A imunização deve ser realizada antes do início da vida sexual. Especialista fala sobre importância da prevenção e riscos da doença
O mês de janeiro
vem para alertar sobre a importância da conscientização contra o câncer do colo
do útero, doença que ocorre em quase 99% dos casos por causa do Papilomavírus
Humano (HPV). A infecção sexualmente transmissível é a mais comum em todo o
mundo, atingindo de forma massiva as mulheres.
Segundo
estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2025 cerca de 17.010
mulheres serão diagnosticadas com câncer do colo do útero no Brasil a cada ano,
o que representa um risco considerado de 13,25 a cada 100 mil casos. Vale
lembrar ainda que a doença é o terceiro tipo de câncer que mais afeta o público
feminino, por isso, é muito importante que o diagnóstico seja feito o quanto
antes para o início do tratamento.
Diversos
especialistas acreditam que na pandemia as medidas restritivas impostas para
evitar o aumento do contágio pela covid-19, assim como o fechamento das
escolas, pode ter impactado em uma menor procura pela vacinação contra o HPV,
uma vez que muitas das campanhas são realizadas nas instituições de ensino.
Apesar da pandemia,
é importante reforçar que a cobertura vacinal contra o HPV é considerada
insatisfatória há algum tempo. As entidades de saúde consideram ideal que as
taxas sejam de 80% tanto para as meninas, quanto para os meninos. Mas, a
realidade é outra: no Acre, apenas 33,6% do público-alvo está vacinado, no Rio
Grande do Norte, 46,2%, Pará, 43,9%, Rio de Janeiro, 44,6%, Santa Catarina,
65,2%, Minas Gerais, 66,8% e Paraná com 72,7%.
A vacina é oferecida nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) de todo o Brasil para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos. Segundo o Ministério da Saúde, 75% das brasileiras sexualmente ativas entrarão em contato com o HPV ao longo da vida, sendo que o ápice da transmissão do vírus se dá na faixa dos 25 anos. Após o contágio, ao menos 5% delas irão desenvolver câncer de colo do útero em um prazo de dois a dez anos.
"Geralmente,
a infecção genital por HPV é bastante frequente e, na maioria dos casos, é
assintomática e autolimitada, ou seja, até os 30 anos de idade grande parte das
mulheres tem a infecção resolvida. Mas, quando ocorre a persistência do vírus
nas células do colo do útero, elas podem avançar para o desenvolvimento de
câncer", comenta Marcela Bonalumi, oncologista da Oncoclínicas São Paulo.
De olho na
prevenção
Diante dessa
realidade, é importante reforçar que a ferramenta essencial na luta contra o
câncer do colo do útero é a vacinação contra o HPV. "A imunização pode
prevenir também o câncer de vulva, ânus e vagina nas mulheres e de pênis nos
homens. Por isso, o ideal é que esse cuidado ocorra antes do início da vida
sexual, evitando assim que haja uma exposição ao vírus".
Além da vacinação,
que é considerada uma prevenção primária, é importante realizar os exames de
rotina ginecológica, como o Papanicolau (anualmente e depois a cada três anos),
dos 25 aos 64 anos de idade. "Ele é muito importante para identificar
lesões pré-cancerosas e agir rapidamente contra o câncer do colo do
útero", alerta Marcela. Vale lembrar ainda que os exames devem ser feitos
mesmo se a mulher for vacinada contra o HPV, pois o imunizante não protege
contra todos os tipos oncogênicos da doença.
Primeiros
sinais
A doença em
estágios iniciais é assintomática, mas a dor na relação sexual ou sangramento
vaginal pode estar presente. Por isso, é muito importante o rastreamento com o
exame Papanicolau de rotina.
No entanto, se a
doença estiver mais avançada, pode ser que a paciente tenha anemia - devido a
perda de sangue - dores nas pernas e costas, problemas urinários ou intestinais
e perda de peso não justificada. "Geralmente, os sangramentos acontecem
durante a relação sexual, mulheres que já estão na menopausa ou ainda fora do
período menstrual. Por isso, é muito importante buscar pelo aconselhamento de
um especialista", orienta a oncologista.
Diagnóstico
da doença em estágio inicial aumenta chances de sucesso no tratamento
A oncologista da
Oncoclínicas São Paulo explica que podem ser realizadas cirurgias, radioterapia
e/ou quimioterapia. "Na cirurgia, ocorre a retirada do tumor, ou ainda do
útero quando necessário. Quando a doença apresenta estágios mais avançados, são
realizadas sessões de radioterapia e quimioterapia", comenta Marcela
Bonalumi.
Apesar da doença
ser bastante silenciosa, quando descoberta precocemente pode haver uma redução de
até 80% na mortalidade pelo câncer do colo do útero. "Muitas mulheres não
descobrem na fase inicial. Sempre aconselho as pacientes a realizarem
periodicamente seus exames de rotina, como o Papanicolau. Além disso, é
fundamental que sejam consumidas informações de qualidade, sendo essa uma das
principais aliadas ao combate do HPV", finaliza.
www.grupooncoclinicas.com
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