Dor e espasticidade são os sintomas com mais evidências científicas relacionadas aos benefícios do tratamento com cannabis medicinal
No dia 30 de agosto
comemora-se o Dia Nacional de Conscientização da Esclerose Múltipla
desde 2006 e desde 2013 a Associação Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME)
colore o Brasil de laranja com a campanha Agosto Laranja, para dar mais
visibilidade à doença e seus impactos na vida das pessoas. Trata-se de uma
doença neurológica, crônica e autoimune na qual as células de defesa do
organismo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões no
cérebro e na medula. De causa desconhecida, a doença acomete pacientes
geralmente jovens, em especial mulheres de 20 a 40 anos.
Segundo a Federação
Internacional desta enfermidade, a esclerose múltipla não tem cura e pode
manifestar-se por sintomas como: fadiga intensa, depressão, distúrbios visuais,
fraqueza muscular, alteração do equilíbrio e da coordenação motora, dores
articulares, disfunção intestinal e da bexiga. Atualmente, mais de 2,5 milhões
de pessoas em todo o mundo tem Esclerose Múltipla (EM). No Brasil, estima-se
que 300 mil pessoas tenham a doença.
"Entre os
sintomas mais presentes no paciente com esclerose múltipla estão a fadiga, a
dor neuropática e a espasticidade. Esses fatores podem ter um grande impacto na
qualidade de vida e atividades diárias de quem é diagnosticado. Existem
estratégias eficazes de gestão desses sintomas, incluindo medicamentos e outras
terapias, que podem ajudar a manter a mobilidade e uma vida com
qualidade", esclarece Bruna Rocha, vice-presidente da AME.
A espasticidade pode
ser um sintoma da esclerose múltipla que faz com que os músculos fiquem rígidos,
pesados e difíceis de se mover. O espasmo é um endurecimento repentino de um músculo, que pode vir
acompanhado da dor.
Segundo o neurologista
Gabriel Micheli, gerente Médico Científico da Health Meds, a cannabis
medicinal apresenta benefícios no tratamento de sintomas como dor,
espasticidade e disfunção de bexiga em pacientes com esclerose múltipla.
"É uma alternativa de tratamento para pacientes que não respondem a outros
tipos de opções terapêuticas, pois apresenta eficácia e perfil de efeitos
adversos menos limitadores, principalmente relacionados a cognição e
humor", explica Dr. Gabriel Micheli.
Em uma meta-análise
que avaliou dezessete estudos de derivados de cannabis, incluindo 3.161
pacientes, as descobertas evidenciaram eficácia significativa nos participantes
tratados com canabinoides versus placebo. Na avaliação sobre a espasticidade, o
resultado foi 30% superior em relação aos pacientes que receberam placebo, já
nas evidências da dor, a resposta chegou a 30% também. O levantamento apontou,
ainda, que os participantes que apresentavam disfunção de bexiga obtiveram
melhora de até 20% nos sintomas. Os efeitos colaterais foram em sua maioria
brandos e o tratamento foi bem tolerado pelos participantes. O estudo foi
publicado na JAMA Neurology, em 2018.
Especialistas do mundo
todo buscam respostas sobre qual seria a forma de atuação da cannabis nos
sintomas que os resultados apresentam maior evidências. "O que podemos
afirmar, no momento, de forma simples para facilitar a compreensão de todos, é
que a cannabis medicinal tem múltiplos mecanismos de ação nos neurônios
do Sistema Nervoso Central e periférico que promovem benefícios,
principalmente, na dor e na espasticidade em pacientes com esclerose
múltipla", explica Micheli.
Perspectivas futuras
O neurologista revela
que existem estudos em andamento para analisar a resposta do tratamento com
canabigerol (CBG) na esclerose múltipla com a avaliação da melhora dos
processos inflamatórios destes pacientes. "Diversos estudos pré-clínicos
apontam o CBG como potencial substância no tratamento de doenças inflamatórias,
como a esclerose múltipla."
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Entenda a Cannabis Medicinal
A cannabis medicinal
possui mais de 480 substâncias químicas, sendo que 150 destes compostos,
denominados fitocanabinoides, são os mais estudados, com o THC
(Tetrahidrocanabinol), o CBD (Canabidiol) e o CBG (Canabigerol). Eles são
capazes de ativar receptores canabinoides (CB1 e CB2) em diversos tecidos dos
nervos periféricos, Sistema Nervoso Central (SNC) e sistema imunológico. Esse
funcionamento complexo é responsável por uma série de funções fisiológicas,
incluindo a memória, o humor, o controle motor, o comportamento alimentar, o
sono, a imunidade e a dor.
Com base em estudos
variados em fase II, fase III ou observacionais, as principais indicações para
o uso de produtos de cannabis são ansiedade, demência com agitação,
distúrbios do sono secundários a doença neurológica, doença de Parkinson
(sintomas não-motores), dor crônica, epilepsia farmacorresistente, esclerose
múltipla (sintomas urinários, dores, espasticidade), esquizofrenia, síndrome de
estresse pós-traumático e Síndrome de Tourette.
Agosto Laranja - AME
Em 2021, o Agosto
Laranja na AME trará o conceito do #DireitoADignidade na esclerose
múltipla em diferentes abordagens, para que as pessoas com EM possam se
expressar, mostrando para o mundo que a dignidade também é um direito para
quem convive com essa condição. Para saber mais, acesse: https://amigosmultiplos.org.br/ .
"Trabalhamos para
a conscientização sobre a esclerose múltipla, para incentivar a detecção
precoce e a melhora da qualidade de vida de quem tem o diagnóstico. Fazemos
isso o ano todo, mas durante o Agosto Laranja intensificamos nossas ações para
disseminar informação de qualidade e alcançar um número maior de pessoas. Este
ano nosso vamos abordar de forma ampla o direto à dignidade com foco em acesso,
apoio e acolhimento", conclui Bruna.
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Referências:
• Associação Amigos
Múltiplos pela Esclerose (AME). Disponível em: https://amigosmultiplos.org.br/esclerose-multipla/.Acessado
em: 20 de julho de 2021.
• Federação
Internacional da Esclerose Múltipla. Disponível em: https://www.msif.org/. Acessado em 19 de julho de 2021.
•
Mari Carmen Torres-Moreno, PhD; Esther Papaseit, MD, PhD; Marta Torrens, MD,
PhD; Magí Farré, MD, PhD. 2018 Ame J Neurol pdf