção, é o aumento da violência doméstica. No Brasil, as denúncias envolvendo violência física, sexual e psicológica contra crianças e adolescentes caíram desde o início da pandemia. Porém, a redução dos números não equivale à redução das violências, mas se refere à subnotificação dos casos. Isso porque a rede de proteção voltada aos jovens, como a própria escola, os canais de denúncia e as possibilidades de identificação das violências foram reduzidas com o isolamento. 

Por estes motivos, o retorno presencial às escolas é imprescindível. Inclusive, o Instituto Alana está monitorando as decisões dos 26 estados e do Distrito Federal, além de diversas cidades do país, sobre a retomada das aulas. Há uma tendência de adiamento da retomada, com algumas previsões apenas para março e abril, o que viola os direitos previstos pela Constituição, pelo ECA e pela própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
 

Orfandade e pandemia 

Levantamento do Imperial College mostra que, no Brasil, de março de 2020 a outubro de 2021, ao menos 168,5 mil pessoas de 0 a 17 anos perderam o pai, a mãe ou ambos por causa da Covid-19. No Senado, o relatório final da CPI da pandemia recomendou a criação de uma política de auxílio financeiro a crianças e adolescentes em situação de orfandade causada pelo coronavírus. Porém, é necessário que uma legislação específica seja aprovada. 

“Precisamos dimensionar a situação dessas crianças e adolescentes em situação de orfandade e promover medidas de auxílio financeiro e apoio psicossocial para mitigar os efeitos deste trauma tão precoce. Neste processo, é essencial fortalecer os órgãos que atuam para garantir os direitos da criança e do adolescente, como os conselhos tutelares”, afirma Ana Claudia, do Instituto Alana.
 

Crianças e adolescentes negros 

A má gestão da pandemia refletiu mais duramente entre crianças e adolescentes negros, grupo que historicamente enfrenta maiores desigualdades em diversos setores da sociedade. Segundo dados do Sivep-Gripe (Sistema de Informação de Vigilância da Gripe), até maio de 2021, 57% das crianças mortas pela Covid-19 no Brasil eram negras, grupo que inclui pretos e pardos. Para efeito de comparação, as crianças brancas foram 21,5% do total, enquanto 16% não tiveram a raça definida. 

Vale destacar que este grupo sofreu não apenas nos aspectos ligados à infecção pelo vírus, mas também em cenários socioeconômicos afetados direta ou indiretamente. Sabendo que a condição dos pais e responsáveis reflete na vida desses jovens, o desemprego é um dos principais problemas entre as famílias negras. No segundo trimestre de 2020, a diferença da taxa de desemprego entre brancos e pretos foi a maior desde 2012, segundo a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). 

Outro impacto é na educação de meninas negras. A ineficiência do ensino remoto para este grupo em razão da falta de equipamentos adequados para a realização das atividades escolares é um dos principais aspectos, sendo que um terço dessas jovens sequer realiza alguma atividade educacional ou reserva tempo e espaço adequado para os estudos, conforme mostra pesquisa realizada na cidade de São Paulo pelo Geledés Instituto da Mulher Negra.
 

Tempo de tela e o contato com a natureza 

O dossiê também mostra que 76% dos jovens assistem a mais vídeos na televisão do que antes da pandemia, enquanto 74% assistem a mais vídeos no YouTube e 45% ficam mais nas redes sociais do que antes da pandemia. Os números alertam para riscos, como superexposição das crianças, tratamento indevido de dados pessoais e exposição à publicidade infantil e táticas de marketing predatório. 

Por outro lado, as famílias que conseguiram passar algum tempo ao ar livre notaram os benefícios para a saúde física e mental. Quatro em dez relataram que o contato com a natureza permitiu que as crianças passassem a pandemia com mais saúde e bem estar, e 91% afirmaram que os pequenos ficaram mais felizes e ativos quando estão ao ar livre, segundo a pesquisa “O papel da natureza para a saúde das crianças no pós-pandemia”, idealizada pelo programa Criança e Natureza, do Instituto Alana, em parceria com a Fundação Bernard Van Leer e o WWF-Brasil. A Sociedade Brasileira de Pediatria também divulgou uma nota técnica que mostra a importância da natureza na recuperação da saúde e bem estar das crianças no pós pandemia. 

 

Ana Cláudia Cifali - coordenadora jurídica do Instituto Alana. Mestre em Cultura de Paz, Conflitos, Educação e Direitos Humanos pela Universidad de Granada (UGR), Mestre e Doutora em Ciências Criminais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com período doutorado sanduíche no Programa Delito y Sociedad da Universidad Nacional del Litoral (UNL). Membro do Grupo de Trabalho Infâncias e Juventudes do Conselho Latino Americano de Ciências Sociais (Clacso) e do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas de Segurança e Administração da Justiça Penal (GPESC).


Campanha de prevenção à violência contra a mulher chega à Estação Osasco de trem (Linha 8-Diamante), com distribuição de cartilhas, adesivos, bottons, postais e maços de chá

 Atividades fazem parte do projeto Jardim das Cores e integram a ação internacional “Informe mulheres, transforme vidas”



Encerrando as atividades de conscientização sobre a igualdade de gênero realizadas ao longo de março, a ViaMobilidade, em parceria com a Bauhinia Eco-social, oferece nesta terça, dia 5 de abril, uma ação especial em homenagem às mulheres na Estação Osasco (Linha 8-Diamante).

Entre 10h e 12h, colaboradores da Bauhinia Eco-social distribuirão no local folhetos informativos sobre prevenção à violência contra a mulher, adesivos, bottons, cartões-postais e sachês de chá cultivados por agricultoras de Parelheiros, zona sul de São Paulo. A ação faz parte do projeto Jardim das Cores, que compõe a campanha internacional “Informe mulheres, transforme vidas”. 

"A iniciativa é uma homenagem à mulher no mês dedicado às suas lutas e conquistas, com o objetivo de levar informação e apoio às passageiras que circulam pela ViaMobilidade”, afirma Juliana Alcides, gerente de Comunicação e Sustentabilidade da concessionária.

 

Ação já passou por várias estações e nesta terça está em Osasco - Linha 8-Diamante


Serviço:

Campanha Bauhinia Eco-social -- dia 5 de abril Estação Osasco (Linha 8-Diamante): das 10h às 12h

 

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