A ação acontece pelo
potencial do canabidiol de reduzir o excesso de atividade neuronal e inflamação
cerebral causada pelas convulsões
Estudo realizado por pesquisadores do departamento de ciências do cérebro do Imperial College London, e publicado na BMJ, uma das mais influentes e conceituadas publicações sobre medicina do mundo, revelou que a cannabis medicinal pode reduzir em até 86% a frequência de crises de epilepsia em crianças.
Em linhas gerais, a substância exerce influência direta no sistema nervoso central, atuando como modulador da transmissão neurológica. Semelhante à uma substância produzida pelo próprio corpo humano, o canabidiol, conhecido popularmente como CBD, tem potencial de controlar as descargas de neurotransmissores nos neurônios pré-sinápticos e tem o pode ajudar a reduzir crises convulsivas tanto em quantidade quanto em intensidade.
Além de auxiliar crianças, o tratamento com cannabis medicinal também pode ajudar adolescentes e adultos que apresentam quadros leves de epilepsia, ou até mesmo casos refratários e de difícil controle. “Existe uma parcela da população acometida por crises epilépticas que não responde aos tratamentos alopáticos convencionais. Esses pacientes podem, muitas vezes, encontrar na cannabis um alívio ou até mesmo o controle das crises”, afirma Fabrizio Postiglione, CEO e fundador da Remederi, farmacêutica brasileira que promove o acesso a serviços e educação sobre a substância.
Outro ponto de destaque sobre o uso do canabidiol em relação aos tratamentos convencionais para epilepsia é que ele não sobrecarrega o fígado, não provoca irritabilidade e nem altera o humor do paciente, além de não apresentar outros efeitos colaterais indesejados, como a redução da capacidade de cognição do paciente, por exemplo.
Geralmente, a cannabis é introduzida no tratamento do problema de forma adjunta com outros medicamentos anticonvulsivantes, porém, em alguns casos a substância pode vir a ser o único tratamento de uma pessoa epiléptica, dependendo da avaliação médica e do caso clínico.
O potencial terapêutico da cannabis medicinal ainda é pouco conhecido pela sociedade e por grande parte da classe médica. O Conselho Federal de Medicina (CFM) já reconhece a prescrição de canabinoides para epilepsia infantil e em adolescentes, contudo, esse reconhecimento é considerado parcial. Posicionamento diferente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) que permite a prescrição para diversas patologias por diferentes especialidades médicas, inclusive epilepsia de adultos e idosos.
A ciência vem investigando e descrevendo a eficácia do CBD para o tratamento da doença há alguns anos e um dos marcos mais importantes para a história da substância aconteceu em 2018, com a aprovação do Epidiolex (um remédio à base de cannabis) pela FDA (agência americana equivalente à ANVISA).
Esse medicamento possui diversos artigos sobre sua eficácia e segurança, sendo que alguns deles podem ser encontrados na página da associação americana de tratamento de epilepsia.
De
acordo com a Organização Mundial da Saúde, hoje a epilepsia é considerada a
doença neurológica crônica mais comum no mundo e afeta cerca de 50 milhões de
pessoas.
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