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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Infrações mais recorrentes no trânsito demonstram mau comportamento dos motoristas





Intensificar a fiscalização e investir na educação dos motoristas são alternativas apontadas por especialistas para tornar o trânsito mais seguro


Crença na impunidade contribui para que desrespeito às leis se perpetue

Um levantamento realizado no primeiro semestre de 2015 pela Companhia de Engenharia de Tráfico (CET) aponta que o órgão aplicou um total de 2.806.493 de multas em São Paulo. As dez infrações mais cometidas no período mostram que, basicamente, falta cuidado, atenção e educação no trânsito por parte dos motoristas.  Foram elas: dirigir acima da velocidade permitida; burlar o rodízio; circular pela faixa exclusiva de ônibus à direita; trafegar em corredor exclusivo de ônibus; circular em Zona Máxima de Restrições a Caminhões; avançar o sinal vermelho; realizar conversão à direita em local proibido e devidamente sinalizado; parar sob faixas de pedestres; circular em faixas destinadas a outros veículos; e trafegar em zonas de circulação proibida. Infelizmente, essa má conduta não deve ser exclusiva aos motoristas da maior cidade brasileira, se repetindo também nos demais municípios do País. A Perkons ouviu especialistas no assunto na tentativa de entender o comportamento dos condutores brasileiros. 

Na opinião de Celso Mariano, especialista em Educação no Trânsito e Diretor do Portal do Trânsito, a fiscalização precisa ser intensificada no Brasil - com a devida aplicação das penalidades e sem condescendências - na tentativa de transformar esse comportamento “cultural” dos brasileiros, que ainda não acreditam que serão flagrados pelas autoridades competentes. “Não há fiscalização suficiente e, por outro lado, muitas das penalidades previstas se esvaem pelo caminho. Somos tão tolerantes que damos descontos para quem não contesta multa e a paga em dia. Há projetos de lei para parcelamento de multas, empresas que reservam recursos para pagar as multas que seus motoristas irão cometer e, o pior, no âmbito judicial o recado que a sociedade recebe é que dificilmente as penas previstas são aplicadas”, afirma Mariano. 


Exemplos cotidianos de desrespeito às leis
 
Manusear o celular na hora de dirigir é mais uma infração que tem aumentado na capital paulista, onde são aplicadas 320 por dia apenas por esse motivo. Segundo a Prefeitura de São Paulo, esses condutores somam-se aos 350 motoristas, em média, que também são multados diariamente ao falarem no celular segurando o aparelho com uma das mãos enquanto estão dirigindo. Após as mudanças no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) em novembro de 2016, mexer ou falar no aparelho são infrações gravíssimas, punidas com sete pontos na carteira e multa no valor de R$293,47, conforme artigo 252

Harmut Gunther, professor do Departamento de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB) e especialista em comportamento do trânsito, explica o risco de utilizar o celular na direção. “Durante uma desatenção de um segundo, o motorista avança 16,7 metros e qualquer fenômeno imprevisto neste intervalo já provoca um sinistro”. Entretanto, o número crescente de motoristas infringindo a lei deixa evidente o desconhecimento desses riscos, ou, a falta de preocupação com eles. E, mais uma vez, a sensação de impunidade e a pouca fiscalização acabam colaborando com atitudes imprudentes como essas. 

Celso Mariano argumenta que educar o motorista para a construção de um trânsito mais seguro é um caminho longo, que vai além de ações convencionais. Para ele, a educação com seus acessórios, como campanhas pontuais, distribuição de panfletos, publicidade e ações efêmeras são ineficientes. “Não há verdadeira educação para o trânsito, verdadeira mudança de paradigma, sem educação para a cidadania. Assim, ela precisa acontecer de forma contínua, nas famílias, nas escolas, nas autoescolas, nas empresas, nas organizações da sociedade civil. Segurança no trânsito tem que virar assunto do café, do almoço e do jantar. Não é uma tarefa fácil, mas é preciso enxergar isso de uma vez por todas e promover a educação para o trânsito de maneira global”, argumenta. 





Giovana Chiquim





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