E alerta: “Pare de procrastinar, existem soluções
para um futuro mais seguro”
Crise climáticas causando enchentes em Minas Gerais | Foto: Isis
Medeiros | Greenpeace
Foi divulgada hoje a terceira parte do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Com foco na mitigação das mudanças climáticas, o documento declara que existem soluções práticas que poderiam ser implementadas para garantir o cumprimento do Acordo de Paris (1,5°C até 2030). No entanto, as soluções não se concretizarão com as políticas atuais dos governos, que estão nos conduzindo para o fracasso. Vivemos anos decisivos para reduzir pela metade as emissões globais e definir o rumo para zero.
“O relatório de mitigação do IPCC mostra que já temos os caminhos para o combate à crise climática e que eles passam, para além de soluções tecnológicas, por soluções políticas. Ainda, aponta que a descarbonização do sistema de produção e consumo global depende de um conceito fundamental: Justiça Climática. Sem o enfrentamento e correção das desigualdades históricas, tanto entre países quanto entre povos, classes, raças, gêneros, territórios, entre outras, não haverá saída efetiva para essa crise”, declara Marcelo Laterman, porta-voz de Clima e Justiça do Greenpeace Brasil.
Os dois primeiros relatórios divulgados examinaram as causas e os impactos das mudanças climáticas. No primeiro, os cientistas trouxeram informações sobre a base física das mudanças climáticas passadas, presentes e futuras, e afirmaram ser inequívoca a influência das emissões humanas sobre o clima do planeta. Já na segunda parte do relatório, divulgada em fevereiro, o IPCC confirmou o que já estamos testemunhando e vivenciando: os eventos extremos climáticos estão aparecendo mais rapidamente e se agravarão mais cedo do que previa a ciência e, inclusive, alguns impactos já são irreversíveis. Portanto, precisamos ser mais rápidos e mais ambiciosos nas ações e soluções também.
A crise climática já é realidade e está destruindo vidas, meios de subsistência, biodiversidade, comunidades e culturas no Brasil e no mundo. Os recentes eventos extremos são de natureza sem precedentes no contexto de toda a história humana, os riscos estão aparecendo mais rapidamente e se tornarão cada vez mais graves. De ondas de calor e incêndios florestais a inundações, secas e furacões, ninguém deixará de sentir as consequências.
De acordo com o IPCC, existem soluções para pelo menos reduzir pela metade as emissões globais de gases de efeito estufa até 2030 e cumprir a meta do Acordo de Paris de frear o aquecimento global a 1,5°C, o que limitaria substancialmente os danos, riscos e perdas futuras.
O relatório de hoje confirma que os
planos e políticas climáticas dos países não estão alinhados com o limite de
aquecimento e segue aumentando a desigualdade e impactando principalmente
comunidades já historicamente vulnerabilizadas pelo Estado. No Brasil, apenas
sete estados (PE, MG, SP, AC, TO, RS e GO) possuem planos de adaptação ao clima
e, mesmo nesses casos, faltam ações efetivas, com orçamento garantido para
medidas de adaptação e perdas e danos às populações impactadas. Além disso, o
planejamento conta com pouca presença de representantes de áreas mais
vulneráveis a
eventos extremos e da sociedade civil, o que revela a falta de diálogo por parte do poder público.
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