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segunda-feira, 2 de março de 2020

A INACREDITÁVEL MÍDIA


        Ao tempo do mensalão não havia dúvida sobre a natureza indecente do processo de compra de votos parlamentares. Nenhum veículo ousou afirmar que tal conduta tivesse algo a ver com democracia e com o jogo político. Nem o Lula! Em 2005, ele reuniu o ministério na Granja do Torto e pediu desculpas à nação, dizendo-se "traído por práticas inaceitáveis". Ninguém na mídia duvidava de que comprar votos no Congresso para formar base de apoio fosse prática inaceitável.

         Quem quiser refrescar a memória pode ler aqui (1) as 122 páginas do voto com que o relator Joaquim Barbosa esmiuçou as motivações daquela descarada iniciativa. Quinze anos mais tarde, o mensalão, referido a tudo que veio depois, parece trambique no jogo de cartas em casa de repouso para idosos. Ainda assim, por indecente, derrubou José Dirceu da chefia da Casa Civil e o converteu em bode expiatório do chefe. Ninguém na mídia brasileira fez qualquer esforço para defender aquela forma de angariar votos.

        Antes mesmo do mensalão, ainda no governo FHC, é bom lembrar, a imprensa já vinha denunciando a troca de favores por votos parlamentares. Cargos e liberação de verbas compunham o cardápio de operações comerciais que atendiam pelo nome de "é dando que se recebe", ou de "toma-lá-dá-cá". Nelas, os votos eram cedidos sem convicção. O que mais importava não era a matéria em deliberação, mas a liberação da quantia ou o cargo provido. O Estado inchava e encarecia ao ritmo das demandas. Para um número significativo de parlamentares, o mandato, por si só, é pouco, mas abre a porta para muito mais. E cada vez mais.

***
A Lava Jato, o impeachment e a vitória de Bolsonaro elevaram o nível de estresse das redações. Décadas de colaboração e alinhamento com o esquerdismo hegemônico foram devorados pela boca da urna e a vida missionária da esquerda perdeu fontes de custeio. 

Em março de 2019 o centrão se recompôs e retomou o hábito de chantagear o governo. Já então, porém, inculpar Bolsonaro tornara-se o esporte preferido das grandes redações. Em relação a tudo que aprontam os malasartes dos outros poderes (Toffoli, Maia, Alcolumbre), a inacreditável mídia fechou os olhos, lavou as mãos e terceirizou o direito de opinião para as redes sociais. A Globo e a Globo News atacam o governo com o jogral de seus comentaristas.

        O Congresso criou as emendas impositivas, individuais e de bancada para controlar R$ 42 bilhões do Orçamento e a inacreditável mídia fez e continua fazendo cara de paisagem! A galinha da União sendo depenada em proveito eleitoral dos congressistas e a mídia dá força: "O Congresso é o senhor do orçamento". Para cozinhar, sim; para saborear individualmente, não. Uma coisa é o parlamento como um todo, o orçamento como um todo. Outra é transformar tudo numa pizza com 594 fatias.

        A grande imprensa não enxerga isso? 

        Minha consciência está tranquila. Como adversário do presidencialismo, há mais de 30 anos denuncio o que chamo presidencialismo de cooptação, em que maioria é coisa que se compra e voto é coisa que se vende. A novidade é que, se o Congresso derrubar o veto de Bolsonaro a esse fatiamento das despesas não vinculadas, o governo estará neutralizado, imobilizado. 

Os partidos e seus congressistas, que antes recebiam ministérios, estatais e cargos da administração como forma de cooptação, perdidos os cargos, meteram fundo a mão no orçamento da União. A imprensa, enquanto isso, não cansa de elogiar a "autonomia do parlamento" como se, no presidencialismo, o legislativo não vivesse eterno déficit de responsabilidade. É por causa desse déficit que o Congresso vem agindo como age, contando, agora, com matreiro piscar de olhos de grandes veículos da imprensa nacional.





Percival Puggina - membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

75% da população acha importante a abertura do comércio aos domingos, aponta pesquisa CNDL/SPC Brasil


69% acreditam que se todos os estabelecimentos comerciais funcionassem aos domingos nos mesmos horários que abrem de segunda a sexta, aumentaria o número de vagas de emprego no mercado


Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em convênio com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), revela que 75% dos brasileiros acham importante abrir as lojas de rua, shoppings e supermercados aos domingos e feriados, sendo que 45% consideram que deveriam ser abertas em horário reduzido e 29% em horário normal de funcionamento.

O governo lançou em novembro de 2019 a Medida Provisória 905, que criou o Programa Verde e Amarelo, que altera a legislação trabalhista e que possibilita, entre outras medidas, a ampliação da possibilidade do trabalho aos domingos e feriados para todas as categorias. A MP foi prorrogada e deverá ser votada até abril de 2020.

Apesar de a permissão de trabalho nesses dias já estar prevista em lei específica, o setor de comércio dependia de convenções coletivas e legislação municipal para colocar seus funcionários para trabalhar em domingos e feriados.

Para o presidente da CNDL, a aprovação da medida é fundamental para o crescimento das vendas, para o aquecimento da economia e para a geração de empregos.

“Essa é uma luta antiga do setor de comércio, que trará importantes conquistas para o Brasil. Permite ao setor otimizar a mão de obra para atender às demandas em horários de mais movimento e dias que o consumo pode aumentar, como o domingo. Além, disso, mais dias de trabalho significa a geração de mais empregos. Estudos mostram que o domingo já o segundo dia de mais vendas nos shoppings, por exemplo. Os consumidores precisam contar com o comércio aberto durante os finais de semana”, destaca Costa.


Maioria dos consumidores acredita que abertura do comércio aos domingos e feriados aumentaria vagas de empregos

O desemprego no país, que chegou a atingir 12,4 milhões de brasileiros no ano passado, é um dos principais argumentos do governo e dos empresários que defendem a ampliação dos dias e horários de abertura do comércio.

Para 69% dos entrevistados, se todos os estabelecimentos comerciais funcionassem aos domingos nos mesmos horários que abrem de segunda a sexta, aumentaria o número de vagas de emprego no mercado, sendo que 43% acreditam que aumentariam as vagas de emprego em shoppings, 42% em lojas de rua e 39% em supermercados.

“O fechamento do comércio, principalmente em determinados feriados, representa enorme prejuízo, o que, de forma direta ou indireta, prejudica os empregados. Quando o comércio deixa de vender, também deixa de investir e de contratar. Essa consequência não é boa nem para o comércio e nem para os trabalhadores”, afirma o presidente da CNDL.


58% aceitariam vaga de emprego se tivesse que sempre trabalhar aos domingos

A liberação do trabalho aos domingos é uma das bandeiras do Poder Executivo. E a medida parece atentar a uma nova realidade econômica e social. De acordo com a pesquisa, a maioria dos entrevistados afirmou que aceitaria uma vaga de trabalho que tivesse que sempre trabalhar aos domingos (58%), sendo a folga de descanso durante a semana, enquanto 27% não aceitariam.


39% dos consumidores costumam fazer compras aos domingos e feriados

A abertura do comércio aos domingos e feriados favorece não somente as vendas, mas também ajuda aquela parcela da população que trabalha durante a semana e muitas vezes só conta com os domingos para fazer suas compras em supermercados, lojas de rua e shoppings.

De acordo com a pesquisa, 39% dos entrevistados costumam fazer compras aos domingos e feriados. Outros 39% compram apenas às vezes e 18% não têm esse costume.
 

Metodologia

A pesquisa ouviu 600 brasileiros residentes em todas as capitais, com idade igual ou superior a 18 anos, ambos os sexos e todas as classes sociais. O levantamento foi realizado pela internet em pontos de fluxo de pessoas, considerando as 27 capitais do país. A margem de erro é de 4,0 pontos percentuais para um intervalo de confiança a 95%.




Metade das startups brasileiras não faturam


Empresários inovadores passam pelos mesmos problemas das companhias convencionais: alta tributação, burocracia e falta de profissionais capacitados


Pitch, MVP, business model CANVAS, earnout, crowdfunding, growth hacking, pivotar. Nem só de termos difíceis vivem os empreendedores de startups, modelo de negócios que se firmou no Brasil durante a última década. Inspirados no rápido crescimento e popularização de startups como Über, Airbnb, Dropbox, Snapchat, Pinterest e Spotify e, principalmente com a crise de emprego no Brasil em 2017-2018, houve um boom desse tipo de empresa no país, nos últimos três anos. Segundo o relatório Startupbase, da Associação Brasileira de Startups (ABStartups), a quantidade de empresas startups cadastradas na associação dobrou entre 2012 e 2017, indo de 2519 negócios para 5147. Hoje, já são 12.881 empresas seguindo esse modelo.

De acordo com o coordenador da pós-graduação em Criação e Gestão de Startups da Universidade Positivo, Cleonir Tumelero, startups são empresas inovadoras, com rápido crescimento e vendas escaláveis - ou seja, cujos modelos de negócios podem ser replicados. O conceito de startup também está relacionado com o tempo de existência da empresa, indicando uma empresa relativamente recente. "Nem todas as pequenas empresas recém-criadas são startups, porque esse tipo de empresa é idealizada para atingir um crescimento rápido e com escalabilidade, trabalhando em condições de extrema incerteza mercadológica. Para isso, são adotadas metodologias como o growth hacking, estratégia que tem como objetivo potenciar a empresa a crescer de maneira rápida e sustentável", explica.

Mais de 63% das startups nacionais estão nas regiões Sul e Sudeste. Ainda segundo a ABStartups, pouco mais de 1.500 startups têm mais de 6 anos. Para Tumelero, isso pode indicar três fatores: 1) o mercado brasileiro é bem recente e tem grande potencial de crescimento; 2) algumas empresas com mais de 6 anos não se consideram mais startups e 3) muitas startups não conseguem acessar financiamento e capital de risco e não sobrevivem por mais de 5 anos. "Se considerarmos que em levantamento recente da ABStartups, 82% das associadas declararam não ter recebido investimento e apenas 1% declararam ter recebido um aporte na primeira rodada de investimentos", o cenário não parece animador", ressalta.

Os dados de faturamento não são melhores: aproximadamente 50% das startups mapeadas em todo Brasil ainda não faturam e apenas 3,4% faturam entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão ao ano. "Ou seja, há dinheiro entrando, mas não circulando em todos os âmbitos do ecossistema. E esse é um dos desafios para os próximos anos, ao pensar em um crescimento sustentável do ecossistema", aponta o especialista.


Principais desafios

Os caminhos para Márcio Pacheco Jr. chegar à consolidação da PhoneTrack não foram os mais fáceis. O CEO e fundador da startup curitibana conta que enfrentou diversos desafios e obstáculos, principalmente no início do negócio. "A começar pela burocracia para abrir uma empresa no Brasil, independente se é uma startup ou não", afirma. Para se ter uma ideia, são necessários cerca de 45 dias para a legalização integral de uma companhia no Brasil.

A PhoneTrack atua na área de tecnologia e é referência em call tracking, utilizando a inteligência artificial para o monitoramento e mensuração das chamadas telefônicas. A startup foi fundada em 2015 e atualmente já contabiliza mais de 700 clientes, entre agências de marketing, hotéis, clínicas, concessionárias e muitos outros segmentos que utilizam a plataforma para análise completa dos dados de ligações telefônicas. Entre outros fatores, Pacheco cita também a alta carga tributária e a capacitação profissional como alguns dos obstáculos que enfrentou no meio do caminho, tanto na área financeira, quanto em termos de recrutamento.

A falta de capacitação também é citada por Tumelero como um dos principais obstáculos para o crescimento das startups brasileiras. As oportunidades em fintechs, edtechs, adtechs, cleantechs, agtechs, dentre outros setores como blockchain, life sciences, new food, advanced manufacturing (indústria 4.0) e robótica estão cada vez maiores - o que falta são profissionais preparados para encarar esses desafios", finaliza.


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