Médicos
suíços pioneiros no procedimento estarão no X Congresso Paulista de Medicina
Reprodutiva e I Jornada Internacional de Especialidades da SOGESP
Procedimento
inovador já realizado em 12 pacientes em todo o mundo, o transplante de útero é
uma alternativa ainda experimental às mulheres que não podem gerar seus filhos
devido a algum problema ou ausência do órgão. O tema será destaque no X
Congresso Paulista de Medicina Reprodutiva e I Jornada Internacional de
Especialidades da SOGESP, em 9 e 10 de dezembro, no Maksoud Plaza Hotel.
Fruto
da parceria bem sucedida da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado
de São Paulo e a Sociedade Paulista de Medicina Reprodutiva, o evento debaterá,
ainda, o que há de mais atual em infecções vaginais, anticoncepção e
reprodução.
“Receberemos
os suecos Mats Brännström e Pernilla Dahm-Kähler, criadores da técnica, que
palestrarão um dia inteiro sobre como desenvolveram este tipo de transplante,
as dificuldades enfrentadas, a possibilidade de colocar em prática aqui no
Brasil e, provavelmente, estabelecer um relacionamento com algum grupo que
tenha interesse em aprender a fazer e estabelecer em serviços nacionais”,
adianta dr. Newton Busso, presidente da SPMR e tesoureiro da SOGESP.
Ainda
segundo Busso, esta nova tecnologia abre uma porta muito interessante para sua
introdução em solos nacionais e até mesmo para que um profissional da área
possa atuar in loco.
Ele
traça um paralelo com o advento da fertilização in vitro, cujo primeiro
registro data de 1978, na Inglaterra - no Brasil, o primeiro publicado foi em
1984.
“Naquela
época, a implantação levou 6 anos; não sei se demorará o mesmo tempo, uma vez
que hoje seguramente a velocidade do conhecimento é maior. Podemos falar em
curto e médio prazo até alcançarmos o know how necessário para colocar essa
técnica à disposição”, afirma.
Ao
todo, são 12 casos já registrados no mundo, outros em andamento e que não foram
publicados ainda. Até chegar ao sistema de saúde, tanto público (hospitais
escola) quanto privado, ainda há um longo caminho de maturação.
Sobre
o transplante
Aproximadamente
1 a cada 500 mulheres sofrem com problemas no útero. O número de histerectomias
aumentou progressivamente, e com a chegada desta tecnologia elas têm a
possibilidade de gerar o próprio filho. “Os aspectos emocionais envolvidos na
gestação, sem precisar recorrer à outra pessoa, são importantes e merecem ser
considerados. Do ponto de vista psicológico, proporciona bem estar e
independência a esta mulher que não considerava conceber, diante da
possibilidade de ser colocado em prática em um futuro breve”, explica.
Esse
novo tratamento abre a perspectiva de que essa mulher receba um útero
transplantado e tenha uma gestação futura, à semelhança de receber um rim, um
fígado, entre outros órgãos possíveis de transplante.”O que muda é a
funcionalidade. Não basta implantar, checar rejeição e menstruação, mas
deixá-lo em condições de engravidar, para que o bebê tenha um desenvolvimento
adequado. A função dele é mais ampla, o que provavelmente dificultou a sua
realização no passado – claro, a dúvida foi sanada, já existe bebê nascido após
o procedimento. É essencial checar se é viável para fazer em grande escala”,
alerta dr. Newton.
O
procedimento é indicado às pacientes inférteis, que não conseguem engravidar em
decorrência de um problema anatômico ligado ao útero, seja uma patologia ou sua
ausência, o que é mais comum. Atualmente, no Brasil, a alternativa mais comum é
a cessão temporária de útero, a famosa barriga de aluguel.