Eficaz no
tratamento de doenças metabólicas, estratégia pode ser escolhida também por
quem deseja emagrecer devido a sua flexibilidade, conveniência e simplicidade
Os benefícios à saúde causados pela prática do
jejum intermitente já foram mostrados em diversos estudos clínicos randomizados
e metanálises. De acordo com o médico, diretor-presidente da Associação
Brasileira Low Carb (ABLC), José Carlos Souto, uma das mais importantes
pesquisas sobre o tema foi realizada pelo biólogo e pesquisador italiano, Dr,
Valter Longo.
Em experimentos com leveduras e roedores, o
cientista descobriu que a prática de jejum melhorou a resistência ao stress e
aumentou do tempo de vida destes seres vivos. Especificamente nos roedores,
Longo observou que o jejum foi responsável pela diminuição da gordura corporal,
do risco do desenvolvimento de câncer e de doenças inflamatórias, e também pela
elevação da capacidade cognitiva.
Ao testar o jejum intermitente em voluntários
humanos, o pesquisador italiano detectou que os biomarcadores de saúde
melhoraram no sentido de aparentemente reduzir o diabetes, doenças
cardiovasculares e o risco do desenvolvimento do câncer. Além disso, a prática
foi responsável por melhorar os biomarcadores associados ao envelhecimento.
No final de 2019, uma revisão de estudos sobre o
tema publicada no New England Journal of Medicine, o mais prestigioso período
médico do mundo, corroborou os benefícios do jejum intermitente à saúde humana.
Conforme Souto, isso trouxe ainda mais prestígio à prática, a fim de que ela
possa também ser adotada pela medicina convencional como medida visando ao
tratamento da obesidade e das demais doenças atreladas à condição, como
síndrome metabólica, diabetes, inflamação crônica etc.
Benefícios práticos do jejum intermitente
Somada à eficácia no tratamento de doenças
metabólicas associadas à obesidade, diversos outros benefícios práticos fazem
do jejum intermitente uma das melhores práticas para quem deseja emagrecer com
rapidez, facilidade e saúde. “Nesse sentindo, a grande vantagem do jejum é
tratar-se de uma estratégia alimentar extremamente flexível”, afirma o
diretor-presidente da ABLC.
Deve-se levar em conta que a prática de jejum
intermitente se caracteriza por deixar de comer durante determinados períodos
do dia. Não se trata de jejuar sempre, o que fatalmente levará a inanição”,
explica Souto. Assim, a flexibilidade da estratégia revela-se na frequência e
quantidade de intervalos sem ingestão de alimentos. É possível jejuar mais ou
menos durante as semanas. É possível também diminuir os horários sem comer. “Se
a pessoa não estiver se sentindo bem, basta interromper o processo e ingerir
algum alimento”, destaca.
Não obstante a flexibilidade permitida pela estratégia,
o diretor-presidente da ABLC recomenda reduzir a janela de alimentação (o
período em que se deve comer) para cerca de 8 horas - pelo menos alguns dias
por semana. Isso significaria a pessoa deixar de fazer uma refeição por dia, em
geral o café da manhã ou a janta. “Alguns estudos, inclusive, sugerem que há
benefício adicional se a refeição pulada for a janta”, diz.
Conforme Souto, outro atrativo do jejum
intermitente é a sua simplicidade. Enquanto diversas dietas estabelecem regras
muitas vezes complicadas a respeito de quais alimentos são permitidos ou quais
alimentos estão proibidos, nesta prática é preciso lembrar-se de uma única
orientação: não comer nada durante o período do jejum. Destacando que a
ingestão de bebidas como água, chá de ervas, café sem açúcar, de uma sopa de
legumes filtrada e até de uma limonada, não significa a interrupção do jejum.
A conveniência também conta como um ponto a favor
do jejum intermitente. “Pode ser praticado em qualquer lugar”, destaca Souto.
Por ser definido como o ato de não comer, o jejum não estabelece uma relação de
dependência com os alimentos que se tem à disposição. Se a pessoa estiver em um
local onde não é possível realizar a dieta programada, ela pode fazer o jejum
mesmo assim e não comprometer o processo de emagrecimento.
Além disso, o jejum é conveniente porque propicia
economizar tempo. Muitas pessoas precisam fazer sua refeição rapidamente, em
razão de uma vida atribulada, cheia de compromissos. Para estas, manter uma
dieta saudável torna-se extremamente complicado, ainda mais quando se tem à mão
uma alimentação rápida e sedutora, como o fast food. Nesse sentido, o jejum é
uma ótima opção, já que evita despender tempo comprando, preparando, cozinhando
os alimentos e ainda lavando a louça depois.
A praticidade do jejum intermitente reside também
no fato de que pode ser realizado paralelamente a qualquer dieta. Contudo,
estratégias alimentares com restrição calórica podem não funcionar no jejum,
afinal quem as pratica costuma ter sua fome aumentada. Nesse sentido, Souto
recomenda a dieta com restrição de carboidratos, que prioriza a ingestão de
gorduras e proteínas para controle da saciedade. “Uma das qualidades da low
carb é a grande redução da fome. Assim, quem faz low carb leva vantagem em
adotar a estratégia do jejum intermitente sobre quem não faz”, enfatiza.
É preponderante ainda para aderir à estratégia do
jejum intermitente a economia financeira. “O jejum não apenas não é caro, pelo
contrário, é obviamente econômico, pois não tem custo algum”, destaca o
diretor-presidente da ABLC. Isso faz com que a estratégia alimentar consiga ser
difundida a um maior número de pessoas.
Embora o jejum seja benéfico ao tratamento de
transtornos metabólicos, Souto destaca que pacientes diabéticos que estiverem
usando medicação que reduz a glicose – como a insulina injetável - precisam de
alguns cuidados, caso queiram adotar a prática. “Esses pacientes podem ter uma
hipoglicemia grave”, explica. Por isso, de acordo com o diretor-presidente da
ABLC, necessitam de acompanhamento médico para que os medicamentos sejam
reduzidos ou até eliminados durante o processo.
É importante salientar que nos casos em que a
pessoa possua algum tipo de transtorno alimentar, a estratégia pode se tornar
inadequada. Consulte sempre seu médico ou nutricionista.