As consequências
atreladas ao abuso de álcool no feriado podem acarretar em alterações cardíacas
A menos de uma semana para o carnaval, boa parte da
população se prepara para cair na folia e aproveitar o feriado nos bloquinhos
ou desfiles. Apesar de toda a animação, é preciso também ficar atento ao ritmo
intenso de festas e principalmente ao excesso de álcool durante esse período.
Segundo dados divulgados em 2018 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 13,5%
das mortes de pessoas na faixa dos 20 anos tiveram relação com o excesso de
bebidas alcoólicas. A situação fica ainda mais complicada quando falamos de
épocas festivas, outra pesquisa realizada pela SPTuris (São Paulo Turismo)
mostrou que um a cada três foliões afirmaram não terem visto a presença de
ambulâncias para atendimento emergencial durante a passagens de blocos.
O cardiologista Diego Garcia explica que o consumo
exagerado de álcool pode aumentar o risco de arritmias e insuficiência
cardíaca, mesmo em pessoas que não apresentam antecedente pessoal ou familiar
de cardiopatia. "O álcool promove uma agressão direta sobre as células
cardíacas, podendo comprometer o funcionamento do músculo e do sistema de
condução do estímulo elétrico no coração", diz o especialista. Dentre os
sintomas de alerta estão: palpitações, dores no peito, falta de ar e inchaço
nas pernas.
Outro hábito perigoso do Carnaval é a mistura de
bebidas alcoólicas com energético. O problema ocorre porque os dois aumentam
muito a chance de arritmias. "Uma lata de energético estimula muito mais o
coração do que 1 xícara de café. Essa combinação acelera os batimentos, podendo
causar alguma arritmia e também elevação da pressão arterial", explica o
cardiologista.
Síndrome Cardíaca de Feriado
A síndrome trata-se da manifestação de alterações
cardíacas que são provocadas pelo abuso do álcool. "Há várias teorias que
tentam explicar essa ocorrência e dentre elas podemos citar: ativação
suplementar do sistema nervoso simpático, ação direta do álcool e seus
metabólitos no coração ou distúrbios dos eletrólitos causados por diurese
excessiva", explica Diego.
A condição foi descrita pela primeira vez em 1978,
pelo médico Philip Ettinger, que descreveu a ocorrência de distúrbios do ritmo
do coração logo após o feriado em 24 jovens que não possuíam nenhuma doença
cardíaca subjacente e haviam exagerado no consumo de bebidas nesse período.
A melhor forma de evitar qualquer problema e ainda
assim curtir o feriado é ter moderação na hora do consumo. Vale lembrar que
apesar de existirem recomendações a respeito do consumo máximo de álcool
recomendado, esse limite varia consideravelmente de acordo com a tolerância
individual.
Não deixe de curtir esse período, sendo na folia ou
descansando, mas atente-se não só para a moderação no consumo de bebidas
alcoólicas, mas também para a ingesta hídrica abundante, alimentação leve e uso
de protetor solar.
Dr. Diego Garcia - medico
cardiologista com área de atuação em cardiologia geral, ecocardiografia,
cardio-oncologia, medicina preventiva e medicina do estilo de vida.