O agronegócio sempre foi e é um dos setores que mais movimentam a
economia de um país. No Brasil, onde temos – em comparação com o resto do mundo
– boas condições de solo, de clima e de temperatura, não é diferente. Produzimos
em todos os cantos, de uma ponta a outra, todos os dias do ano, culturas que
vão do ‘A ao Z’ – do abacaxi, algodão ou arroz até o Zebu, base do rebanho
bovino brasileiro.
Começamos 2020 com previsões positivas para o nosso agro e, consequentemente,
para o país, uma vez que o setor é responsável por 21% do PIB, segundo a CNA –
Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil. Metas de safras de grãos a
serem batidas, exportações de carnes subindo e altos preços no mercado externo.
O cenário era promissor.
Pois bem, eis que, entre fevereiro e março, chegam ao país os
primeiros indícios da Covid-19, a nova doença que parou todo o mundo. Mas, como
parar o agronegócio? Como parar uma produção a todo vapor? Como tirar a única
renda de muitos produtores? Como não entregar à mesa de milhões de brasileiros
comida saudável e de qualidade? Como? Realmente, como andam dizendo por aí, o
agro não poderia parar. E não parou.
Agricultores, agroindústria, transporte e serviços, venda direta e
indireta, todos os elos da cadeia produtiva continuaram trabalhando. Mas diante
deste cenário foi preciso mudar alguns hábitos, utilizar novas ferramentas e
transformar a forma de se comunicar e estar próximo.
Para que trabalha diretamente no campo, a presença física era
fundamental – pelo menos, achava-se que sim. Empresas, consultores e
especialistas começaram a se questionar: como continuar auxiliando o agricultor
de longe? Como continuar oferecendo a orientação técnica? Como acompanhar o
manejo de perto?
Momentos de crise também trazem reflexões e novas formas de se
reinventar. E se tem um setor que sabe fazer isso com perfeição é o agro, que
vive constantemente precisando driblar a escassez ou o excesso de chuva, altas
ou baixas temperaturas, instabilidade de preços e subsídios.
Então, lá foi ele mais uma vez se redescobrir. O produtor, lá no
campo, começou a receber as informações do seu negócio por meio de plataformas
online, webinars, lives, aplicativos e até mesmo em suas redes sociais (que já
crescia neste meio). Aquele evento que ele ia para saber das atualizações de
soluções e tecnologias mudou de forma. Estava ali na sua frente, na palma da
mão ou na tela em cima da mesa.
Não há como negar que as atuais transmissões online feitas por
empresas, meios de comunicação e influenciadores são a ‘febre’ do momento. A
quantidade diária de lives é gigante. O acesso a conteúdos técnicos e de
qualidade disponíveis aumentou consideravelmente. Para quem as promove, é a
forma mais direta de atingir o público, uma vez que reunir pessoas, promover
encontros presenciais ainda não é possível.
No entanto, embora possa ser mais fácil de chegar a um maior
número de pessoas de uma só vez, o desafio é grande: despertar a curiosidade,
chamar e manter a atenção do seu público-alvo que tem um leque extenso de
possibilidades. Para isso, é preciso ousar, trazer novidades, resgatar seu
diferencial e mostrar ao próximo. Se nós podemos tirar algo de bom neste
momento, em meio a tantos casos e fatalidades, é que uma nova forma de se comunicar
se adentrou e se estabilizou no agro.
Após passarmos por essa fase, os eventos e encontros presenciais
vão voltar. O agricultor irá ver novamente seu agrônomo, zootecnista, técnico ou
veterinário. Mas, também acredito que ele vá querer continuar consumindo
informação nos meios digitais. Será mais um canal de transmissão em que ele
adotará. E agro depois disso tudo? Manterá seu protagonismo e, muito provável,
será um dos responsáveis por ajudar na retomada econômica e social do país
pós-coronavírus, buscando novas oportunidades, se reinventando e entregando
para cada um de nós um alimento saudável, com segurança, sustentabilidade e
modernidade.
Camila
Lopes - jornalista e consultora de comunicação do time de agronegócios da
Alfapress Comunicações.
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