Neste
05 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, que tal olhar dentro de casa,
reavaliar o que é realmente necessário e se desafiar a não usar mais plástico?
Desde o início da pandemia do
coronavírus, que obrigou milhões de pessoas a permanecerem em casa para o
isolamento social, a internet está cheia de memes sobre comer muito, engordar,
fazer muitas compras para saciar a vontade de sair ou de dar aquela voltinha no
shopping.
Toda essa situação
nos causa muito estresse, a ponto de nos sentirmos impotentes e descontrolados
e, portanto, é natural querer encontrar uma maneira de aliviar todas essas
emoções reprimidas. Mas, se pararmos para pensar de verdade no assunto, isso é
realmente necessário? Afinal, qual o objetivo de toda essa necessidade de comprar (roupas,
sapatos, fast food, entre outros)? Em vez disso, meditar, respirar, se manter
consciente e empatizar são atitudes gratuitas que podem ajudar a nos manter
conscientes para não agir de forma impulsiva.
A ideia de morte ou doença faz com que as pessoas se perguntem o que realmente importa.
Esse tipo de situação nos obriga a dar um passo inevitável para trás e olhar
nossas vidas, avaliar hábitos e dependências e, finalmente, perguntar: que tipo
de legado nós, como seres humanos, queremos deixar para o mundo?
Já são 46 anos desde a primeira comemoração do Dia Mundial do Meio Ambiente e
confesso que me pergunto quantos mais celebraremos antes que qualquer mudança
real seja realizada. É um pensamento deprimente que dificulta manter uma
perspectiva positiva, mas é exatamente isso que precisamos fazer. Muitos de nós
querem fazer algo sobre poluição com plástico, mas não possuem o conhecimento e
as ferramentas para fazer parte ativa da solução. Desistimos antes mesmo de
tentar, convencidos de que é muito complicado.
Mas a situação é oposta! Por isso, quero encorajar as pessoas a avaliarem
honestamente a quantidade de lixo pela qual são responsáveis e, com esta mesma
honestidade, estabelecer objetivos concretos para diminuir este impacto
negativo.
Preste atenção em tudo que está entrando na sua casa e determine quanto disso
você realmente precisa. Às vezes, não é muito difícil reduzir, mas você deve
sempre tentar começar com algo e, a partir daí, expandir seu processo.
A ideia inicial para ter em mente é não deixar o lixo entrar em sua casa ou
chegar o mais perto possível desse objetivo. A melhor maneira é estabelecer
metas que pareçam factíveis para você e sua família. Talvez você queira definir
uma meta de reduzir os alimentos processados que entram em sua casa. Talvez
você queira aprender a fazer sua própria pasta de dente ou talvez queira
começar comprando uma que não tenha plástico.
Uma das coisas mais poderosas para mim foi aprender a dizer ‘não’ quando me
ofereciam produtos que continham plástico. Pode ser ou não tão simples assim,
mas o fundamental é começar e aprender como fazer funcionar para você e sua
família.
Qualquer tipo de mudança é sempre difícil e desafiadora, mas, quando a mudança
é orgânica e é realizada lentamente, ela tem mais chances de se enraizar e se
tornar um elemento permanente em nossas vidas. E desafios são interessantes e
importante na vida, não é mesmo? Afinal, quem não gosta de um pequeno desafio?
No entanto, pela minha experiência, acho importante antes de começar
efetivamente a fazer mudanças, procurar fatos e ferramentas corretas para
conseguir o melhor resultado em impactar menos, para não acabar substituindo um
impacto com outro.
Isso é algo que, quando você começa a investigar, é uma ladeira muito
escorregadia. Se, por exemplo, você não cria lixo em sua própria casa, mas come
três vezes ao dia em restaurantes, não está realmente criando lixo? Se você faz
seu próprio sabonete e xampu, mas come carne todos os dias, qual é o tamanho do
seu impacto no carbono? Você compra roupas de segunda mão ou prefere lojas de
moda rápida?
Para mim, é tudo uma questão de simplificar e equilibrar os desejos e
necessidades da minha família. Acho muito fácil encontrar onde ajustar, afinal,
há tantas coisas que podem ser mudadas e, ao fazê-lo, posso experimentar esse
incrível sentimento de realização à medida em que avanço.
Então, te faço aqui um convite: que tal aproveitar esse período de isolamento
social para fazer esse desafio para você mesmo, sua casa e para sua família?
Para te ajudar nesse processo, indico a seguir as substituições que você pode
fazer para entrar no movimento de uma casa sem plástico, do item mais fácil ao
mais difícil, divididos pelos cômodos mais impactados, para facilitar ainda
mais:
Na cozinha:
1) Use sacola de compras de pano em vez de descartável;
2) Guardanapos de pano em vez de papel;
3) Esponjas de sisal ou algodão;
4) Toalhas de pano em vez de toalhas de papel;
5) Filtro de café reutilizável ou saquinhos de chá reutilizáveis;
6) Frascos de vidro e caixas de metal para armazenamento de alimentos;
7) Panos encerados para guardar alimentos na geladeira ao invés de filme de
plástico;
8) Faça ou compre seus próprios sacos a granel em vez de usar os de plástico da
loja;
9) Filtro de água de argila, em vez de comprar água em plástico;
10) Uso de composteira.
No banheiro:
1) Escovas de dentes de bambu;
2) Barbeador não descartável;
3) Creme de barbear feito em casa;
4) Óleo natural em vez de creme para o rosto;
5) Desodorante natural;
6) Água termal em vez de tônica facial;
7) Shampoo e condicionador sólidos;
8) Limpador de orelhas de bambu em vez de cotonetes de plástico ou papel;
9) Discos de algodão reutilizáveis em vez de bolas de algodão;
10) Creme dental natural (este foi realmente difícil para minha família).
Na rua:
1) Use garrafa de água reutilizável;
2) Compre a granel e, sempre que possível, nos mercados de agricultores locais;
3) Leve sua própria xícara de café;
4) Faça e leve seu almoço com você;
5) Viva com menos.
Quando as respostas são simplificadas dessa forma e as alternativas ao plástico
estão prontamente disponíveis, faz sentido que mais e mais pessoas escolham
usar a melhor alternativa.
Esta foi a principal razão pela qual eu queria abrir o Mapeei - Uma Vida Sem
Plástico. Eu sabia em primeira mão o quão difícil e desafiadora é a vida com
menos plástico. Meu objetivo é combinar o conhecimento coletivo de todos na
Mapeei com as ferramentas para ajudar as pessoas a alcançarem suas metas de
zero desperdício, sejam elas quais forem. Mas o mais maravilhoso da loja é o
sentimento de comunidade. Eu amo como nossos clientes são tão amigáveis entre
si, dando conselhos, respondendo perguntas e compartilhando ideias.
Além disso, sinto que há uma demanda por alternativas sem plástico e vejo como
as compras de pequenos produtores e artistas locais afetam diretamente a
economia doméstica de meus fornecedores. Essa procura também prolongou a vida
de tantos produtos maravilhosos, como vassouras e escovas naturais que, de
outra forma, seriam esquecidas com o passar do tempo.
E então, você topa o desafio de abolir o plástico da sua vida?
Lori Vargas - americana, nascida e criada em Nova York e formada em Merchandising de Moda
pelo The Fashion Institute of Technology de NY. Desde que se mudou para o Brasil,
dedica-se à arte de criar seus filhos e todos os aspectos relacionados à
alimentação. Ela é uma chef de cozinha Whole Foods que defende o consumo
responsável e a redução do desperdício de alimentos em casa e no dia a dia das
pessoas. É co-fundadora da Mapeei - Uma Vida Sem Plástico. Atualmente mora em
São Paulo com o marido e seus dois filhos.