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sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Outubro Rosa: Pandemia interfere diretamente na detecção do câncer de Mama, doença oncológica que mais afeta a população global

Estudo da OMS aponta para descoberta de tumores em estágio avançado como "herança" da COVID-19; Consultas de rotina e exames periódicos são essenciais para a descoberta de tumores malignos em estágio inicial, chave para a cura em mais de 90% dos casos


Enquanto os olhos do mundo ainda seguem voltados para o combate ao Coronavírus, em 2021, o Outubro Rosa ganha ainda mais relevância no reforço da mensagem sobre a importância do diagnóstico do câncer em fase inicial, assim como a sua prevenção, que mesmo em tempos de Covid-19 devem ser lembrados como as melhores ‘armas’ de combate à doença. O alerta especial referente à incidência do câncer de mama, cuja ocorrência em mulheres corresponde a 99% de todos os casos registrados mundialmente, é justificado por dados do GLOBOCAN 2020 , que alertam para a necessidade de um olhar de lupa para o assunto.

O estudo, divulgado em fevereiro de 2021 pela Agência Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC, da sigla em inglês) - entidade intergovernamental que faz parte da Organização Mundial da Saúde (OMS) - e pela Sociedade Norte-Americana de Câncer (ACS), mostra que cenário da oncologia está mudando, com aceleração em todo planeta nos índices de incidência de neoplasias malignas e trazendo o câncer de mama para o topo da lista entre os mais diagnosticados em todo o mundo, superando pela primeira vez neste ranking os tumores de pulmão.

Para o oncologista Max Mano, líder de tumores de mama do Grupo Oncoclínicas, este cenário é reflexo, em grande parte, de aspectos inerentes ao desenvolvimento sócio-econômico e cultural dos diferentes países. "O contínuo aumento global na incidência do câncer de mama se deve a um conjunto de fatores que incluem mudanças no estilo de vida - tais como a epidemia de obesidade, uso de hormônios, menarca precoce/menopausa tardia, menor (e mais tardia) paridade/amamentação, maior consumo de álcool, sedentarismo -, demográficas, relativas ao envelhecimento da população, e, possivelmente, uma maior capacidade dos países ricos de fazerem diagnósticos", destaca.

Ele frisa que, apesar do câncer de mama ainda apresentar taxas menores de letalidade em comparação aos tumores de pulmão, os dados apresentados pela OMS acendem um sinal vermelho sobre a atenção às políticas públicas de incentivo à detecção da doença em países emergentes, caso do Brasil. Por aqui, o câncer de mama é responsável por cerca de 30% de todos os casos de neoplasias entre o gênero feminino.

"Apesar da incidência crescente, em geral, a mortalidade por muitos tipos de câncer, especialmente o de mama, vem diminuindo nos últimos anos. A má notícia é que isso só tem ocorrido, ao menos de maneira consistente, nos chamados países desenvolvidos. Por causa da ocorrência de diagnósticos em estágio mais avançado e do menor acesso a tratamentos, a letalidade por câncer é maior em países em desenvolvimento do que nos desenvolvidos, um fato cruel que foi acertadamente captado pelo estudo GLOBOCAN 2020", aponta Max Mano.

Isso exigirá esforços contínuos no sentido de aumentar a taxa de cobertura da mamografia de rastreamento populacional, assim como o nível de alerta das mulheres para alterações na mama, requerendo atenção dos especialistas para que o câncer de mama seja diagnosticado o mais cedo possível.

"O baixo investimento em medidas de prevenção e diagnóstico e da menor oferta de tratamentos oportunos e eficazes pode condenar os países subdesenvolvidos e em desenvolvimento a anos de atraso nas políticas de combate ao câncer em relação aos seus pares mais afortunados", diz o oncologista da Oncoclínicas.

No Brasil, o câncer de mama responde por cerca de 67 mil novos diagnósticos de câncer todos os anos, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA). De forma geral, a mamografia é o principal exame preventivo para identificação de tumores de mama. Ela deve ser realizada anualmente por todas as mulheres acima dos 40 anos e a decisão por adiar ou não esse exame só deve ser tomada mediante o aconselhamento médico.

As chances de cura chegam a 95% ou mais quando o tumor é descoberto no início, sendo o tratamento menos invasivo, o que melhora, em muito, a qualidade de vida durante e após o tratamento da doença.

 

Covid-19 trará consequências na luta contra o Câncer

A descoberta tardia pelo atraso na realização de exames de rastreamento e a falta de acesso a tratamentos, especialmente em países em desenvolvimento, estão entre os aspectos ressaltados pela OMS como efeitos que afetam diretamente os cuidados oncológicos. A organização informou que nas duas últimas décadas o número total de pessoas com câncer quase dobrou, saltando de 10 milhões estimados em 2000 para 19.3 milhões em 2020.

As projeções indicam ainda que nos próximos anos há uma tendência de elevação dos índices de detecção do câncer, chegando ao patamar de quase 50% a mais em 2040 em comparação ao panorama atual, quando o mundo deve então registrar algo em torno de 28.4 milhões de casos de câncer. Isso significa que a cada 5 pessoas, uma terá câncer em alguma fase da vida. Nos países mais pobres, a incidência da doença deve ter um crescimento superior a 80%.

O número de mortes por câncer, por sua vez, subiu de 6,2 milhões em 2000 para 10 milhões em 2020 - uma equação que aponta que a cada seis mortes no mundo uma acontece em decorrência do câncer. E a tendência é que haja aumento nesse triste ranking, já que a OMS também indica que a pandemia trará como consequência mais casos de pacientes com câncer em estágio avançado por conta dos atrasos na descoberta e tratamentos de tumores malignos.

Em 2020, primeiro ano dos protocolos contra o Novo Coronavírus, o Brasil, por sua vez, teve uma grande queda na busca pelo diagnóstico. A mamografia de rastreamento, exame indicado como parte da rotina de cuidados para mulheres a partir de 40 anos, apresentou queda de 84% em comparação ao mesmo período do ano anterior. A estimativa foi feita pela Fundação do Câncer, com base em dados do Sistema Único de Saúde (SUS). Outros exames fundamentais para a saúde da mulher, como o citopatológico cérvico vaginal (papanicolau), tanto para diagnóstico, como para rastreamento de câncer do colo do útero, também apresentaram queda: a redução foi de mais de 50%.

Complementarmente, um outro dado, da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) - que representa empresas do segmento de saúde suplementar - aponta uma queda na quantidade de mamografias realizadas na rede privada do país de 46,4% quando comparado o período de março a agosto de 2020 com os mesmos meses de 2019.

"Os reflexos do adiamento nos acompanhamentos médicos de rotina por medo de exposição ao novo coronavírus podem a curto e médio prazos, de fato, desencadear um aumento global nos índices de tumores descobertos em fase mais avançada. Isso vai impactar na sobrevida dos pacientes oncológicos, como uma das heranças perversas da pandemia para a saúde como um todo", afirma Max Mano.

As biópsias também tiveram uma redução de 39,11% no Brasil, segundo o INCA, quando comparados os meses de março a dezembro de 2019 e 2020. Em 2019 foram realizados 737.804 desses procedimentos e, em 2020, um total de 449.275. As maiores quedas ocorreram nos meses de abril (-63,3%) e maio (-62,6%), período de pico da primeira onda de Covid no País e, de acordo com especialistas, a diminuição das biópsias para diagnóstico de câncer repercutem de maneira grave na mortalidade dos pacientes com câncer, já que muitas pessoas não estão sendo diagnosticadas, nem tratadas durante a pandemia, o que permite que o tumor se desenvolva.

O oncologista do Grupo Oncoclínicas, Max Mano, reforça que "o câncer não espera". A condição faz parte do rol de doenças estabelecido pelo Ministério da Saúde, cujo tratamento não pode ser considerado eletivo. Atualmente, ainda de acordo com os dados do GLOBOCAN, mais de 1,5 milhão de brasileiros têm tumores malignos, sendo que em 2020 foram diagnosticados 592.212 novos casos e registrados 259.949 óbitos em decorrência de neoplasias malignas. Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA) indicam que são esperados ao menos outros 625 mil diagnósticos de câncer até o final de 2021.


O que é importante as mulheres saberem sobre câncer de mama

Além de incentivar a prevenção e diagnóstico precoce de câncer de mama, o Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) ressalta a importância de conscientizar as mulheres que sob o chapéu câncer de mama estão diferentes tipos da doença e que tratamentos são realizados de maneira individualizada. As terapias de câncer de mama, com base em evidências científicas, têm evoluído, mas ainda não estão ao alcance de todas as brasileiras. Além disso, prevenção e diagnóstico precoce precisam fazer parte da consciência da mulher e das políticas públicas

 

Outubro Rosa é o mês reservado à conscientização  do câncer de mama e falar sobre  prevenção e os fatores de riscos evitáveis é tão importante quanto abordar questões relacionadas aos diversos tipos da doença e à evolução de tratamentos. A reflexão é da médica oncologista Andréa Paiva Gadêlha Guimarães, do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) e faz todo o sentido, afinal, o câncer de mama é o mais incidente em mulheres no mundo. São cerca de 2,3 milhões de casos novos estimados em 2020, o que representa 24,5% dos casos novos por câncer em mulheres. É também a causa mais frequente de morte por câncer nessa população. No Brasil, em 2021, estima-se 66.280 casos novos da doença, o que equivale a uma taxa de incidência de 43,74 casos por 100.000 mulheres. Os dados são do Instituto Nacional do Câncer (Inca).

Portanto é muito importante dizer a essas mulheres, segundo Andréa, que há tratamento para câncer de mama e que a medicina tem evoluído nesse sentido. Uma das primeiras coisas que uma mulher já acometida por câncer de mama precisa saber é que seu tratamento nunca será exatamente igual ao de outra mulher com câncer na mesma região. “O câncer de mama não é uma doença única. E o primeiro passo antes de planejar o tratamento é  identificar o tipo de tumor da paciente. Isso porque cada um tem uma resposta diferente a determinados procedimentos e medicamentos”, afirma Andréa.


Medicina molecular e câncer de mama

Nesse aspecto, a classificação molecular e imunoistoquimica foi uma evolução importante da medicina para essas pacientes porque informa ao médico oncologista se nas células do tumor há expressão de receptores hormonais (estrogênio e/ou progesterona) e de proteína HER2. Com base nessa informação os tumores de mama são classificados em:

  • Luminal A - são positivos para receptores dos hormônios estrogênio e progesterona e apresentam crescimento mais lento das células.
  • Luminal B – são positivos para receptores dos hormônios estrogênio e progesterona, no entanto, seu nível de proliferação celular é mais acelerado que do luminal A.
  • Tumores com receptores de proteína HER2 – em geral, são tumores que crescem e se disseminam rapidamente, mas, por outro lado, costumam responder bem a  tratamentos com medicamentos específicos que têm como alvo a proteína HER2.
  • Tumores triplo negativo - são negativos para receptores de estrogênio, progesterona e proteína HER2.

“Tumores da classificação luminal A são mais frequentes. O triplo-negativo tem maior incidência em mulheres jovens e são mais agressivos. Mas é importante ressaltar que o câncer de mama acomete mulheres de todas as idades”, alerta. Para entender a importância da classificação molecular, Andréa dá um exemplo: “sabemos que tumores triplo-negativo respondem melhor aos tratamentos com terapias-alvo e imunoterapia. Há estudos que mostram bons resultados com uso de imunoterapia precoce e terapia-alvo, antes da cirurgia”.


Sempre com base em evidências

“A classificação histológica continua a ser importante. Precisamos entender que na medicina como um todo e isso vale para a oncologia, que decisões de tratamento são tomadas com base em dados científicos, evidências”, ressalta a oncologista. A classificação histológica do câncer de mama está relacionada ao local onde o tumor surgiu e o modo como se desenvolve. Considerando esses aspectos, entre os mais comuns estão: o carcinoma ductal in situ, que afeta os ductos da mama (os canais que levam o leite) e não atinge outros tecidos; o carcinoma ductal invasivo, que se inicia nos ductos, mas pode atingir outros órgãos, por meio das veias e/ou vasos linfáticos; o carcinoma lobular in situ, que se origina no lóbulos da mama (glândulas produtoras de leite) e não atinge outros tecidos; carcinoma lobular invasivo, que, da mesma forma, se desenvolve nos lóbulos mamários, mas pode atingir tecidos próximos; e o carcinoma lobular invasivo, que começa nos lóbulos mamários e pode atingir outros órgãos. “Além do tipo histológico para definirmos o tratamento precisamos avaliar o que chamamos de estadiamento da doença, se ela está restrita ou não a mama. Será que os linfonodos estão comprometidos? É uma doença em fase inicial ou mais avançada?”, enumera.


Quanto mais conhecimento e experiência melhor

Além  dessas classificações, o olhar do médico sob o paciente é fundamental para decidir a estratégia de tratamento. “Assim como cada tipo de tumor de mama tem suas características, cada paciente é única”, afirma. De acordo com Andréa, uma paciente jovem com câncer de mama, em  idade reprodutiva, vai ter uma abordagem diferente de tratamento, de uma mulher que já passou pela menopausa. Da mesma, forma duas mulheres da mesma idade, uma que ainda deseja ter filhos e outra que já formou sua família ou não tem planos de ter filhos, precisa ter essas questões consideradas no tratamento.

Com base em todas essas informações somadas a seus conhecimento e experiência, o médico vai planejar com a paciente a estratégia de tratamento. E os recursos nesse sentido estão evoluindo muito, na opinião da especialista. As cirurgias de mama, por exemplo, tornaram-se cada vez menos mutiladoras, além de, em muitos casos, ser possível realizar a reconstrução da mama simultaneamente à retirada do tumor. Os recursos disponíveis para tratamento de câncer de mama contam com terapias focais, que têm como objetivo tratar o tumor localmente, sem afetar as demais regiões do organismo do paciente. Nesse caso, estão, além das cirurgias menos mutiladoras, a radioterapia. E os médicos oncologistas, responsáveis pelos tratamentos sistêmicos, que englobam quimioterapia, hormonioterapia, terapias-alvo e imunoterapia, também precisam estar sempre atualizados porque a evolução e as novas alternativas aparecem com frequência.

“Em eventos importantes  da oncologia , como na ASCO e no ESMO ocorridos  este ano,  um dos destaques foi a droga chamada trastuzumabe deruxtecan que está sendo testada por meio de estudos em pacientes norte-americanos e aqui no Brasil, em um hospital em Porto Alegre. O medicamento tem demonstrado eficiência no tratamento de mulheres com câncer de mama que apresentam o retorno da doença após esgotar vários tratamentos sem sucesso em câncer de mama HER2 positivo metastático”, diz.  Muitos são os avanços,  segundo Andréa, que, infelizmente, no Brasil  não estão disponíveis para todas as pessoas. “Há muita dificuldade de acesso no Sistema Único de Saúde (SUS), assim como entre os usuários de planos de saúde suplementar, que nem sempre têm cobertura para tudo que precisam para seu tratamento.”, avalia.


 Consciência, prevenção e diagnóstico precoce

A evolução dos tratamentos é uma realidade, mas a prevenção e a realização das consultas anuais com o ginecologista e da mamografia devem fazer sempre parte da rotina da mulher, alerta Andréa. No contexto da prevenção, a especialista recomenda: adotar uma alimentação rica em fibras (legumes, grãos, frutas e verduras todos os dias); não fumar, lembrando que cigarro gera dependência química, principalmente, por causa da nicotina e que não é seguro consumir tabaco sobre qualquer forma; não consumir bebidas alcoólicas ou, no máximo, de maneira muito moderada; incluir na rotina a prática de exercícios físicos; manter o controle do peso;  e estar atenta a alterações na mama e procurar o médico.

Para o diagnóstico precoce de um câncer de mama, a mamografia é o padrão ouro de rastreamento e deve ser realizada anualmente a partir dos 40 anos de idade. “O médico pode recomendar a realização antes desta idade, na presença de fatores de risco hereditários”, informa.   Outro dado importante a ser pesado é avaliar se na menopausa a mulher vai precisar mesmo de reposição hormonal,  medida que pode aumentar o risco para câncer de mama. “Reposição hormonal pode ser benéfica para algumas mulheres muito sintomáticas e quando há comprometimento da qualidade de vida, mas deve ser bem avaliada a forma de reposição e riscos e benefícios

 


Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica Dr. Gustavo Guimarães – IUCR


1º de outubro – Dia Nacional do Idoso e Dia Internacional das Pessoas Idosas

Posição da Associação Médica Brasileira sobre velhice vir a ser considerada doença na CID


 

A Assembleia Mundial de Saúde, órgão de governança que estrutura e apresenta as ações a serem cumpridas pela Organização Mundial da Saúde, OMS, prevê instituir a velhice como doença, na Classificação Internacional de Doenças, em sua próxima edição – a CID 11, a partir de 1º de janeiro de 2022.

 

A ideia que, aliás, não condiz sob hipótese alguma com o histórico e valoroso trabalho em prol da vida humana empreendido pela OMS, é contestada pela Associação Médica Brasileira (AMB), entre outras instituições lisas e sérias de todos os continentes.

 

César Eduardo Fernandes, presidente da AMB, vê com enorme preocupação a possiblidade de isso realmente ocorrer. Segundo ele, inúmeros problemas de registros de doenças específicas e relacionadas à idade mais avançada simplesmente serão catalogados como velhice, uma vez que assim passarão a ser considerados no Código Internacional, CID.

 

“Essa é uma etapa da vida de todos nós. Há questões da saúde próprias da velhice; e uma série delas depende de o organismo atingir determinada faixa etária para se manifestar. Aliás, certas pessoas, mesmo nessa fase, não apresentam tais doenças. Então catalogá-las de forma simplista pode trazer prejuízos tanto ao entendimento do que acontece na velhice quanto à elaboração de políticas de saúde baseadas em ocorrências por idade”.

 

Pela proposição da Assembleia Mundial de Saúde, ocorreria a inclusão do código MG2A (velhice) em substituição ao código R-54 (senilidade), no capítulo 21 da CID. A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia também já se manifestou contrariamente. Informa que:

 

“No Brasil, cerca de 3/4 das mortes ocorrem a partir dos 60 anos, por doenças cardiovasculares, oncológicas e neurológicas, entre outras. E se todos os motivos forem resumidos à velhice, correremos o risco de faltar informação e investimento para o tratamento destas doenças”.

 

Um manifesto amplo de celebridades e instituições como o Centro Internacional da Longevidade – ILC Brasil pontua ser a velhice é a maior conquista social dos últimos 100 anos. Considerá-la doença, adverte o documento, “é um retrocesso e contribui para acentuar globalmente preconceitos em relação à longevidade – o quê denominamos idadismo (ou ageísmo) –, traduzidos em estigmas que marcam profundamente a saúde emocional e psicossocial das pessoas que envelhecem”.

 

Participe você também dessa corrente por promoção do envelhecimento com oportunidades de protagonismo, em uma sociedade na qual os mais velhos sejam respeitados e valorizados por suas potencialidades como sujeitos de direitos.

 

Todos seremos idosos amanhã.

 



 

Associação Médica Brasileira 


Infectologista do Hospital do GRAACC alerta para a queda da cobertura vacinal em crianças e adolescentes

Tendência vem sendo observada há alguns anos e foi agravada com a chegada da pandemia; por conta da queda da cobertura vacinal em crianças e adolescentes, entre os dias 1º e 29 de outubro, o Governo de São Paulo e o Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) participarão da Campanha Nacional de Multivacinação para Atualização da Caderneta de Vacinação da Criança e do Adolescente

 

Um recente documento divulgado pelo Ministério da Saúde revelou que a cobertura vacinal no Brasil está com níveis semelhantes aos que eram observados há 40 anos. Esse retrocesso é devido a uma série de fatores, mas principalmente à desinformação e falta de acesso. A percepção errada de que algumas doenças não são mais perigosas como antigamente leva o indivíduo à falsa sensação de segurança. A pandemia agravou isso e dificultou ainda mais o acesso aos postos e manteve as pessoas dentro da sua casa. 

"Esse quadro já vem sendo observado há alguns anos e a chegada da pandemia agravou ainda mais a situação. Essa era uma grande preocupação dos infectologistas, pois uma cobertura vacinal baixa permite que a circulação dos vírus responsáveis pelas diversas doenças existentes aumente. Isso fica ainda mais delicado no cenário atual, com a pandemia de SARS-CoV-2 infectando também crianças e adolescentes", comenta a Dra. Fabianne Carlesse, infectologista pediátrica do Hospital do GRAACC, referência em casos de alta complexidade do câncer infantojuvenil. 

Dados do Ministério da Saúde apontam que, de 2015 a 2020, a vacina BCG, que previne formas graves de tuberculose, passou de 105,08% de taxa de imunização para 73,78%. Outra doença grave como a paralisia infantil também teve queda na sua cobertura: em 2015 era de 98% e, em 2020, baixou para 76%. 

"A cobertura vacinal alta permite que essas doenças não circulem e se propaguem. Para pacientes imunossuprimidos, em quem a imunidade é muito baixa, por exemplo, dependendo do quadro clínico, a vacina não deve ser aplicada, mas quando o entorno está vacinado, como familiares e amigos, os riscos de infecção diminuem consideravelmente", explica Dra. Fabianne. 

O Programa Nacional de Vacinação (PNI) realiza, entre os dias 1º e 29 de outubro de 2021, mais uma edição da Campanha Nacional de Multivacinação para crianças e adolescentes menores de 15 anos. Os objetivos da iniciativa são atualizar a caderneta vacinal na faixa etária e aumentar as coberturas no país, que chegaram a patamares semelhantes aos da década de 1980. O "Dia D" é 16 de outubro.

 

Vacinas para pacientes oncológicos

Recomendadas: para pacientes em tratamento quimioterápico, algumas vacinas são recomendadas como a da influenza, contra o vírus da gripe e a vacina contra o pneumococo para prevenção das doenças causadas pela bactéria Streptococcus pneumoniae, que pode causar pneumonia, otite, amigdalite e sinusite, além de trazer complicações ao paciente.

 

Não recomendadas: vacinas com microrganismos vivos têm o momento certo para serem aplicadas. Normalmente duas semanas antes do início da quimioterapia ou após três a seis meses do término do tratamento, dependendo do quadro clínico do paciente. Vacinas de vírus vivos são: BCG, febre amarela, poliomielite oral, rotavírus, varicela e tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola).

 

GRAACC

https://www.graacc.org.br


Dia do Idoso: confira 12 dicas para cuidar dos pés na terceira idade

Especialista da Doctor Feet reúne uma série de recomendações para rotina de cuidados com o pés na melhor fase da vida


Para celebrar o Dia Nacional do Idoso, em 1° de Outubro, com muita proteção, conforme o propósito da Organização das Nações Unidas (ONU) na instituição desta data, a rede de podologia Doctor Feet, especializada em serviços de cuidados e saúde para os pés e venda de produtos médicos e ortopédicos, preparou uma lista com 12 dicas valiosas. “As patologias mais frequentes nesta fase da vida incluem joanetes, pés chatos, dedos em garra, espessamento das unhas, micose, unhas encravadas, úlceras e alteração na caminhada”, afirma Maria de Lourdes Pinheiro, podóloga e coordenadora técnica da rede. Confira abaixo como deixar os pés idosos mais saudáveis:

 

  1. Evite banhos muito quentes para que a proteção natural da pele não seja comprometida e, na hora de secar os pés, finalize com papel higiênico ou papel toalha entre os dedos, pois isso evita frieiras e micose;
  2. Corte as unhas dos pés regularmente, em linha reta e não muito curtas. Caso haja risco de lesões ou se o dedo já estiver machucado, apenas lixe-as;
  3. Hidrate pernas e pés com cremes específicos, o que pode ser feito à noite após o banho. Caso os pés fiquem escorregadios, basta usar meias de algodão após a aplicação do creme. Evite, também, aplicar o creme entre os dedos, pois pode favorecer o aparecimento de micoses. 
  4. Mantenha-se hidratado. A ingestão de água é muito importante para o bom funcionamento do organismo e aparência da pele;
  5. Evite o uso de sapatos antigos, deformados ou rompidos, pois eles não oferecem a correta sustentação durante o deslocamento;
  6. Os calçados devem ser confortáveis, respeitar as dimensões dos pés no comprimento e largura. Deixe para comprar sapatos novos ao fim do dia quando os pés estão um pouco mais inchados, evitando desconfortos posteriores;
  7. Dê preferência para calçados de fecho com velcros, pois são mais fáceis de abrir e fechar, e que tenham o solado firme para ajudar na sustentação e alinhamento dos pés e do corpo durante a locomoção; 
  8. Meias de algodão são bem-vindas, ajudam na melhor absorção do suor e evitam odores e lesões. É importante que não sejam apertadas;
  9. Nem pensar de caminhar com os pés descalços ou com chinelos de dedo, já que esta prática pode causar tropeços, quedas e fraturas, assim como tapetes e passadeiras, que devem ser retiradas do ambiente;
  10. Diminua a ingestão de açúcar e sal para que a circulação sanguínea seja a melhor possível, evitando a retenção de líquidos. E sempre que possível coloque os pés para cima para estimular o retorno sanguíneo e a melhora da circulação;
  11. Não lixe demais os pés, pois o atrito excessivo resulta no espessamento a médio e longo prazo e em alguns casos agrava o ressecamento causando rachaduras.
  12. Por fim, diariamente, movimente o pé para cima e para baixo e depois rotacione vagarosamente por aproximadamente 10 minutos. A atividade regular ajuda na circulação sanguínea, fortalecimento dos pés e na redução do inchaço.

 


Doctor Feet

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SBGG celebra o Dia do Idoso e reforça a importância de um envelhecimento saudável

Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia enfatiza que ter saúde não é estar livre de doenças ou não precisar tomar remédios, e sim ser capaz de tomar suas próprias decisões, fazer as suas melhores escolhas e estar fisicamente o melhor possível


Outubro é um mês com a agenda cheia de coisas importantes para lembrar. Apesar de ser bastante conhecido pela campanha Outubro Rosa, voltada para a prevenção do câncer de mama, é importante que não esqueçamos do Dia Internacional do Idoso, comemorado no primeiro dia do mês. A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) reforça a importância desse dia, criado pela OMS há 30 anos, com o objetivo de sensibilizar e chamar a atenção para as questões do envelhecimento.

Definir envelhecimento e o que é ser idoso é uma missão difícil e complexa. Mas é urgente falar sobre isso, em uma sociedade que vem evoluindo tão velozmente no campo das ciências; e é isso que tem permitido que, o que antes era exceção, seja, na verdade, uma chance real. "Hoje somos um dos países que mais envelhece em proporção de pessoas com mais de 60 anos comparando com os mais jovens e, mais importante ainda, é crescente o número de indivíduos que, após serem declarados idosos, ainda vivem 25, 30, 35 anos a mais", afirma Dra. Christiane Machado, Diretora Científica da SBGG.

Do início até o final do século XX, as taxas de mortalidade diminuíram drasticamente. A mortalidade geral foi 2,6 vezes menor no ano 2000 e a mortalidade infantil, 11,3 vezes menor. A proporção de óbitos por doenças infecciosas declinou de 45,7% do total de óbitos em 1901, para 9,7% em 2000. Em 1901, entre as 10 principais causas de morte em São Paulo, 5 eram doenças infecciosas, correspondendo a 37% das mortes; em 1960, apareciam nesta lista apenas 3 doenças infecciosas (16,1% dos óbitos), e em 2000 apenas a pneumonia constava entre as principais causas de morte. Estes dados mostram como a medicina evoluiu. Os anos de vida se prolongaram de uma maneira quase natural e fluida, ao tempo em que a curva da expectativa de vida vem subindo sempre além do que as estatísticas preveem.

"Para uma pessoa idosa, ter saúde não é estar livre de doenças ou não precisar tomar remédios. É ser o gerente de sua própria vida, ser capaz de tomar suas próprias decisões, fazer as suas melhores escolhas e estar fisicamente o melhor possível, precisando de nenhuma ou pouca ajuda para exercer sua vida cotidiana. Ainda precisamos crescer nesse quesito, pois a comemorada longevidade tem trazido uma enorme demanda não apenas nos serviços relacionados à saúde, como para as famílias e a sociedade como um todo", explica Dra. Christiane.

A pandemia de COVID- 19 trouxe outros aspectos à mesa de discussão para o assunto ‘idoso’. Por conta do Coronavírus, um problema pairou na vida da pessoa idosa: o etarismo, o preconceito por ser idoso e o julgamento que pressupunha sua condição de saúde de acordo com a idade. Na Itália, no início da pandemia, foi dito que aqueles com infecção por COVID que tinha mais que 80 anos não se beneficiaram de cuidados intensivos. Porque já eram ‘velhos demais’.

Entretanto, essa pauta foi proveitosa, pois possibilitou a discussão sobre o quão individual é o processo de envelhecer, que a idade cronológica é apenas um dado a mais e nunca um estratificador de condição de vida ou de saúde. A pandemia foi cortante na vida de muitos e, especialmente, na vida dos idosos, que tiveram que passar a viver na contracorrente de tudo o que lhes foi pregado até então. Ser ativo, cultivar as relações, ter amigos, exercer o afeto por quem ama, manter-se capaz de ser independente e dono do próprio nariz. Isso se tornou impossível pelo isolamento recomendado e imposto, somado ao medo da doença, da morte, da perda.

"Agora, mais do que nunca, precisamos colocar cotidianamente na mesa de discussão as questões relacionadas ao envelhecimento da população do nosso país e a todas as consequências sociais e econômicas que isso necessariamente traz. São mais doenças e mais doentes, mais necessidade de uso de serviços, mais medicamentos, mais custos econômicos e humanos, considerando que idosos dependentes precisam de adultos independentes para se encarregarem dos cuidados. Cada idoso é singular, a idade que tem é apenas um dos dados que constam no seu cadastro vital e que nunca será o que determina o que deverá ser feito e que decisões serão tomadas, principalmente quando o assunto é saúde. É preciso falar do idoso, é essencial termos um dia, um mês para estarmos mais atentos; para pensarmos juntos sobre estratégias que no mínimo melhorem o que vemos hoje.", declara Dra. Christiane Machado.

"Neste mês em que o envelhecimento é celebrado, a SBGG deseja que todos envelheçamos muito e dentro das melhores condições biopsicossociais possíveis; que possamos chegar à velhice com acesso a todos os serviços que provenham nossas necessidades; com acesso ao cuidado, ao afeto, à convivência intergeracional. Que envelheçamos com a mente aberta para descobertas, para novos amigos, novas atitudes, com coragem, com ousadia e com propósitos. Façamos do envelhecimento uma história rica de boas e alegres memórias, construída com resiliência e adaptação às novas situações inerentes ao caminho da longevidade. E que, se no nosso envelhecimento precisarmos de apoio e de assistência, que aceitemos o cuidado e que sejamos gratos. Feliz dia da pessoa idosa", comemora Dra. Ivete Berkenbrock, Presidente da SBGG.

 


Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia - SBGG


No Estado de São Paulo, as regiões sul, sudeste e noroeste têm mais mortes de recém-nascidos com asfixia

Constatação foi feita por pesquisadores da Unifesp e da Fundação Seade em estudo divulgado na revista PLOS ONE. Metodologia validada pelo grupo pode contribuir com planejamento de políticas públicas voltadas a reduzir óbitos evitáveis em bebês de até 27 dias (figura: acervo dos pesquisadores)

 

Ao analisar dados do Estado de São Paulo, pesquisadores constataram que municípios das regiões sul, sudeste e noroeste paulista concentraram entre 2004 e 2013 as mais altas taxas de mortalidade de recém-nascidos com asfixia – problema frequentemente relacionado com a baixa qualidade do pré-natal e da assistência ao parto. Fazendo um cruzamento com o Produto Interno Bruto, 31 cidades dessas regiões apresentaram mortalidade alta e PIB baixo.

Os resultados fazem parte de uma pesquisa publicada na revista científica PLOS ONE por um grupo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade).

O estudo mostrou que a metodologia utilizada – mesclando linhas de análise espacial com dados secundários – é eficaz para indicar aglomerados de casos (clusters) e, com isso, pode contribuir para o planejamento de políticas públicas.

A mortalidade infantil, incluindo a neonatal, constitui um indicador-chave na avaliação da situação da saúde da população. Entender sua evolução por meio da análise dos principais grupos de doenças que causam essas mortes e os fatores geográficos e demográficos associados a elas pode contribuir para ações que facilitem atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).

“Fazia sentido esmiuçar o dado da melhor maneira possível para tentar se aproximar mais das políticas públicas. Uma das formas de fazer isso é dando maior precisão à informação para mostrar onde os fenômenos estão ocorrendo. No trabalho, aplicamos a metodologia à mortalidade neonatal com asfixia, apresentando um refinamento em que mostramos onde o problema está ocorrendo”, afirma o infectologista Carlos Roberto Veiga Kiffer, professor da Escola Paulista de Medicina da Unifesp e um dos orientadores da pesquisa, juntamente com Ruth Guinsburg e Maria Fernanda Branco de Almeida.

De acordo com o estudo, que teve o apoio da FAPESP, no período analisado foram registradas no Estado 6.713 mortes neonatais (de bebês com até 27 dias) com asfixia e um total de 5.949.267 de nascidos vivos. Com isso, a taxa média paulista foi de 1,13 morte por 1.000 nascidos vivos.

Nos clusters, essa proporção ficou entre 1,1 e 1,5 óbito por 1.000 nascidos vivos, chegando à faixa de 1,5 a 3,2. “Encontramos baixo PIB per capita do município correlacionado com as altas taxas de mortalidade associada à asfixia neonatal, sugerindo que a distribuição espacial pode ser parcialmente explicada por esse indicador econômico”, escrevem os autores no artigo.

À Agência FAPESP, a primeira autora da pesquisa, Daniela Testoni Costa-Nobre, também da Unifesp, afirma que, além da correlação com o PIB, outras variáveis não analisadas podem estar associadas a esse tipo de mortalidade. “O foco maior foi na metodologia da identificação de áreas e a associação com o indicador econômico. Procuramos mostrar que esse método pode ser usado para analisar outros fatores e tentar identificar outras causas da mortalidade neonatal”, diz.

Segundo Costa-Nobre, a abordagem otimizada, estruturada e hierárquica permitiu a identificação de áreas de alto risco de mortalidade associada à asfixia, revelando que a metodologia proposta pode ser útil para orientar políticas de saúde pública visando a diminuir óbitos evitáveis de recém-nascidos.

A asfixia neonatal é causada por diversos fatores e problemas durante a gestação, o trabalho de parto e o parto, provocando a falta de oxigênio ou má perfusão de órgãos. Está fortemente relacionada à baixa qualidade do pré-natal e da assistência durante o parto, sendo considerada uma das causas principais de mortes evitáveis de recém-nascidos, juntamente com infecções e nascimentos prematuros.

"Qualquer intercorrência materna eleva o risco de asfixia pré-natal. Portanto, cuidar dessas gestantes, especialmente as de alto risco, é uma maneira de prevenção. Daí a importância do acompanhamento pré-natal adequado durante toda a gravidez e contar com profissionais especializados no parto", diz Costa-Nobre.


Cruzamento de dados

Os pesquisadores realizaram um estudo de base populacional com análise espacial por área, com todos os nascidos vivos de mães residentes no Estado entre 2004 e 2013.

Foram excluídos, no entanto, recém-nascidos com peso ao nascer menor do que 500 gramas e/ou idade gestacional inferior a 22 semanas; bebês com peso e idade gestacional desconhecidos e com anomalias congênitas. Os dados foram acessados entre outubro de 2018 e junho deste ano.

O trabalho considerou mortalidade neonatal associada à asfixia qualquer morte até 27 dias depois do nascimento com hipóxia, asfixia ou aspiração de mecônio como causa de morte em qualquer linha da declaração de óbito.

A abordagem analítica de geoprocessamento incluiu a detecção de efeitos de primeira ordem por meio de quintis (conjuntos de dados divididos em cinco partes iguais) e mapas de média móvel espacial, seguidos por efeitos de segunda ordem por autocorrelação espacial global e local (Moran e LISA, respectivamente) antes e depois do alisamento (suavização) com estimativas Bayesianas.

O índice de Moran é uma medida global da autocorrelação espacial, indicando o grau de associação presente no conjunto de dados. Já o LISA (sigla em inglês para Indicador Local de Associação Espacial) é um parâmetro estatístico que permite descrever o grau de semelhança ou diferença de cada evento em relação aos mais próximos.

Por fim, o grupo aplicou um método estatístico conhecido como correlação de Spearman entre a mortalidade neonatal associada à asfixia e as taxas médias do PIB per capita para os municípios com LISA significativo. O mapa do LISA identificou grupos desse tipo de morte no sul, sudeste e noroeste.

Após a aplicação das estimativas locais de Bayes, os clusters foram mais pronunciados, com sobreposição parcial das áreas de maior mortalidade e menor PIB médio per capita.

Segundo Kiffer, este é o primeiro estudo que mostra a distribuição espacial de causa específica de mortalidade neonatal no Brasil.


Desenvolvimento humano

Com 645 municípios, São Paulo é o Estado com o maior PIB do Brasil (cerca de R$ 2,2 trilhões ao ano), sendo a terceira maior economia e o terceiro maior mercado consumidor da América Latina. Tem um alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH): 0,826.

De acordo com os Indicadores Brasileiros para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), São Paulo registrou uma taxa de mortalidade neonatal de 7,44 óbitos por 1.000 nascidos vivos em 2018 (último dado disponível), enquanto a média no país era de 9,15. O Estado com a menor taxa foi Santa Catarina (6,91) e a maior era no Amapá (15,6) (veja quadro aqui: odsbrasil.gov.br/objetivo3/indicador322).

O ODS número 3, entre os 17 estabelecidos pela ONU, visa assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades. Estabelece que até 2030 as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de 5 anos devem acabar, tendo os países o objetivo de reduzir a mortalidade neonatal para, pelo menos, 12 óbitos por 1.000 nascidos vivos.

O estudo Clusters of cause specific neonatal mortality and its association with per capita gross domestic product: A structured spatial analytical approach pode ser lido em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0255882.

 

 


Luciana Constantino

Agência FAPESP 

https://agencia.fapesp.br/no-estado-de-sao-paulo-as-regioes-sul-sudeste-e-noroeste-tem-mais-mortes-de-recem-nascidos-com-asfixia/36971/


IDOSOS: AVC faz duas vítimas a cada hora

Divulgação
Segundo DATASUS, de janeiro a julho, foram 12.542 óbitos; campanha Combatendo o AVC reforça para prevenção


Em 1° de outubro celebra-se o Dia do Idoso, data voltada à sensibilização mundial para as questões do envelhecimento, destacando a necessidade e importância de ações de prevenção e de cuidados em saúde nessa população. O AVC (Acidente Vascular Cerebral) pode acontecer em qualquer faixa etária. Entretanto, observa-se que o risco aumenta com a idade, principalmente em função de alguns fatores de risco associados à doença, como a pressão alta, diabetes, colesterol alto e doenças cardíacas.

No mesmo mês, ocorrerá a campanha mundial “Combatendo o AVC”, que é coordenada nacionalmente pela Rede Brasil AVC. A campanha acontece todos os anos próximo ao dia 29 de outubro – o Dia Mundial de Combate ao AVC. A doença é a segunda maior causa de mortalidade no Brasil e conforme dados do DATASUS, de janeiro a julho deste ano, 12.542 pessoas acima de 60 anos morreram em decorrência do AVC, o que equivale a aproximadamente duas mortes a cada hora. Isto corresponde a um aumento de 8,4% em relação ao mesmo período de 2020. Nos sete meses de 2021, o SUS já registrou 69.491 internações por AVC.

Existem dois tipos de AVC: o isquêmico, que ocorre quando falta sangue em alguma área do cérebro; e o hemorrágico, quando um vaso cerebral rompe. “Durante um evento desse tipo, cerca de 1,9 milhões de neurônios morrem por minuto”, explica a presidente da Rede Brasil AVC e presidente-eleita da World Stroke Organization (Organização Mundial de AVC), Dra. Sheila Cristina Ouriques Martins.

Entre os sinais de alerta mais comuns estão súbita fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão mental, súbita alteração da fala ou compreensão; súbita alteração na visão, no equilíbrio, na coordenação, no andar; tontura e dor de cabeça de início súbito, intensa e sem causa aparente. “A identificação precoce dos sintomas do AVC e o tratamento médico imediato em um Centro de AVC intensifica consideravelmente as chances de recuperação”, ressalta Sheila. Segundo a World Stroke Organization, estima-se que 30% dos pacientes demoram mais de 24 horas para procurar atendimento médico. “O socorro ágil, imediato, evita o comprometimento mais grave que pode deixar sequelas permanentes, como redução de movimentos, perda de memória, prejuízo à fala e diminui drasticamente o risco de morte. Ao perceber algum sintoma, o 192, telefone do Serviço de Atendimento Móvel de Emergência (SAMU), deve ser acionando imediatamente para que uma equipe socorrista vá até essa pessoa”, salienta a especialista.

Sheila ressalta a necessidade de educar a população quanto aos sinais de alerta do AVC, à urgência do tratamento e ao controle dos fatores de risco. “Em 90% dos casos, o AVC é causado por pressão alta, diabetes, colesterol elevado, doenças do coração como arritmias, obesidade, sedentarismo e consumo excessivo de álcool e o tabagismo tabaco”, fala a médica. A prevenção é feita através de uma alimentação saudável rica em frutas, verduras, grãos e pouca gordura e carboidratos; fazer exercício físico regularmente, limitar o uso de bebidas alcoólicas, não fumar e consultar o médico regularmente para revisão dos fatores de risco.

 

Ações de prevenção na Atenção Básica

Outra ação aliada é o engajamento de agentes de saúde, enfermeiros e médicos da Atenção Primária no combate à doença. A questão é foco de projeto iniciado em setembro, executado pelo Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, através do PROADI-SUS (Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional, do Sistema Único de Saúde). “A Atenção Primária é a porta de entrada do SUS e atende até 80% dos problemas de saúde da população, sem que haja a necessidade de encaminhamento para os especialistas. Por isso, é um instrumento de grande valor no combate ao AVC e tantos outros problemas de saúde”, pontua a médica.

A iniciativa envolve oito unidades de Estratégia de Saúde da Família na capital gaúcha, expandindo-se para outras 60 unidades em todo o país. 

Entre as ações previstas no projeto, estão a implementação de programa de detecção de fatores de risco na comunidade, com encaminhamento para tratamento dos fatores de risco, além de classificação de risco de AVC e doença cardiovascular através do aplicativo para celular “Riscômetro de AVC”.

“A prevenção é o melhor remédio e estratégias nesse sentido devem ser otimizadas junto aos pacientes pelos profissionais da saúde. É importante que cada vez mais o enfoque seja orientar toda a população sobre os principais fatores de risco das principais doenças crônicas, como eles podem ser evitados e quando buscar atendimento médico”, conclui Sheila.

 


Rede Brasil AVC

http://www.redebrasilavc.org.br/


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