De métodos quase futurísticos às
tecnologias mais modernas, as dosagens hormonais evoluíram com o avanço da
medicina diagnóstica e as mulheres foram as mais beneficiadas. Antigamente, até
um simples teste de gravidez era um desafio e tanto.
Na década de 1950, alguns hormônios
presentes em pequenas concentrações no sangue eram muito difíceis de dosar. A
detecção do HCG, hormônio da gravidez, por exemplo, dependia de técnicas não
muito simpáticas chamadas de métodos biológicos. “Colhia-se a urina da mulher e
injetava-se o líquido em animais para avaliar as reações”, conta Mônica Freire,
diretora do laboratório Sérgio Franco.
Em busca da evolução, foram introduzidos
métodos químicos capazes de detectar o produto do metabolismo dos hormônios, os
metabólitos, na urina dos pacientes. “Em vez de dosar o hormônio cortisol, por
exemplo, media-se o produto de sua metabolização”, explica a médica.
A primeira grande evolução nos métodos de dosagem
hormonal aconteceu em 1956, com a descoberta do radioimunoensaio, técnica
utilizada para a quantificação de insulina. “Em vez de dosar apenas os
metabólitos, passamos a medir os próprios hormônios, como insulina, cortisol e
HCG”, relata. Ela é baseada em uma reação imunológica in vitro entre
o antígeno – o próprio hormônio – e um anticorpo marcado com uma
molécula que viabiliza sua leitura. No entanto, esse método tem
dificuldade de execução. “A parte ‘rádio’ de seu nome significa que a reação
contém uma molécula radioativa, cuja fabricação é complexa e
limitada, por isso, seu uso foi sendo
reduzido paulatinamente nas últimas três décadas”, explica a Dra.
Mônica Freire.
Depois, vieram os ensaios por quimioluminescência, um tipo
de reação química que gera energia luminosa e que pode ser medida. Foi o primeiro
método capaz de dosar hormônios que circulam no sangue em concentrações muito
baixas e é o mais utilizado atualmente, junto com o imunoensaio. “Eles são
extremamente sensíveis e capazes de medir apenas o que estamos buscando, sem
interferência de outras substâncias”, afirma a diretora médica do Sérgio Franco.
Por fim, no último degrau dessa evolução
está a espectometria de massa. O nome parece assustador, mas é um método muito
moderno considerado ainda mais sensível e preciso para a detecção de hormônios
em pequenas quantidades no sangue. “Ele é capaz de identificar concentrações
realmente muito baixas e é indicado principalmente para hormônios produzidos
pela glândula adrenal ou pelas glândulas sexuais”, diz Mônica.