Clamídia, hepatites e outras infecções
respondem por até 40% dos casos de infertilidade, mas poderiam ser evitadas ou
tratadas precocemente
Em pleno Julho Amarelo, mês dedicado à
prevenção e ao diagnóstico das hepatites virais, especialistas reforçam um
ponto crucial, mas pouco discutido: as Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs)
estão entre as principais causas evitáveis de infertilidade — e
frequentemente passam despercebidas.
Segundo a Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH),
infecções como clamídia, gonorreia, sífilis e hepatites B e C podem evoluir sem
sintomas claros, provocando inflamações, alterações tubárias, cicatrizes no
útero e comprometimento da qualidade dos espermatozoides. Só a clamídia, por
exemplo, está ligada a até 40% dos casos de infertilidade tubária
em mulheres.
Para o Dr. Marcelo Ferreira, ginecologista
especialista em reprodução assistida da Nilo Frantz Medicina Reprodutiva,
esse cenário revela uma lacuna preocupante na prevenção:
“A maior parte das ISTs com potencial de impactar a fertilidade não
causa sintomas evidentes, mas deixa sequelas anatômicas e funcionais que muitas
vezes só são percebidas anos depois, quando o casal decide ter filhos. Por isso,
é essencial que homens e mulheres tenham uma rotina de exames,
independentemente de estarem tentando engravidar naquele momento”, afirma.
Ele reforça que o Brasil dispõe de ferramentas acessíveis e
eficazes, mas a informação ainda é um obstáculo. “Hoje
temos vacinas altamente seguras para hepatite B e HPV, testagem gratuita pelo
SUS e protocolos de tratamento que reduzem drasticamente o risco de
complicações. O que falta é consciência de que fertilidade também depende de
prevenção, não apenas de intervenções de alta complexidade quando o problema já
está instalado”, explica o médico.
Dados recentes publicados em Junho de 2025 no Journal of Sexual and Reproductive Health mostram que 1 em cada 5 jovens brasileiros não utiliza preservativo em relações casuais, elevando o risco de infecções silenciosas. Além disso, o Ministério da Saúde aponta que cerca de 30% dos adultos ainda não completaram o esquema vacinal contra a hepatite B, o que poderia prevenir uma parcela expressiva dos casos.
Para quem planeja engravidar, o recado é claro: “O ideal é iniciar o pré-natal antes mesmo de engravidar, com uma avaliação completa de ISTs, sorologias, ultrassonografias e atualização vacinal. É um cuidado que faz diferença não só na chance de concepção, mas também na saúde do bebê e da gestação como um todo”, orienta o Dr. Marcelo.
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