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quarta-feira, 12 de abril de 2023

Conhecimento e troca de experiências ajudam a combater mitos sobre crianças e adultos com Transtorno do Espectro Autista

Primeira edição de 2023 do Ciclo de Palestras AMRIGS ocorreu na noite de terça-feira (11/04) em formato virtual 

 

Você já deve ter ouvido falar que cada vez mais crianças são diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Será que o autismo virou uma epidemia? A resposta é “provavelmente não”, de acordo com o médico pediatra Renato Santos Coelho, um dos convidados da primeira edição deste ano do Ciclo de Palestras da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS). Além do pediatra, o evento contou com palestras da médica psiquiatra da Criança e do Adolescente, Ana Soledade; da jornalista e apresentadora, Shana Müller; e da médica clínica geral, Ana Brandão.

Durante sua fala, Renato Santos Coelho explicou os motivos para que os casos de diagnósticos de TEA saltassem de um para cada 2 mil crianças na década de 1990, para um a cada 36 em 2023.

“Uma das razões para esse aumento na prevalência nas últimas décadas é a mudança de critérios que eram utilizados em 1995 e os critérios utilizados atualmente. Hoje, conseguimos colocar pessoas que ficariam de fora antes e que possuem o TEA, mesmo que de uma forma leve. Um paciente com quadro de nível 1, leve, passou e ainda passa despercebido sem diagnóstico”, destacou.

O médico reforçou que o mundo não passa por uma epidemia de crianças com autismo.

“Hoje, conseguimos trazer para esse grupo de pessoas um olhar especializado da ciência, que antes não tinha. Muitos pacientes adultos jovens procuram ajuda médica em busca de um diagnóstico. Falam sobre perrengues e situações que viveram durante toda vida e eram incompreendidos. Após o diagnóstico, se sentem aliviados para explicar momentos ainda da infância e da juventude”, afirmou.

Em sua palestra, a médica psiquiatra Ana Soledade explicou como funciona a cognição social de pessoas típicas e de pessoas atípicas, forma como são chamadas aquelas com TEA.

“A teoria da intencionalidade compartilhada mostra que os humanos interagem e desenvolvem atividades colaborativas complexas. Cada indivíduo tem um papel e isso faz com que um grupo faça atividades de forma mais precisa. Assim, crianças conseguem perceber e colaborar com tarefas e tomar iniciativas. O que entendemos é que crianças com TEA conseguem entender, mas muitas vezes não têm habilidades e motivação para compartilhar essas cognições sociais”, ressaltou.

A palestrante esclareceu um dos mitos mais ouvidos sobre crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA): o de que elas não interagem nem se comunicam.

“Eu ouço muitos relatos sobre crianças que apresentam dificuldades em comunicação. Mas precisamos prestar atenção na comunicação que não é falada. Crianças com TEA possuem uma sutileza na forma de não comunicar, o que muitas vezes surpreende quem está em volta quando surge o diagnóstico de autismo” afirmou a médica.


Mães relatam experiências

O Ciclo de Palestras da AMRIGS ainda contou com duas participações especiais. Duas mães relataram seus casos com filhos atípicos, emocionando os participantes e encorajando familiares que estão em busca do diagnóstico para TEA. A primeira a contar sua experiência foi a jornalista e apresentadora, Shana Müller, mãe do Francisco, de 3 anos, diagnosticado com autismo, e de outros dois filhos, Gonçalo, de 6 anos, e Mercedes, de 2.

Shana iniciou sua participação lendo o conto Bem-vindo à Holanda, de Emily Kingsley, que fala sobre a expectativa da família quando nasce um bebê e o sentimento de frustração que um diagnóstico de TEA pode causar nos pais.

“É uma situação difícil e vivemos um luto de expectativas com os nossos filhos. Cada um tem uma maneira de lidar e aqui em casa eu e meu marido tivemos momentos e formas diferentes para entender. Hoje o Francisco tem quase quatro anos e nós fomos aprendendo a aprofundar essa vivência. Cada fase dele vai abrindo nossos olhos para diferentes quadros que o autismo nos traz”, afirmou.

Para a jornalista, uma das preocupações com o Francisco é sobre a educação escolar que ele vai ter, resumindo uma angústia de todos os pais atípicos.

“Com o passar dos anos, começamos a nos preocupar em como vai ser a educação deste filho na escola. Estes espaços estão, de fato, preparados para a inclusão? Na rede pública e na rede privada, temos professores e escolas preparados para alfabetizar essas crianças? Numa sociedade em que mostra um caso para cada 36 crianças, urge que o poder público e a comunidade prestem atenção para questões de diversidade e inclusão”, destacou.

Médica clínica geral, Ana Brandão é mãe da Gabriela, de treze anos e diagnosticada com TEA. Brandão contou um pouco da sua experiência durante o evento.

“Nós também passamos pelo choque do diagnóstico quando a Gabriela tinha dois anos de idade. Meu pai já tinha me alertado sobre o desenvolvimento dela, mas eu não percebia assim, pois acreditava que ela interagia comigo. Quando o atraso no desenvolvimento ficou evidente, corri atrás e entendi a situação. Foi o começo de uma nova trajetória de vida com aprendizados e desafios”, salientou.

A médica aconselhou pais e mães de crianças atípicas para que aprendam sobre TEA, porém, sem deixar de lado as especificidades dos filhos.

“Se eu puder deixar uma dica importante é: aprenda sobre autismo, veja palestras, converse com pessoas que também tenham casos de TEA na família. Não precisa ser expert sobre isso. Você precisa ser expert sobre seu filho. Precisa saber o que pode fazer com que ele desorganize. Entender o limite do seu filho para que não desorganize no dia a dia. Tentar mil abordagens diferentes e saber que a maioria pode falhar, mas que alguma tentativa vai funcionar”, falou. A clínica geral finalizou sua palestra com uma participação da Gabriela, que conversou com a mamãe em frente às câmeras.


Ciclo de Palestras AMRIGS

O diretor Científico da AMRIGS, Guilherme Napp, abriu o evento desta terça-feira (11/04) ressaltando que o Ciclo de Palestras é uma forma de aproximar a população a temas médicos, de forma menos acadêmica.

O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta cerca de 1 em cada 36 crianças nos Estados Unidos e em muitos outros países. Embora tenham sido feitos avanços significativos no diagnóstico e tratamento, ainda existem muitos estereótipos e equívocos associados a esse tema.

“Eu costumo dizer que é um dos meus eventos favoritos da AMRIGS, pois busca aproximar profissionais da saúde com o público geral. Com este evento, tentamos contribuir para a saúde da população de forma leve e compartilhando informações”, afirmou o diretor.

O Ciclo de Palestras: Conscientização e Tratamentos do Transtorno do Espectro Autista (TEA) foi promovido pela AMRIGS e ocorreu em formato online. A primeira edição do ano do evento teve o apoio da Sociedade de Pediatria do RS e da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul.

 

Mariana da Rosa



Hipertensão arterial: uma ameaça silenciosa

Abril é marcado pelo Dia Nacional de Prevenção e Combate à doença 

 

Relatório do Ministério da Saúde mostra que o número de adultos com diagnóstico médico de hipertensão aumentou 3,7% em 15 anos no Brasil. Os índices saíram de 22,6% em 2006 a 26,3% em 2021. Os dados mostram ainda um aumento na prevalência do indicador entre os homens, variando 5,9% para mais.

Já os dados de 2019 da Pesquisa Nacional de Saúde, trazem os Estados com maiores prevalências de diagnóstico médico de hipertensão arterial. São eles: Rio de Janeiro (28,1%), Minas Gerais (27,7%) e Rio Grande do Sul (26,6%).

Para conscientizar e alertar a população sobre o principal fator de risco para as doenças do coração e, que atualmente é a principal causa de óbitos no mundo, celebramos no dia 26 de abril, o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial.

“A hipertensão tem como principal causa os maus hábitos. Além disso, o histórico familiar é um dos primeiros fatores de risco para a doença. Em seguida, vem o avanço da idade, a obesidade e sobrepeso, assim como o sedentarismo, tabagismo, alto consumo de sal, gorduras e açúcares e outras doenças, quando não tratadas”, explica o Dr. Elcio Pires Junior, cirurgião cardiovascular e membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular.

 

Diabetes e obesidade x hipertensão

Duas doenças crônicas que estão fortemente ligadas com a hipertensão e merecem destaque são o diabetes e a obesidade. Vale reforçar que a obesidade é um fator de risco para o desenvolvimento de diabetes e hipertensão.

“Estar acima do peso faz com que o pâncreas trabalhe mais, podendo levar à resistência insulínica, causando o diabetes tipo 2. E tanto o diabetes quanto a obesidade podem causar a hipertensão, o que aumenta as chances do infarto do miocárdio. O paciente que tem diabetes deve sempre estar com a consulta no cardiologista em dia, pois os sinais de infarto podem ser atípicos. Em apenas 30% dos casos de infarto de diabéticos, os pacientes sentem tontura e dificuldades para respirar”, contou o especialista.

 

Pressão alta pode ser assintomática

Em muitos casos, a hipertensão não provoca sintomas claros, mas provoca sérios danos à saúde, sendo algumas das consequências o acidente vascular cerebral, o infarto, o aneurisma arterial e a insuficiência renal e cardíaca.

A pressão acima de 140/90 mmHg (ou 14 por 9) faz com que o coração tenha que exercer um esforço maior do que o normal para fazer com que o sangue seja distribuído corretamente no corpo.

"A melhor maneira de se prevenir contra a hipertensão é mantendo bons hábitos para se afastar dos fatores de risco e estar com o check-up em dia. E, caso você já tenha sido diagnosticado com esta doença, o tratamento medicamentoso aliado com boas práticas é essencial para manter a saúde do hipertenso", finaliza o especialista. 

 

Dr. Elcio Pires Junior - coordenador da cirurgia cardiovascular do Hospital e Maternidade Sino Brasileiro - Rede D'or - Osasco, e coordenador da cirurgia cardiovascular do Hospital Bom Clima de Guarulhos. É membro especialista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular e membro internacional da The Society of Thoracic Surgeons dos EUA. Especialista em Cirurgia Endovascular e Angiorradiologia pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. E atualmente é cirurgião cardiovascular pela equipe do Dr. André Franchini no Hospital Madre Theodora de Campinas.
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“Não precisamos ser reféns dos nossos genes, há alternativas” Afirma especialista sobre condições genéticas

Geneticista Susana Massarani explica que a expressão dos genes é de enorme importância e pode ser influenciada por inúmeros fatores 

 

As doenças hereditárias são o grande pesadelo de muitas pessoas que acreditam serem reféns de “sentenças genéticas” por possuírem parentes com certas doenças, no entanto, essa pode não ser uma verdade.

 

Epigenética e seu papel na saúde

De acordo com a geneticista e bióloga molecular, Susana Massarani, a epigenética enfraquece a máxima de que “somos o que comemos”. 

A epigenética é a responsável por analisar como o ambiente, os comportamentos e hábitos influenciam a expressão gênica, ou seja, você pode até ter genes potencialmente perigosos para o desenvolvimento de certas doenças, mas seu estilo de vida pode contribuir para que eles se mantenham ‘adormecidos’” Explica. 

Isso joga por água abaixo a antiga máxima que dizia ‘somos o que comemos’, não somos só o que comemos apesar de a alimentação ser de suma importância para nossa saúde, todos os fatores do ambiente onde vivemos tais como o local, a temperatura, a pressão, exposição solar, com quem vivemos e trabalhamos, com o que trabalhamos entre outros, têm influência sobre a expressão do nosso DNA” Afirma Susana Massarani.

 

O que pode influenciar na expressão dos nossos genes?

“Diversos aspectos influenciam na expressão do nosso DNA, a prática de atividades físicas, alimentação adequada, qualidade da água, qualidade do ar, qualidade do sono, manter o cérebro ativo, entre outros” Explica Afirma Susana Massarani. 

De acordo com o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, Pós PhD em neurociências, biólogo e aluno de genômica de Susana Massarani, manter o cérebro ativo é fundamental para prevenir doenças neurodegenerativas, mesmo que já haja casos na família manter o cérebro ativo, se alimentar apropriadamente com base na informação genética e exercitar-se é fundamental para evitar certas doenças. 

A epigenética é uma abordagem relativamente nova, assim como o conceito de neuroplasticidade, que explica como o cérebro se adapta e é capaz de criar novas sinapses, mostrando como nosso corpo não nasce fadado a um destino”. 

Os exercícios mentais ajudam a manter o cérebro ativo e em constante evolução, criação de novas sinapses e fortalecimento de aspectos importantes como memória e cognição, já é cientificamente comprovado que isso ajuda a prevenir doenças neurodegenerativas, claro, ter casos na sua família é um fator de risco, mas nem de longe é uma sentença” Afirma Dr. Fabiano de Abreu. 

 

Susana Massarani - geneticista, bióloga molecular e microbiologista, atua na primeira clínica digital do Brasil, Clínica DNA Massarani, Membro Científico e Palestrante do Instituto de Nutrição Cérebro Coração INCCOR-RJ e pós-graduada em prescrição clínica com foco em Nutrigenética e Nutrigenômica.


Receitaram ‘modulação hormonal’ para você? Corra, pois não há evidência científica!

Endocrinologista alerta para prescrições indevidas de hormônios 

 

“Modulação hormonal não é algo praticado, reconhecido ou recomendado por qualquer instituição médica do planeta que se preze. Este nome é dado a uma prática não reconhecida pelas sociedades médicas onde o prescritor tenta atingir níveis arbitrários de hormônios no corpo do seu paciente, com objetivos estéticos e, teoricamente, de saúde”, alerta Dr. Júlio Américo Pereira Batatinha, endocrinologista membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo.

 

Nesta semana, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou resolução (leia aqui) proibindo a prescrição de esteroides androgênicos e anabolizantes seja para fins estéticos, ganho de massa muscular e de performance esportiva.

 

Conceitualmente, a terapia hormonal é um termo genérico que serve para designar as terapias onde, por uma deficiência hormonal ou em uma terapia afirmativa, se emprega o uso de hormônios, mais especificamente os hormônios sexuais: andrógenos, estrógenos e progestágenos. “Isso porque há diversas terapias em que se utiliza corretamente os hormônios, como diabetes e insulina, deficiência de hormônio de crescimento e uso do próprio hormônio do crescimento, mas que não chamamos, popularmente, de terapia hormonal”, explica Dr. Júlio.

 

Ele conta ainda que essas terapias com esteroides sexuais são comuns em pessoas com deficiências hormonais (homens ao longo da vida ou mulheres antes da menopausa), em mulheres pós-menopausa com os fogachos, em pessoas trans para a hormonioterapia cruzada, para a afirmação de gênero e diminuição de disforias associadas à ansiedade, depressão, entre outras.

 

“Quando nós pensamos na história da Medicina, principalmente atual, vemos um movimento científico crucial para a nossa prática que se chama Medicina baseada em evidência: o médico deve usar as melhores evidências disponíveis, por meio de estudos científicos, para guiar sua prática. Isso protege os pacientes de eventos adversos, desfechos ruins e aumenta a probabilidade de que um tratamento seja efetivo e tenha sucesso. Qualquer prática da área da Saúde que ignore a medicina baseada em evidência, é considerada má prática. É o caso de quem indica a terapia ou ‘modulação’ hormonal de forma arbitrária para fins estéticos ou de performance, pois não existem estudos que mostram essa prática como segura ou eficaz”, explica o endocrinologista.

 

Entre os riscos para saúde do uso indevido de hormônios, estão: aterosclerose, trombose, vasoespasmo, cardiotoxicidade. “Há, por exemplo, aumento de placas ateroscleróticas nas coronárias, artérias do coração. Majoritariamente um paciente jovem não terá um infarto, mas décadas após ter feito o abuso de anabolizantes sim. E muitos não correlacionam o infarto que tiveram agora com o abuso de anabolizantes no passado”.

 

Somam-se aos riscos: hepatotoxicidade com risco de tumores hepáticos, insuficiência hepática, necessidade de transplante, infecções no local de aplicação, problemas osteomusculares, infertilidade e riscos de disfunção sexual, disfunção erétil e diminuição da libido, piora da qualidade de vida (depressão, letargia, menor potência muscular), acne e ginecomastia.

 

“Nas mulheres pode acontecer atrofia das mamas, distúrbios menstruais e infertilidade além do hirsutismo, engrossamento da voz, alopecia e aumento de clitóris. No homem, é comum episódios de agressividade”, pontua o médico.

 

No corpo humano há um refinado sistema de regulação e contra-regulação dos níveis hormonais. Embora dois homens possam ter níveis diferentes de testosterona, ambos estarão saudáveis, pois para cada corpo existe um valor que, naquele momento e naquela condição, é saudável.

 

“Sempre que utilizarmos doses acima do que o corpo regulou como necessário, haverá superdosagem e, consequentemente, risco dos malefícios já descritos”, finaliza o médico.

 

Movimento para regulamentação - No final de março, 5 entidades médicas, entre elas a SBEM, pediram em carta conjunta ao Conselho Federal de Medicina a regulamentação sobre o uso de esteroides anabolizantes e similares para fins estéticos e de performance. Isso porque tem sido observado nos consultórios um número crescente de complicações advindas do uso indevido de hormônios. E muito disso é a apologia ao seu uso feita nas redes sociais, transmitindo um falso conhecimento e segurança na sua prescrição, colocando em risco a saúde da população. 

Em 11/04/2023, o CFM divulgou Resolução CFM Nº 2.333 proibindo a prescrição de esteroides androgênicos e anabolizantes seja para fins estéticos, ganho de massa muscular e de performance esportiva.

  

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Lipedema: qual médico devo procurar?

Instituto Lipedema Brasil e ONG Movimento Lipedema
Uma das principais confusões para quem tem a doença é qual a melhor especialidade médica para diagnosticar corretamente e iniciar o tratamento

 

 

Tenho Lipedema, e agora? Segundo o Instituto Lipedema Brasil, o primeiro centro de referência da doença no país, é importante que a mulher encontre um médico que faça a orientação correta sobre qual tratamento é adequado para o estágio da doença em que ela se encontra. O problema é que, atualmente, no Brasil, há poucos especialistas em Lipedema e não há uma área especifica na medicina que trate a doença. Então, como fazer? Quem procurar?

 

“Outro grande problema é que os médicos, por falta de conhecimento – mesmo a doença tendo CID 11 desde janeiro de 2022, acabam confundindo o Lipedema com outras doenças, especialmente, com obesidade ou linfedema, que são completamente diferentes. Isto dificulta o início rápido do tratamento para a mulher, pois ela vai de médico em médico e cada um diz uma coisa. É bem frustrante”, comenta o diretor do Instituto Lipedema Brasil e um dos pioneiros no tratamento do Lipedema no país, dr. Fábio Kamamoto.

 

A importância do tratamento multiespecialidade - A recomendação do Instituto é que a mulher deve procurar estar cercada de uma equipe multidisciplinar para o tratamento clínico como nutricionistas (para ajudar na alimentação anti-inflamatória), endocrinologistas (para ajudar na questão hormonal), vasculares (para cuidar de outros possíveis acúmulos e inchaços, vasos e veias etc), fisioterapeutas (para ajudar na locomoção), e cirurgiões plásticos (para a lipoaspiração), caso opte pelo tratamento cirúrgico.

 

“O tratamento clínico multiespecialidade para as mulheres com Lipedema significa acolhimento para elas, pois cada um acaba por colaborar e oferecer melhor qualidade de vida para esta paciente. O Lipedema pode ser bastante limitante fisicamente, principalmente, em certos estágios, e chega inclusive a afetar a saúde mental”, diz dr. Kamamoto.

 

 

Trocando em miúdos...

 

Instituto Lipedema Brasil e ONG Movimento Lipedema

Instituto Lipedema Brasil e ONG Movimento Lipedema


Linfedema ou Lipedema?

 

Lipo significa gordura e Edema significa inchaço. O Linfedema é o acúmulo de líquido nos tecidos que resulta em um inchaço. É unilateral, inclui o pé, é assimétrico. Já o Lipedema é o acúmulo de gordura em partes específicas do corpo como braços, pernas e quadris. É simétrico e não inclui o pé. "Pode apresentar garrote no tornozelo, não “some” com exercício físico ou dieta", comenta o cirurgião vascular do Instituto Lipedema Brasil, dr. Vitor Gornati.

 

Lipedema ou Obesidade?

 

Existe diferença entre a gordura da obesidade e a gordura do Lipedema? Sim. A gordura da obesidade se perde com dieta e exercícios físicos. A gordura do Lipedema é doente, não “sai” sozinha, é preciso tratar clínica e cirurgicamente. Trata-se de uma doença do tecido adiposo, ou seja, uma doença da gordura. A sua inflamação leva à fibrose que, por consequência, leva aos edemas (inchaços), característicos da síndrome. Durante muito tempo, o Lipedema foi uma doença subdiagnosticada por médicos e pela sociedade. “Era mais fácil dizer à mulher que ela estava com obesidade do que orientá-la com ajuda e informação”, diz o endocrinologista do Instituto Lipedema Brasil, dr. André Faria.

 

 



Instituto Lipedema Brasil

O Instituto Lipedema Brasil (www.institutolipedemabrasil.com.br) é o primeiro centro de referência de Lipedema no país, criado para compartilhar informações, apresentar a doença para a sociedade e mobilizar milhões de mulheres. É o primeiro no país a dedicar estudos, pesquisas e ensino à população e aos profissionais de saúde. Criado e dirigido pelo dr. Fábio Kamamoto desde 2021, o Instituto Lipedema Brasil foi pensado para unir três pilares importantes dessa mudança: Transformação social, Educação e Pesquisa. Por meio de uma campanha no Youtube e no Instagram, o Instituto luta pela democratização do acesso ao tratamento da doença no país, como já acontece em outros países como os Estados Unidos. Atualmente, a campanha conta com mais de 23 mil assinaturas.


DR. FÁBIO KAMAMOTO – Diretor do Instituto Lipedema Brasil e idealizador da ONG Movimento Lipedema (https://movimentolipedema.org). Graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, especialista em Cirurgia Plástica pelo Hospital das Clínicas da FMUSP, com mestrado e doutorado pela USP e membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. É um dos poucos especialistas no tratamento cirúrgico do Lipedema no Brasil.


O que podemos aprender com o filme ‘A Baleia’: endocrinologista comenta


Reforço do estereótipo ou uma forma de conscientização? As opiniões divergem quando se trata do filme ‘A Baleia’. Para a endocrinologista Dra. Lorena Lima Amato a obra é positiva, já que mostra outros vários problemas associados à doença e que não é apenas a “força de vontade” do paciente capaz de curá-lo.  

 

O filme retrata uma pessoa com obesidade mórbida, o que não é comum na maioria dos casos, segundo Dra. Lorena. Porém, para ela, é importante mostrar que pessoas nessa situação têm transtornos psiquiátricos associados, como compulsão alimentar e depressão, e, para estes casos, o tratamento deve contar com uma equipe multidisciplinar.

 

Estudos apontam que um bilhão de pessoas em todo o mundo - incluindo 1 em cada 5 mulheres e 1 em cada 7 homens - viverão com obesidade até 2030.

 

“A história tem potencial para desenvolver empatia, mostrar que é uma situação complexa e que envolve muitos fatores, e tirar a ideia errônea de que a pessoa com obesidade é preguiçosa. Não é só força de vontade que pode mudar a situação, é uma doença e precisa ser encarada como tal. O filme traz isso com muita clareza”, reforça a endocrinologista.

 

A obesidade é uma condição multifatorial e precisa de acompanhamento do endocrinologista, psicólogo/psiquiatra e preparador físico. Já pacientes com indicação para cirurgia bariátrica ainda precisarão do gastroenterologista e cirurgião plástico. A cura da obesidade não depende da força de vontade da pessoa.

 

Para Dra. Lorena, o poder público pode trabalhar para reverter o estereótipo sobre a gordofobia, com campanhas de conscientização e informação de qualidade e objetiva.

 

“Mas eu acredito que precisamos agir antes da doença se instalar, ou seja, na prevenção da obesidade. É preciso fazer um trabalho intenso com a população sobre a importância da alimentação mais saudável e menos industrializada, aliada a trinta minutos de atividade física por dia – uma caminhada já traz benefícios. A adoção dessas medidas já pode mudar a saúde e a rotina de qualquer pessoa”, comenta Dra. Lorena.

 

Por parte da indústria alimentícia, a endocrinologista ressalta a importância de se dedicaram aos rótulos dos alimentos, disponibilizando leitura fácil e compreensiva para que o consumidor possa saber o que está comprando. Nos Estados Unidos, as embalagens dos alimentos estampam nitidamente o percentual de açúcares e gordura saturada presentes no produto.   



Dra. Lorena Lima Amato - A especialista é endocrinologista pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), com título da Sociedade Brasileira de Endocrinologia (SBEM), endocrinopediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria e doutora pela USP.
https://endocrino.com/ e www.amato.com.br
https://www.instagram.com/dra.lorenaendocrino/


Nova "moda" nas redes sociais de ensinar a estalar a coluna: ortopedista tira dúvidas sobre prática

Você já viu algum vídeo de uma pessoa estalando a coluna? As gravações são cada vez mais comuns nas redes sociais.


O médico ortopedista Dr. Luiz Felipe Carvalho explicou que de maneira geral, na maioria dos casos, não há problema em estalar as costas às vezes, porém o ideal é não colocar isso como rotina.

Conforme o médico, as lesões não são tão comuns ao estalar as articulações. No entanto, não é o recomendado a se fazer.

“Não é tão comum, mas dá para se machucar quando utilizada muita força ou pressão ou então quando há alta frequência”, disse.

Porém, conforme o médico, a longo prazo a atitude pode causar um desgaste nas articulações, causando tensão, edema e até mesmo uma pequena lesão nas cartilagens articulares da coluna.

“Fazer do estalo uma mania, instalando várias vezes não é a opção mais saudável em longo prazo”, disse.

Por fim, o médico lembrou a importância do alongamento, exercício físico e boa alimentação. “Com esses hábitos se faz uma boa manutenção da saúde como um todo”, finalizou.


Atenção aos efeitos do excesso de açúcar no seu corpo

Unsplash
Pense em açúcar. Agora, em algo muito doce. Naquele item do menu do seu restaurante favorito que você tem certeza de que vai se transformar em glicose assim que entrar no seu organismo. 

A primeira imagem que surgiu na sua mente foi de pequenos grãos cristalizados? Na sequência, você visualizou um petit gateau? Talvez um suspiro, brigadeiro ou pão de mel? 

Na contramão do que permeia o inconsciente coletivo, o açúcar se camufla de maneiras distintas na dieta ocidental. E isso vai além da presença – disfarçada em letras pequenas – na fórmula de alimentos industrializados.

Dos pratos clássicos da cozinha internacional ao banquete de fim de ano na casa da sua avó, grande parte das receitas salgadas também interferem diretamente nos níveis de glicose. Isso acontece porque cem por cento dos carboidratos vira açúcar. 

Massas, pães, biscoitos, arroz e até os cereais ingeridos durante as refeições são rapidamente convertidos em glicose. Aí, a reação imediata do organismo é acionar  o pâncreas, que aumenta a produção de insulina. O hormônio assume a responsabilidade de metabolizar e transformar o açúcar em energia. 


Do cérebro ao intestino

O consumo excessivo de açúcares afeta o corpo inteiro, da performance mental à microbiota do intestino.

No cérebro, os reflexos estão na aprendizagem e na memória. Isso porque a resistência à insulina, desencadeada pela sobrecarga no pâncreas, prejudica a comunicação entre as células cerebrais. 

Um estudo *(B) desenvolvido pela Universidade da Califórnia revelou que consumir muita frutose bloqueia a capacidade da insulina de regular como as células usam e armazenam o açúcar para a energia necessária no processamento de pensamentos e emoções.

Já no sistema digestivo, o resultado da sobrecarga de glicose é a alteração da permeabilidade intestinal, que leva às inflamações – muitas vezes, crônicas.

“Quando a gente fala de inflamação, a gente entende aquele corte que tem rubor, que tem dor e não é isso que acontece. É uma inflamação silenciosa ao longo dos anos”, explica a nutricionista e professora do Puravida Prime, Alessandra Feltre. 

Pesquisadores do Korea Food Research Institute realizaram experimentos*(C) em camundongos e concluíram que o excesso de açúcar também está diretamente ligado à endotoxemia metabólica, gordura no fígado e obesidade.


Momentos críticos

Descendente de italianos e gregos, a pesquisadora em saúde Bruna Fabris mantém as memórias afetivas vivas no prato. Adepta do estilo de vida saudável, Bruna aprendeu – na prática, com uma dose extra de informação aliada à auto observação – como dosar as porções de massa, que sempre vêm acompanhadas de uma proteína, responsável pelos nutrientes e sensação prolongada de saciedade.

Para a pesquisadora, outra descoberta fundamental para a manutenção da dieta equilibrada é a identificação do que ela chama de momentos críticos. Como quando, depois de um dia estressante, em meio ao cansaço extremo, surge o desejo por doce como uma espécie de compensação pela carga mental envolvida na rotina. 

“Qualquer pessoa pode treinar o seu foco. Quando a gente faz a escolha e a gente muda a mentalidade do foco, no sentido de “eu vou escolher o que é melhor para mim”, é diferente de “eu vou me privar de um doce, porque eu não posso comer o chocolate”. Eu estou escolhendo o que é melhor para mim”, resume.


Fome emocional

O doce pelo doce pode ser o reflexo do que os especialistas classificam como fome emocional, que é o impulso de comer motivado por emoções como a tristeza, frustração e ansiedade. 

Segundo a nutricionista e também professora do Puravida Prime Roberta Carbonari, uma forma de escapar dessa armadilha é parar e olhar para o que você está sentindo e, depois de reconhecer se a fome é fisiológica ou motivada por um gatilho emocional, agir de maneira racional. 

“Se você está cansada, merece descanso. Se você está irritada, merece paz. E não substituir. É importante a gente sentar com esses sentimentos. O que eu estou sentindo aqui, na verdade, não é vontade de brigadeiro, não é vontade com nome, sobrenome. Se eu estou sentindo cansaço que resolve, o meu cansaço é descansar”, define.


Planejar, planejar e planejar

Para não entrar no labirinto das más escolhas, a dica da professora do Puravida Prime, Alessandra Feltre, é buscar na sua geladeira ou despensa os alimentos que você gosta e que geram saciedade. Para isso, a sugestão começa um passo antes, no momento da compra dos ingredientes e alimentos. 

  • Seja seletivo no supermercado;
  • Compre frutas frescas, vegetais e legumes;
  • Deixe tudo limpo e semi-pronto para consumo;
  • Invista em refeições completas, em que haja, pelo menos, uma fonte de proteína; 
  • Não espere para preparar sua refeição quando estiver com fome; 
  • Lembre do que levou você a escolher um estilo de vida saudável.


Bom lembrar

Apesar do impacto negativo do excesso de açúcar no organismo, os doces não estão vetados da dieta. Muito pelo contrário: a restrição é que deve ser evitada. “Os pães e massas podem, sim, estar presentes de uma forma adequada e equilibrada, sem que a gente tenha essa restrição exagerada, extrema. Conseguir saborear de tudo um pouco ajuda a manter um equilíbrio metabólico, sempre muito importante. Isso também gera uma saciedade mental”, recomenda Alessandra Feltre. 

  

Puravida


Treino de resistência melhora secreção de insulina e pode beneficiar paciente com diabetes, aponta estudo

 

Pesquisadores da Unicamp estudaram os efeitos do exercício de força nas células beta do pâncreas de ratos e em camundongos. Resultados indicam que a intervenção preveniu disfunção e morte celular, abrindo caminho para a busca de novos alvos terapêuticos e para a prescrição mais eficaz de atividade física (foto: Gabriela Alves Bronczek/Unicamp)

 

Estudo conduzido na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) indica que a prática regular de exercícios resistidos, como musculação ou treinamento funcional, pode ser tão benéfica para o controle glicêmico quanto a de atividades aeróbicas, a exemplo da corrida ou da natação. Os resultados da investigação foram divulgados no International Journal of Molecular Sciences.

“Nos últimos anos, os benefícios da atividade física para o organismo como um todo têm sido associados à liberação de moléculas chamadas miocinas na corrente sanguínea. E a maioria dos estudos utiliza exercícios aeróbios como referência”, contextualiza Gabriela Alves Bronczek, primeira autora do trabalho, conduzido durante seu doutorado no Programa de Pós-Graduação em Biologia Funcional e Molecular da Unicamp.

“Como já é sabido que diferentes modalidades ativam vias distintas, levando à liberação de moléculas específicas, pensamos que talvez o treino resistido, mais relacionado à musculação, poderia apresentar efeito diferente ou liberar moléculas diferentes. Daí a ideia de investigar sua ação sobre as células beta pancreáticas, que são responsáveis por secretar insulina.”

Para isso, durante o estudo, que contou com apoio da FAPESP por meio de dois projetos (18/15032-9 e 18/05979-9), células beta de ratos foram tratadas com o soro sanguíneo de animais da mesma espécie que praticaram treinamento de força, que consistia em subir uma escada de aproximadamente um metro de altura com carga acoplada à cauda. Foram oito escaladas por seção, variando entre 50%, 75%, 90% e 100% de carga máxima, cinco dias por semana durante dez semanas. Em seguida, as células foram submetidas, in vitro, a um coquetel de citocinas pró-inflamatórias para induzir uma condição semelhante à da diabetes tipo 1. Resultado: o tratamento preveniu tanto a disfunção quanto a morte celular.

O passo seguinte foi trabalhar com um modelo animal de diabetes tipo 1. Para induzir a doença em camundongos, foram administradas aos animais doses baixas de estreptozotocina, droga que destrói especificamente as células beta do pâncreas.

Depois de dez semanas de treinamento resistido, os roedores apresentaram melhora na tolerância à glicose e redução da glicemia. Em uma avaliação da morfologia do pâncreas, observou-se aumento na massa de células beta. Isso comprovou que o exercício de força faz com que as células se tornem mais eficientes em secretar insulina em resposta ao estímulo de glicose.

“Isso nos leva a acreditar que moléculas liberadas durante o exercício resistido podem melhorar o funcionamento da célula beta e proporcionar todos esses benefícios”, diz Bronczek.

Estudo anterior do grupo, publicado em 2021 na revista Scientific Reports, já havia avaliado o efeito do exercício resistido em células beta de animais saudáveis e observado os mesmos efeitos.


Próximos passos

“Diante da pandemia de obesidade no mundo e da piora nos hábitos alimentares da grande maioria da população, a prática de atividade física é extremamente importante”, comenta Antonio Carlos Boschiero, professor titular da Unicamp e orientador de Bronczek. “Entender os benefícios do exercício resistido abre ainda mais portas, já que ele pode ser feito, por exemplo, a partir de uma cadeira de rodas”, acrescenta.

Para seguir na linha de estudo, Bronczek pretende focar seus estudos de pós-doutorado na análise do soro sanguíneo dos animais. O objetivo é identificar uma ou mais moléculas que possam ser realmente as responsáveis por mediar todos os efeitos benéficos observados.

“Se conseguirmos chegar a esse ponto, pode ser um primeiro passo na busca de um potencial alvo terapêutico”, acredita Bronczek. “Essa molécula poderia ser sintetizada ou isolada e utilizada em pacientes com diabetes tipo 1.”

Outro desdobramento importante seria a recomendação mais embasada de exercícios resistidos como forma de contribuir para a manutenção glicêmica de pacientes diabéticos. “Isso porque passaremos a entender melhor como esse tipo de atividade funciona, sua fisiologia e como ela impacta na homeostase glicêmica.”

O artigo Resistance Training Improves Beta Cell Glucose Sensing and Survival in Diabetic Models pode ser lido em: www.mdpi.com/1422-0067/23/16/9427.


Julia Moióli
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/treino-de-resistencia-melhora-secrecao-de-insulina-e-pode-beneficiar-paciente-com-diabetes-aponta-estudo/41110/

Ansiedade e a depressão são as principais causas de dificuldade para dormir dos brasileiros aponta pesquisa

 No país, 38% dos entrevistados nunca procuraram ajuda para problemas de sono

 

Uma pesquisa recente em mais de dez países com mais de 20.000 indivíduos feita pela ResMed em janeiro de 2023 (Allison+Partners Performance+Intelligence ResMed Global Sleep Survey) trouxe alguns fatos interessantes sobre hábitos e condições de sono. A pesquisa faz parte de uma campanha global chamada “Desperte o seu melhor” cujo objetivo é trazer dados e discussões sobre a importância da saúde do sono. As pessoas podem verificar a presença de possíveis fatores de risco e sintomas comuns para apneia do sono fazendo um teste em www.resmed.com.br/desperteoseumelhor e ter acesso a dicas e ferramentas para se informar sobre a saúde do seu sono.

A relação entre sono e comportamento foi destacada pela pesquisa, já que os indivíduos dizem que, quando têm uma boa noite de sono, possuem maior probabilidade de serem mais produtivos no trabalho (47%), mais pacientes com os outros (41%) e mais alertas/atentos (37%). Os brasileiros seguem essa tendência com 56% relatando serem mais produtivos, 52% mais pacientes e 39% mais alertas.

Os dados mostraram que a ansiedade e a depressão são as mais comumente listadas como responsáveis por manter os indivíduos acordados à noite entre os consumidores brasileiros e americanos (46% e 45%, respectivamente) - este também é o caso da geração Z e da geração Milenium (34% e 35 %). Além disso, o estresse tem afetado muito o sono de indivíduos desde a COVID-19 no Brasil e nos EUA, sendo os mais propensos a dizer isso (23% e 24%, respectivamente).

A pesquisa também indicou que uma condição de saúde pode estar ligada à qualidade do sono, já que 81% dos entrevistados relatam ter um ou mais dos sintomas de apneia obstrutiva do sono. Quase um quarto das pessoas que experimentaram pelo menos um sintoma da apneia do sono já foram   com apneia do sono, mas não estão em tratamento específico para a doença. Ou então, acreditam que sofrem desta condição, mas não foram diagnosticadas ou receberam tratamento para seus sintomas (22%). Aqueles no Brasil e na Índia são os mais propensos a dizer isso (28% e 27%, respectivamente), junto com a geração Milenium (25%) e homens/pessoas não binárias (25%).

Um terço (33%) dos entrevistados afirmam que não foram testados para apneia do sono ou procuraram ajuda médica para outras condições de sono porque acreditam que não têm problemas relacionados ao sono. No Brasil, 38% nunca procuraram ajuda para problemas de sono. Aqueles que foram para apneia do sono, ou estão interessados em ser testados, na maioria das vezes dizem ter dificuldades para iniciar (34%), preocupações com o custo do tratamento (31%) e receio de potenciais resultados (27%) são barreiras para procurar tratamento. No Brasil a maior preocupação é o custo (38%), seguido de dúvidas ou dificuldades para começar (25%) e 22% têm temor dos resultados.

 

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