Preocupação com
segurança na transferência de dados pessoais e a administração sensível das
informações para a construção da experiência individualizada do cliente foram
destaque no Score Summit 2021
Segurança de dados e
personalização do consumo destacam empresas no mercado digital
Preocupação
com segurança na transferência de dados pessoais e a administração sensível das
informações para a construção da experiência individualizada do cliente foram destaque
no Score Summit 2021
A privacidade é a base da liberdade. Precisamos ser donos dos nossos dados e
ter poder para decidir para onde eles vão, em segurança. A reflexão foi feita
na manhã desta terça-feira (24), por Don Tapscott, um dos mais influentes
escritores do mundo, autor de 13 livros (traduzidos para mais de 25 idiomas),
pesquisador, palestrante, consultor especializado em estratégia corporativa e
“pai” do Blockchain, durante o primeiro dia do Score Summit 2021, evento organizado
pela proScore, com a B3 como co-host.
A primeira parte do evento foi marcada pela
discussão sobre a importância da segurança das informações pessoais para o
sucesso das plataformas Open, considerando o aumento da competitividade entre
as empresas, a maior cobertura e abrangência dos serviços, a adequação dos
produtos às realidade individuais dos clientes e o aumento do protagonismo dos
consumidores frente às decisões tomadas nos respectivos projetos
financeiros.
“Precisamos ser donos dos nossos dados e gerirmos
eles por conta própria. Decidir pra onde eles vão. Os nossos dados nos
representam e são a base do indivíduo autônomo, que precisa escolher o que quer
e como quer seus produtos e serviços. Essa é uma questão tão importante quanto
a climática, no Brasil. Estamos repensando nossos contratos sociais a partir da
forma como protegemos e compartilhamos nossos dados”, complementou
Tapscott.
Para o Brasil, o chefe de Departamento de Regulação
do Sistema Financeiro do Banco Central, João André Pereira, assegurou, durante
o evento, que a troca de informações de usuários entre as instituições
financeiras, proposta pelo Open Banking, terá segurança garantida também pelo
Governo Federal. “O escopo de participantes do Open Banking são instituições
reguladas pelo Banco Central, estão no perímetro regulatório, com todo o rigor
de gestão de risco, de respeito à política de segurança cibernética e todo o
acompanhamento que o Banco Central faz com esses participantes”,
explicou.
Os especialistas convidados pelo Score Summit 2021
discutiram o ambiente regulatório do país e a importância da segurança na
transferência e coleta de dados para o sucesso dos sistemas de Open Banking e
Open Insurance, seja pensando na saúde do ambiente de negócios ou na garantia
de benefícios aos usuários.
“No campo do Open Insurance há um mar de
possibilidades no que discutimos hoje, mas é preciso uma revisão regulatória
séria para que possamos ofertar cada vez mais serviços. O Open Insurance e a
troca de dados não acompanhados de uma mudança regulatória, certamente não
alcançarão os objetivos que pretendemos, inclusive com a criação de acesso a
serviços que são essenciais. Tudo precisa ser feito com bastante parcimônia e
sempre, até porque estamos em dois mercados que sofre muito com fraudes”,
acrescentou Ricardo Ramires, diretor de operações Médicas de Mercados de
Regulação na SAMI.
A preocupação do mercado com os dados pessoais é
latente devido a um dos principais diferenciais do segmento Open, que é a
possibilidade de personalização. Segundo os analistas convidados para o Score
Summit, a troca de informações entre as instituições é o que poderá garantir
que os serviços e produtos ofertados pelas empresas possam ter mais aproximação
com as demandas individuais, inclusive permitindo aos clientes a combinação de
instrumentos dentro de um pacote totalmente original.
“É importante observar que até o relacionamento dos
bancos com as fintechs está mudando ,porque a parceria é fundamental, pensando
justamente nesse diálogo de informações. Quanto mais pudermos nos unir,
trabalhar juntos, para oferecer um bom produto, mais inteligentes estaremos
sendo no todo. A gente pensa na união”, comentou Carolina Gladyer Rabelo Saches
é diretora de ESG, Jurídica e Institucional da ABBC – Associação Brasileira de
Bancos
Personalização
No segundo dia do Score Summit, nesta quarta-feira
(25), o destaque foram a inteligência e a sensibilidade humanas para a
administração de dados pessoais como chave para aumentar a competitividade dos
negócios. Saber como ler, organizar e utilizar as informações dos clientes para
a construção de produtos e serviços altamente customizáveis, sem desconsiderar
a multiplicidade de realidades, pontos de vistas e comportamentos é o que
levará os novos e antigos empreendimentos ao próximo nível em mercados, que
voltaram a priorizar o relacionamento mais próximo e personalizado.
Os painelistas sublinharam as tendências que
apontam para uma maior capilaridade das empresas, agora explorando a
customização das ofertas para ampliar seus espaços de atuação e alcançar outras
oportunidades de contratos e vendas. Tudo a partir do conhecimento acumulado e
ordenado de pessoas que em alguns casos sequer conheciam as marcas.
“Gerir uma empresa, hoje, significa entender como
funcionam as pessoas e não apenas os negócios. Precisamos transformar um banco
de dados em um banco de fatos. As pessoas buscam a individualização do que
consomem, querem produtos e serviços que estejam combinados com a sua
personalidade, com as suas vontades. É o que esperam por compartilhar seus
dados. O big data é o motor de tudo isso, mas a relação humana é o que fará a
diferença para esse tipo de contato. A tecnologia é apenas a commodity",
comentou Walter Longo, sócio-diretor da Unimark Comunicação.
Facilidade, simplicidade, flexibilidade e
individualização são os novos instrumentos de relacionamento que precisam ser
assimilados pelas organizações A tecnologia alterou as expectativas dos
clientes, que agora esperam mais personalização, menos burocracia e mais
inteligência no consumo de produtos e serviços. Essa mudança no comportamento
se deu graças ao compartilhamento de dados.
“O processo de digitalização já ocorreu, e as
empresas que não o fizeram precisam acelerar essa etapa, inclusive com empresas
que podem fazer a ponte com esse novo momento. Agora, é aproveitar os dados com
o foco em conseguir oferecer a melhor experiência para o cliente. Assim, é
possível pensar em alavancar os negócios, mas sempre, claro, atento aos
resultados financeiros e analisando, sempre, o contexto. Acho que a principal
virada, aliás, é entender a análise de contexto. Analisar o contexto do
indivíduo, saber o que ele quer”, comentou Marcelo Queiroz, head de Estratégia
de Mercado da ClearSale.