Sociedade
Brasileira de Geriatria e Gerontologia enfatiza que ter saúde não é estar livre
de doenças ou não precisar tomar remédios, e sim ser capaz de tomar suas
próprias decisões, fazer as suas melhores escolhas e estar fisicamente o melhor
possível
Outubro é um mês com a
agenda cheia de coisas importantes para lembrar. Apesar de ser bastante
conhecido pela campanha Outubro Rosa, voltada para a prevenção do câncer de
mama, é importante que não esqueçamos do Dia Internacional do Idoso, comemorado
no primeiro dia do mês. A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia
(SBGG) reforça a importância desse dia, criado pela OMS há 30 anos, com o
objetivo de sensibilizar e chamar a atenção para as questões do envelhecimento.
Definir envelhecimento
e o que é ser idoso é uma missão difícil e complexa. Mas é urgente falar sobre
isso, em uma sociedade que vem evoluindo tão velozmente no campo das ciências;
e é isso que tem permitido que, o que antes era exceção, seja, na verdade, uma
chance real. "Hoje somos um dos países que mais envelhece em proporção de
pessoas com mais de 60 anos comparando com os mais jovens e, mais importante
ainda, é crescente o número de indivíduos que, após serem declarados idosos,
ainda vivem 25, 30, 35 anos a mais", afirma Dra. Christiane Machado,
Diretora Científica da SBGG.
Do início até o final
do século XX, as taxas de mortalidade diminuíram drasticamente. A mortalidade
geral foi 2,6 vezes menor no ano 2000 e a mortalidade infantil, 11,3 vezes
menor. A proporção de óbitos por doenças infecciosas declinou de 45,7% do total
de óbitos em 1901, para 9,7% em 2000. Em 1901, entre as 10 principais causas de
morte em São Paulo, 5 eram doenças infecciosas, correspondendo a 37% das
mortes; em 1960, apareciam nesta lista apenas 3 doenças infecciosas (16,1% dos
óbitos), e em 2000 apenas a pneumonia constava entre as principais causas de
morte. Estes dados mostram
como a medicina evoluiu. Os anos de vida se prolongaram de uma maneira quase
natural e fluida, ao tempo em que a curva da expectativa de vida vem subindo
sempre além do que as estatísticas preveem.
"Para uma pessoa
idosa, ter saúde não é estar livre de doenças ou não precisar tomar remédios. É
ser o gerente de sua própria vida, ser capaz de tomar suas próprias decisões,
fazer as suas melhores escolhas e estar fisicamente o melhor possível,
precisando de nenhuma ou pouca ajuda para exercer sua vida cotidiana. Ainda
precisamos crescer nesse quesito, pois a comemorada longevidade tem trazido uma
enorme demanda não apenas nos serviços relacionados à saúde, como para as
famílias e a sociedade como um todo", explica Dra. Christiane.
A pandemia de COVID-
19 trouxe outros aspectos à mesa de discussão para o assunto ‘idoso’. Por conta
do Coronavírus, um problema pairou na vida da pessoa idosa: o etarismo, o
preconceito por ser idoso e o julgamento que pressupunha sua condição de saúde
de acordo com a idade. Na Itália, no início da pandemia, foi dito que aqueles
com infecção por COVID que tinha mais que 80 anos não se beneficiaram de
cuidados intensivos. Porque já eram ‘velhos demais’.
Entretanto, essa pauta
foi proveitosa, pois possibilitou a discussão sobre o quão individual é o
processo de envelhecer, que a idade cronológica é apenas um dado a mais e nunca
um estratificador de condição de vida ou de saúde. A pandemia foi cortante na
vida de muitos e, especialmente, na vida dos idosos, que tiveram que passar a
viver na contracorrente de tudo o que lhes foi pregado até então. Ser ativo,
cultivar as relações, ter amigos, exercer o afeto por quem ama, manter-se capaz
de ser independente e dono do próprio nariz. Isso se tornou impossível pelo
isolamento recomendado e imposto, somado ao medo da doença, da morte, da perda.
"Agora, mais do
que nunca, precisamos colocar cotidianamente na mesa de discussão as questões
relacionadas ao envelhecimento da população do nosso país e a todas as
consequências sociais e econômicas que isso necessariamente traz. São mais doenças
e mais doentes, mais necessidade de uso de serviços, mais medicamentos, mais
custos econômicos e humanos, considerando que idosos dependentes precisam de
adultos independentes para se encarregarem dos cuidados. Cada idoso é singular,
a idade que tem é apenas um dos dados que constam no seu cadastro vital e que
nunca será o que determina o que deverá ser feito e que decisões serão tomadas,
principalmente quando o assunto é saúde. É preciso falar do idoso, é essencial
termos um dia, um mês para estarmos mais atentos; para pensarmos juntos sobre
estratégias que no mínimo melhorem o que vemos hoje.", declara Dra.
Christiane Machado.
"Neste mês em que
o envelhecimento é celebrado, a SBGG deseja que todos envelheçamos muito e
dentro das melhores condições biopsicossociais possíveis; que possamos chegar à
velhice com acesso a todos os serviços que provenham nossas necessidades; com
acesso ao cuidado, ao afeto, à convivência intergeracional. Que envelheçamos
com a mente aberta para descobertas, para novos amigos, novas atitudes, com
coragem, com ousadia e com propósitos. Façamos do envelhecimento uma história
rica de boas e alegres memórias, construída com resiliência e adaptação às
novas situações inerentes ao caminho da longevidade. E que, se no nosso envelhecimento
precisarmos de apoio e de assistência, que aceitemos o cuidado e que sejamos
gratos. Feliz dia da pessoa idosa", comemora Dra. Ivete Berkenbrock,
Presidente da SBGG.
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia - SBGG
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