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sábado, 3 de abril de 2021

Como perseverar na dieta em tempos de pandemia

Para o médico, especialista em emagrecimento, Rodrigo Bomeny, as pessoas devem entender que se trata de um momento excepcional e que não podem se cobrar demais


Perseverar em uma dieta depende de muitos fatores. Um dos que tem mais influência é o aspecto emocional. Não comemos apenas por fome, mas também por ansiedade. A pandemia de Covid-19 é um momento muito complicado nesse sentido, já que a mudança repentina na rotina, causada pelo isolamento e confinamento social e o risco de contaminação e adoecimento, fazem com que as pessoas descontem o estresse e o medo que sentem comendo mais e com menos qualidade do que deveriam.

O médico endocrinologista, especialista em emagrecimento, Rodrigo Bomeny, comenta sobre como emoções, sentimentos, pensamentos e julgamentos interferem no processo de emagrecimento e o que deve ser feito para identificar as situações de gatilho que levam a furos na dieta. As explicações também podem ser encontradas no Você+, método de acompanhamento multidisciplinar desenvolvido por Bomeny que foca no desenvolvimento de 5 níveis considerados essenciais para a mudança do estilo de vida e emagrecimento.

Bomeny pondera que, se por um lado, os efeitos da pandemia geram ansiedade e impelem as pessoas a comerem desregradamente, por outro, justamente por causa do novo coronavírus, é preciso prestar mais atenção no que se ingere. “Ter uma alimentação saudável é essencial para manter a imunidade alta e evitar desenvolver um quadro ruim da doença em caso de infecção”, explica.

Contudo, ao iniciar uma nova dieta em um período tão complicado, seja qual for, deve-se tomar cuidado para que ela não se transforme também em uma fonte de estresse. Afinal de contas, mudar drasticamente um estilo de vida numa época tão atípica talvez não seja algo fácil. É de suma importância nessa hora cuidar de duas qualidades: autoconhecimento, para saber qual estratégia alimentar servirá melhor; e o contato direto com as emoções, para lidar com os “nãos” que será preciso dizer aos outros e a si mesmo.

De acordo com Bomeny, aqueles que sofrem com o efeito sanfona podem ter uma vantagem nessa hora, isto porque já adquiriram uma competência em saber quais dietas funcionam melhor para eles próprios. “Saber analisar o passado é essencial para emagrecer de uma forma saudável em tempos de confinamento, pois evita adotar uma estratégia alimentar que cause sofrimento e seja muito difícil de seguir à risca”, afirma.

O especialista em emagrecimento recomenda que as pessoas entendam que se trata de um momento excepcional na vida de todos. Enclausurados, sem muitas opções de divertimento e escape, muitas pessoas se entretêm por meio da comida. “Dessa maneira, por mais que se tente manter uma rotina no que se refere à alimentação, ela não será a ideal. Aceitar isso contribui para não gerar expectativas irreais”, diz.

Obviamente, segundo Bomeny, isso não significa que ansiedade, tristeza, medo e outros sentimentos negativos não emergirão em um período tão delicado. Sentimentos muito fortes, como ansiedade, por exemplo, são refletidos no corpo, - através de palpitações, tremores, inquietação - mesmo sem que se tenha ciência deles. Quando isso ocorre, ignorar o que se está sentindo ou lutar contra é o pior caminho. Isso faz com que a pessoa continue reagindo a essa ansiedade – alimentando-se compulsivamente, por exemplo – sem entender o porquê. Assim, a melhor saída é refletir e compreender o que está gerando o sentimento ruim e aceitá-lo para poder não repetir as ações que buscam compensá-lo.

“Uma boa estratégia para auxiliar na identificação dos sentimentos negativos e facilitar a luta contra suas consequências é registrá-los em uma espécie de diário”, afirma Bomeny. A pessoa deve inicialmente anotar suas emoções, que são caracterizadas por sensações físicas, como tremedeira, sudorese, dor de cabeça etc. Depois, descrever os sentimentos (medo, tristeza, ansiedade etc.) atrelados a estas respostas fisiológicas.  Sentimentos são elaborações mentais, nomeações das emoções. Em uma fase posterior, buscar entender que tipos de situações desencadearam esses sentimentos.

Recomenda-se ainda anotar os pensamentos que surgem durante essas situações desencadeadoras de sentimentos negativos. Eles costumam gerar outras emoções e sentimentos negativos e também julgamentos e críticas, que  contribuem para que as pessoas desenvolvam hábitos nocivos à saúde, como alimentar-se de maneira compulsiva. Tudo isso deve ser registrado, conforme o médico endocrinologista.

Para aprender a lidar com a autocrítica e os julgamentos alheios, Bomeny sugere que as pessoas abracem suas imperfeições. “Colocar-se na posição de vulnerável é extremamente libertador”, diz. O especialista em emagrecimento relata que muitas pessoas obesas evitam frequentar eventos sociais ou ir à praia por terem medo das opiniões alheias e vergonha do próprio corpo. Nesse sentido, conhecer-se e entender que diversos fatores - problemas hormonais e vivência em um ambiente estressante etc. – favorecem o ganho de peso pode ser a chave para que a pessoa não sofra tanto com que os outros dizem ou pensam sobre ela.

Segundo o médico endocrinologista aceitar-se obeso não é conformar-se com o próprio corpo. A mudança só ocorre de fato quando se aceita a realidade atual. É nesse momento que a pessoa percebe que, apesar de não ser culpada por sua situação, é a grande responsável por tentar sair dela. Desse modo, ela dá um grande passo para agir e modificar hábitos que sabotam o processo de emagrecimento. “Quando a pessoa se dá conta disso, ela torna seu dia mais assertivo, produtivo e feliz”, destaca.

Compreender-se como o principal responsável pela mudança não significa, contudo, que não é preciso buscar ajuda profissional. Muitas vezes, um psicoterapeuta será o único capaz de jogar luz e descontruir padrões pré-determinados, que fazem com que você sabote sua dieta e não consiga a perda de peso e uma vida mais saudável.

 

 

Rodrigo Bomeny - Especialista em emagrecimento, Rodrigo Bomeny é graduado em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP), com residência em clínica médica e em endocrinologia e metabologia pela mesma instituição de ensino.

 

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